quarta-feira, 23 de novembro de 2011

AGÊNCIAS BANCÁRIAS SUPERLOTADAS

por Jacylene S. Barbosa
A super lotação nas agências bancárias é uma realidade em Altamira há alguns anos. Com base nessa problemática a redação do Jorge (Jornal da Geografia), procurou o gerente de uma das agências para mais informações a respeito das medidas que estão sendo tomadas. O gerente da agência Caixa Econômica Federal de Altamira, José Antônio foi inquirido sobre como a agência bancaria está se preparando em relação ao grande fluxo de pessoas que necessitam das agências.
Um problema antigo
Segundo José Antônio, “antes mesmo do empreendimento UHE Belo Monte’’, o banco já enfrentava problemas, fato que teria se agravado com a instalação do empreendimento. O gerente reconhece que a ‘’Caixa Econômica Federal não tem estrutura física suficiente para agregar a todos”.
Algumas soluções
O gerente do banco afirma que o banco criou alternativas “para melhorar o acesso do cliente com a agência”, como por exemplo, o serviço “Caixa Aqui” onde algumas lojas associadas fazem serviços bancários, além de três lotéricas que fazem os serviços bancários e mais dois caixas eletrônicos. Mesmo
com esses serviços, José Antônio reconhece que “ainda não está sendo suficiente para melhorar o atendimento”.
Sobrecarga regional
Uma das justificativas apresentadas pelo gerente da sobrecarga dos serviços na agência de Altamira é o atendimento feito aos municípios que não fazem parte da sua área de abrangência como é o caso dos municípios de Placas e Pacajá, que seriam responsabilidade de Santarém ou Itaituba.
Projetos de Novas Agências
Visando suprir as demandas existentes, a superintendência do Caixa Econômica Federal no Estado tem projetos que visam aumentar o número de agencias mais 45 agências até o final de 2012 ou 2015, uma das cidades contempladas com uma nova agência deve ser a cidade de Uruará com a implantação até o final de 2012. José Antônio, afirma ainda que encontra-se em estudo a abertura de uma agência em Vitoria do Xingu que teria como objetivo melhorar diminuir o fluxo na agência de Altamira, melhorando o atendimento da população de Altamira.
Uma nova agência em Altamira
Em 2010 foi estudado um projeto para abertura de uma nova agência em Altamira que ficaria localizada na Av.Djalma Dutra próximo a Delta Veículos.
Sobre a criação de uma nova agência da Caixa Econômica em Altamira, o gerente da caixa Econômica, afirma que “em junho foi fechado com uma terceira empresa onde o processo já se encontra em andamento e ainda
neste mês receberemos a presença do nosso superintendente para abertura da construção dessa nova agência”.
Alternativas de Atendimento
Segundo a opinião de José Antônio, “parte da população ainda tem uma cultura ou hábito de ir direto a agência da Caixa Econômica para realizar um saque, deposito pagamento de conta, etc. Sendo que todos esses serviços são realizados nos correspondentes e lotéricas da caixa econômica o que facilitaria bastante o
atendimento na agência.”
O outro lado da História: os correntistas
Segundo Cristiane Alves Calasco, correntista da Caixa Econômica Federal, o atendimento nas agências bancárias “tem que ser melhorado, pois o espaço é insuficiente”.
Cristiane diz que muitas vezes os clientes procuram a ajuda de estranhos por falta de profissional para orientá-los. Quando questionada sobre o tempo de espera nas agências a entrevistada diz considerar insatisfatório e que por várias ocasiões extrapolou o tempo de espera e “não obteve nenhum respaldo por parte da agência’’. Ela diz saber que existe uma lei que regulamenta o tempo de espera nas agências bancárias, mas que não estaria sendo cumprida. Sobre a greve bancária a cliente apresenta dupla opinião. “Não concordo por que os clientes saem prejudicados, pois deles não têm culpa pelo fato dos profissionais não serem reconhecido pelo seu trabalho .Por outro lado, concordo, pois eles tem que lutar por melhoria só estão fazendo valer seus direitos, mais acredito que poderia ser resolvido em meio a uma reunião de um ou
dois dias não uma greve para que não complicasse ainda mais a vida dos correntistas”.
Cristiane acredita que para melhorar o atendimento seria necessário organização no quadro profissional, qualificar os colaboradores das agências e principalmente ampliar o espaço físico das mesmas. Segundo ela, o número de agências é muito pequeno quando considerado o número de usuários, principalmente agora com a implantação da UHE Belo Monte.
Comentando...
Enquanto não se tem uma data definida para a resolução do problema, em Altamira os usuários enfrentam as filas e a demora no atendimento, seja na própria agência ou nas casas lotéricas. E mesmo quando não existem filas, como no caso dos finais de semana, o usuário poderá se deparar com problemas no mínimo constrangedores como a impossibilidade de saque nos caixas eletrônicos ou não realização de operações simples, por exemplo, o depósito.
Aqueles que se sentirem lesados em seus direitos como consumidores e cidadãos podem ligar para o SAC dos bancos ou ainda procurarem o Ministério Público.

O DESENVOLVIMENTO EM QUESTÃO –COMO ESTA IDÉIA PERMEIA O IMAGINÁRIO SOCIAL DE ALTAMIRA E REGIÃO

por Dra. Ivonete Coutinho (profa. da Faculdade de Letras)

Desde a década de sessenta quando o Governo Federal instaurou a operação Amazônica, cujo objetivo era integrar a região ao restante do país a fim de desenvolver o seu potencial econômico, que a premissa do desenvolvimento vem dando suporte às estratégias políticas e aos projetos socioeconômicos voltados para essa rica região Amazônica. E no que se refere ao estado do Pará destaca-se os consecutivos ciclos econômicos que marcaram/marcam a sua história, desde a exploração da borracha nas décadas de quarenta a cinquenta aos atuais projetos hidrelétricos como as usinas de Tucuruí e recentemente a UHE Belo Monte no rio Xingu.
Neste contexto observa-se a atual conjuntura do município de Altamira e região, aonde a palavra desenvolvimento vem tomando conta dos diversos discursos seja, no âmbito governamental , empresarial e também de grande parte da população: “desenvolvimento”- como ideia de liberdade e crescimento para todos. O desenvolvimento se constitui como uma espécie de crença compartilhada por todos, mesmo que esta crença incite uma série de práticas, em muitos casos, contraditórias, conforme mostram alguns estudos.
Para o Governo as práticas que levam ao desenvolvimento, quase sempre não correspondem às expectativas e as necessidades da população, apesar do discurso implementa do em prol do desenvolvimento se apresente como tentativa planificada racionalmente de melhorar a qualidade de vida da população.
Para os empresários o desenvolvimento está intrinsecamente ligado ao crescimento industrial, tecnológico e econômico, observando que este modelo de desenvolvimento se sustenta na tecnologia do consumo e na exploração dos recursos naturais de forma irracional e desumana em detrimento ao avanço capitalista.
A população em geral também almeja por desenvolvimento, entendido como sinônimo de melhor qualidade de vida e crescimento social. Das pessoas mais comuns aos mais “entendidos”, todos concebem o desenvolvimento como algo propício ao maior acesso a educação, a saúde, ao lazer, a moradia, aos bens de consumo, de modo a contribuir para o bem estar individual e social, a felicidade e a liberdade tão almejada por todas as pessoas.
No entanto, o que se vê ao longo da história socioeconômica da Amazônia é que os diversos projetos que foram empreendidos em nome do desenvolvimento dessa região, não passaram de ciclos econômicos efêmeros, anunciados por setores governamentais, grupos políticos e financeiros os quais veem a região Amazônica como fonte promissora de recursos naturais, propícia de ampliação de seus negócios, sejam de âmbito político ou financeiro. Enquanto isso, a população em geral usufrui pouco das prerrogativas anunciadas para implantação dos projetos desenvolvimentistas e que na maioria das vezes é quem sofre as maiores consequências e os danos provocados pelas estratégias e políticas de desenvolvimento.
Diante desta conjuntura, podemos nos perguntar qual o sentido de desenvolvimento que permeia o imaginário de Altamira no contexto atual? Ressaltando que o imaginário social alimenta tudo o que se faz ou se pensa e vem precedido pelas significações que essa sociedade produz e reproduz através dos aparelhos ideológicos do Estado, conforme argumenta Louis Althusser.
Na esteira dessa discussão questionamos como o povo dessa região está digerindo ou participando do processo desenvolvimentista proclamado para a construção de UHE Belo Monte, que por sua vez está sendo sobreposto pela discussão política para divisão do Estado do Pará? Claro, tudo em nome do desenvolvimento! E que imaginário social está sendo produzido para sustentar tal concepção de desenvolvimento?
Dar para se imaginar...
Profa. Ivonete Coutinho
Faculdade de Letras

NOVAS INSTALAÇÕES DA FACULDADE DE GEOGRAFIA

Desde setembro a Faculdade de Geografia, ganhou “novos espaços”, ocupando o prédio que antes pertencia Faculdade de Biologia. Agora a Faculdade conta com, por exemplo, com espaço onde será montado o Laboratório de Ciências da Terra, com o objetivo de auxiliar práticas de pedologia, geologia, geomorfologia e climatologia.
Em outro cômodo localizado na área central do prédio encontrasse a Secretaria da Faculdade. As demais salas abrigam os professores da Faculdade, bolsistas e estagiários que fazem parte de projetos de pesquisa e extensão.
As salas onde antes funcionava a Faculdade de Geografia estão sendo utilizadas por quatro professores da Faculdade de Geografia, onde desenvolvem seus projetos de pesquisa e extensão. Os professores que ainda se encontram no antigo endereço da faculdade são: prof. José Antônio Herrera, prof. José Antônio Magalhães Marinho, prof. Me. Adolfo Neto. No local onde funcionava o Laboratório de Informática agora é o Laboratório de Geoprocessamento, coordenado pelo prof. Eder Mileno de Paula.
A coordenadora da Faculdade de Geografia, profa. Rita Denize de Oliveira avalia como positiva e merecida a conquista de novos espaço para a Faculdade, uma vez que esta possui inúmeros projetos de extensão e pesquisa e além dos seus 11 (onze) professores conta com mais de 10 (dez) bolsistas de extensão e pesquisa
remunerados, e mais 30 (trinta) bolsistas voluntários lotados em projetos de pesquisa.
A coordenadora avalia que esta não é uma situação permanente e que a Faculdade de Geografia está contando com a construção do prédio novo no Campus II.
Segundo a avaliação de professores da Faculdade, a construção do novo prédio resultará não só numa melhor acomodação para alunos e professores como também contribuirá para o aumento de produtividade dos mesmos com espaços adequados a suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Fim de relacionamento?

Parece que a ‘’lua de mel’’, entre a “elite estrangeira’’ e a ‘’elite local’’ anda estremecida. A elite local parece muito decepcionada com as promessas que os responsáveis pela UHB não estariam cumprindo. Será mais um relacionamento que chega ao fim ou será possível o casal reatar?

Pesquisa sobre o lazer da população de Altamira

por Luiz Fernando Roscoche

Começou no dia 26 de setembro a pesquisa de “Caracterização do Lazer da População local de Altamira”. Segundo o coordenador da pesquisa, Luiz Fernando Roscoche, o objetivo da pesquisa é saber que tipo de atividades de lazer são praticadas pelos habitantes de Altamira. “Queremos saber quais são essas atividades, onde e como ocorrem e qual a opinião dos entrevistados em relação aos equipamentos e serviços ligados a área de lazer em Altamira”.
Segundo alguns levantamentos já realizados, foi constatado que os balneários é um dos principais tipos de lazer da população local de Altamira. Mas como já foi constatado pelo Relatório de Impacto Ambiental, com a instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, as praias que hoje são visitadas no período do verão, ficaram permanentemente submersas, impedindo assim que a população usufrua desses locais de lazer. Desaparecendo essa opção de lazer outras devem surgir em seu lugar. Pensando dessa forma tal demanda
não só afetará o poder público local como também a iniciativa privada que serão chamadas a equalizar e propor soluções para tal processo.
Os pesquisadores
O coordenador da pesquisa, o prof. Luiz Fernando Roscoche, destaca que a pesquisa só é possível graças aos esforços voluntários dos acadêmicos do curso de geografia, uma vez que a pesquisa não possui recursos próprios.
Os acadêmicos do curso de Licenciatura em Geografia da Faculdade de Geografia compõe a equipe de pesquisa, são eles: Angélica Azevedo de Matos; Eunice Pessoa de Souza França; Katiane Araújo Souza; Lucilma Braga Castro; Marcelo da Silva Barbosa; Maria do Livramento Cordeiro de Miranda; Patrícia Barbosa Nunes; Taiane de Cassia Costa; Tháis. O professor ressalta a importância de que a população receba os acadêmicos em suas residências e que respondam as questões, pois tais dados embasaram não só estudos científicos como também poderão servir de base para tomada de decisões seja na esfera pública ou privada.
O setor de construção civil não para de crescer em Altamira e as lojas de materiais de construção comemoram as vendas. Porém, não é raro encontrar construções sem a fiscalização dos órgãos competentes. Tal prática pode pôr em risco a vida de muitas pessoas que ocuparão esses novos locais.

Expansão do Campus da UFPA em Altamira

Expansão do Campus da UFPA em Altamira
Técnicos e professores do Campus de Altamira estiveram reunidos no dia 29 de setembro, para discutir a expansão do campus. A viabilização de tal ação se dará através de recursos de aproximadamente três milhões de reais que será utilizado para consolidação dos cursos já existentes, aperfeiçoamento das ofertas do Reuni, criação de novos cursos, contratação de docentes e técnicos e melhoria da infraestrutura do Campus.

Em campo...

Aconteceu no dia 01 de outubro, uma pesquisa de Campo, tendo como destino a Vila Santo Antônio (aproximadamente 60 km de Altamira) e contou com a participação de alunos e professores do curso de Geografia. O trabalho de campo é uma das ações do projeto de Extensão do Museu Digital, coordenado pela profª. Msc. Rita Denize de Oliveira.

FATOS EM FOTOS

Parabéns aos órgãos competentes pela ótima manutenção das vias públicas em Altamira. O trecho em questão é Rua José Marinho no Bairro Jardim Oriente. A lama e a poeira prejudicam a população e os buracos (alguns com mais de 30 cm de profundidade) podem provocar acidentes e danificar veículos. Quem paga esse prejuízo?

Debate

No dia 21 de setembro de 2011 aconteceu o debate no auditório da UFPA com o tema Desvendando Relações entre Estado, Sociedade e Território, tendo como palestrante o Dr. Aquiles Vasconcelos Simões (UFPA/NCADR) e como debatedor o Msc. José Antonio Herrera (UFPA/FACGEO). O evento contou com um grande público, foi considerado muito produtivo, estimulando o debate entre os presentes.

Exercício de democracia

Exercício de democracia
Concorreram para a direção do Centro Acadêmico de Geografia, a Chapa 1, intitulada “O tempo não para’’ e a Chapa 2, “Integrar para avançar’’. Depois de uma ampla campanha e um debate no dia 5 de outubro (que lotou o auditório da Engenharia Florestal), aconteceu no dia 7 de outubro a eleição da nova direção do ecntro acadêmico da Faculdade de Geografia. A Chapa 1 sagrou-se vencedora com 53 votos, contra 37 votos da Chapa 2.

Prefeitura de Altamira recorre ao MPF para suspensão da licença de Belo Monte

Segundo noticia publicada no dia 28/09/2011 no site da Procuradoria da República do Pará, o Ministério Público Federal recebeu ofício enviado pela prefeitura, vereadores, mais de quarenta sindicatos, associações empresariais e de moradores, solicitando a suspensão imediata da referida licença (de instalação), uma vez que as condicionantes não estariam sendo cumpridas.
Ainda segundo o documento as promessas feitas pelo então presidente da República em junho de 2010 em sua passagem por Altamira, se tornaram na prática “penosas frustrações, como mais pobreza, insegurança e caos social”. “Os estudos preliminares ao empreendimento criaram um sonho de uma Altamira de primeiro mundo, com infraestrutura urbana e saneamento nunca antes imaginada por nossa sociedade. Não pode agora a nossa população ver transformado este sonho em pesadelo, e passar a acreditar que essa obra só veio para agredir o meio ambiente e trazer miséria para a já sofrida população de Altamira”, acrescenta o documento.
Entre os argumentos do documento estariam as promessas não cumpridas como a construção de escolas, postos de saúde, sistema de abastecimento de água e esgoto, melhorias urbanas e o treinamento e contratação de mão de obra local. Em vez disso, diz a prefeitura, “o Consórcio Construtor de Belo Monte está importando mão de obra indiscriminadamente”. Ainda segundo o município, a situação é “caótica”: a demanda por vagas em sala de aula aumentou e os hospitais da cidade e dos municípios vizinhos não têm capacidade física para atender a população.
Segundo o Ministério Público Federal teria alertado o Ibama e a Justiça Federal que permitir o início das obras sem exigir o cumprimento das condicionantes era abrir a porta para o caos na região. O MPF lembra que teria avisado que tais acontecimentos aconteceriam, haja vista, situações semelhantes acompanhadas pelo órgão no Estado. O MPF explica: “uma vez que a licença é concedida, dificilmente o empreendedor se compromete com as necessidades dos atingidos. Se o Ibama não exige as compensações previamente, elas não saem do papel. E depois que as obras começaram ninguém se importa mais com o sofrimento de quem está pelo caminho...”, lamenta Ubiratan Cazetta, procurador-chefe da Procuradoria da República no Pará.
Ubitaram Cazeta avalia que “...a situação está muito grave, porque de modo geral os políticos da região sempre foram favoráveis à obra de Belo Monte, apoiando mesmo as licenças concedidas sem embasamento técnico, por acreditarem que o projeto traria melhorias para a população, apesar dos graves impactos. O que o MPF sempre sustentou e agora se confirma é que não podemos atropelar as normas do licenciamento sob pena de causar o caos social e desastres ambientais”, diz o procurador Cláudio Terre do Amaral, que atua em Altamira.

Academia Altamirense de Letras

No dia 30 de setembro de 2011 aconteceu na Casa da Cultura a sessão magna de posse dos membros da Academia Altamirense de Letras a qual tem como patrono Dom Eurico Krautler. No evento foi empossado 21 escritores das 40 cadeiras disponíveis. O evento foi presidido por Sérgio Pandolfo, médico escritor representando a academia interiorana literária paraense o qual empossou os acadêmicos, entre eles o prof. Msc. Paulo Jorge e prof. Msc. João de Jesus ambos os professores da UFPA.

Os fichas sujas estarão de volta em 2012

Os fichas sujas estarão de volta em 2012
A lei da ficha limpa corre o risco de não valer nas eleições municipais de 2012 e nem nas que vierem depois. Em março o Supremo Tribunal Federal decidiu por 6 votos a 5 que a norma não teria validade para a eleição de 2010 porque foi aprovada com menos de um ano de antecedência ao processo eleitoral. Há uma regra na Constituição Federal segundo a qual modificações desse tipo têm de ser feitas pelo menos um ano antes. Ainda entrará em debate se as regras da lei estiverem ou não de acordo com a Constituição Federal um exemplo é (inelegibilidade do político) antes de uma condenação definitiva da justiça. Em 23 de março de 2011, o STF decide que a lei da Ficha limpa entra em vigor somente a partir das eleições de 2012. Por mais que tenha ocorrido a sanção presidencial ainda corre o risco de não valer na próxima eleição. Uma vez que ainda estão sendo avaliadas e julgadas as regras para saber se vai valer ou não. (Fonte: Fatos Regionais).

Linguagem Regional agora é patrimônio cultural do Estado do Pará

Linguagem Regional agora é patrimônio cultural do Estado do Pará
A Assembleia Legislativa do Estado do Pará publicou em Diário Oficial (Nº. 32008 de 28/09/2011) a lei n°
7.548, de 12 de setembro de 2011 que declara como integrante do patrimônio Cultural de natureza imaterial do Estado do Pará, a linguagem regional. Segundo a lei as palavras que farão parte desse patrimônio imaterial são: pai d' égua (que significa excelente); égua – (vírgula do paraense, demonstra a emoção de cada intenção da frase); “é-gu-a” – (poxa vida); levou o farelo – (se deu mal); pitiú – (cheiro de característica do peixe); só-te-digo-vai! – (expressão usada pelas mães pra chamar atenção dos filhos,
quando não às obedecem); te acoca – (te abaixa); tuíra – (pele ressecada); mas-como então? – (explique-me); bora logo! – (se apresse).

Greve nas Escolas Estaduais

Greve nas Escolas Estaduais
por Jeane Freitas
No dia 05 de outubro professores e alunos de escolas estaduais, percorreram as principais ruas da cidade de Altamira em protesto ao piso salarial pago pelo governo que estaria abaixo do que é estipulado pelo MEC.
Segundo o prof. Ênnyo Max, por lei, os professores deveriam receber um piso estipulado pelo MEC de R$ 1.180,00 e não R$1.080,00 como ocorre atualmente no Estado. O professor considera que “os professores estão cumprindo suas obrigações, porém, estão recebendo menos do que deveriam ”. Ressalta que “a greve só terá fim quando o governo atenderas exigências abordadas, mesmo porque, a greve não é só local, em todo o Estado acontece a mesma reivindicação”.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Congresso do Brasil está entre os mais caros do mundo

veja estudo completo no seguinte endereço: http://www.transparencia.org.br/docs/parlamentos.pdf

por Congresso em Foco 27/06/2007 15:32

Um novo estudo da ONG Transparência Brasil sobre os custos do Poder Legislativo mostra preocupantes números sobre o parlamento brasileiro. Para financiar o Congresso Nacional, os brasileiros desembolsam valores superiores a outros 11 países pesquisados na América Latina, na Europa …

Um novo estudo da ONG Transparência Brasil sobre os custos do Poder Legislativo mostra preocupantes números sobre o parlamento brasileiro. Para financiar o Congresso Nacional, os brasileiros desembolsam valores superiores a outros 11 países pesquisados na América Latina, na Europa e na América do Norte.

* Congresso custa ao brasileiro R$ 32 por ano

De acordo com o estudo da Transparência Brasil, em termos absolutos, o orçamento destinado à Câmara e ao Senado só perde para o dos EUA. Entretanto, comparações com o PIB per capita e com o salário mínimo local mostram que o Congresso brasileiro é muito mais caro ou, pelo menos, está entre os mais onerosos do mundo.

Hoje, o orçamento da Câmara e do Senado tupininquim é de R$ 6,09 bilhões por ano. Menor apenas que o dos EUA, de R$ 8,17 bilhões. A cifra representa R$ 32,64 por habitante, ou 0,18% do PIB per capita. Em segundo lugar, vem a Itália, cujo parlamento custa 0,11% do PIB por cabeça. Nos EUA, essa relação é de 0,03%.

Quando se olha apenas o custo por habitante, o Brasil fica em terceiro lugar (R$ 32,64), atrás de Itália (R$ 64,46) e França (R$ 34,00). Entretanto, nesse quesito, a Câmara e o Senado local custam mais que os parlamentos de Espanha (R$ 28,87) e EUA (R$ 27,00).

Dobro
A Transparência Brasil comparou o custo de cada parlamentar em salários mínimos. Novamente, o congresso brasileiro desponta nos gastos. Cada deputado e senador custa 2.068 salários mínimos por ano. O valor é mais que o dobro observado no México. Em segundo lugar, estão os parlamentares mexicanos, com 911 salários mínimos anuais. Na Argentina – que tem um salário mínimo semelhante ao brasileiro –, o custo é de 264 mínimos por ano.

Foi feito um cruzamento ainda entre o custo do Congresso inteiro por habitante e o salário mínimo. A Câmara e o Senado estão à frente mais uma vez. Todo os anos, cada cidadão brasileiro paga 0,66% do salário mínimo recebido durante doze meses. Em segundo lugar, o México, com índice de 0,54%, e, em seguida, a Itália, com 0,23%.


Fora da realidade
Para o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, os parlamentares brasileiros estão descolados da realidade nacional. “O presente levantamento reforça a percepção de que os integrantes das Casas legislativas brasileiras perderam a noção de proporção entre o que fazem e o país em que vivem”, disse ele, na apresentação do trabalho.

A ONG pesquisou os orçamentos de 11 países estrangeiros. Foram seis da Europa – Alemanha, Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália e Portugal –, três da América Latina – Argentina, México e Chile – e dois da América do Norte – Estados Unidos e Canadá.

De acordo com o coordenador do estudo, Marcelo Soares, se o parlamento brasileiro tivesse os padrões de custo dos países europeus e do Canadá, poderia ter mais de 2 mil senadores e deputados, em vez dos atuais 594.


PRINCIPAIS RESULTADOS
Custo absoluto
EUA ……… R$ 8,17 bilhões
Brasil ……. R$ 6,09 bilhões

Custo por habitante
Itália …… R$ 64,46
França …. R$ 34,00
Brasil …… R$ 32,64

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Os sinais do caos

O que deveria melhorar o trânsito em alguns lugares, esta provocando congestionamentos. As filas da Rua Pedro Gomes impedem o tráfego da Rua Primeiro de Janeiro. Já em outros pontos os motoristas "ficam vendo o vento passar", principalmente nos fins de semana.

RAPIDINHA

Quem disse que a UHB não traria benéficos para a cidade? Os donos dos imóveis estão enchendo o bolso com alugueis cada vez mais altos. Aqueles que não conseguem pagar estão se mudando para lugares mais baratos ou até mesmo se mudando de Altamira, como muitos funcionários públicos. Preços de itens como alimentação e vestuários também sobem a cada dia, onerando principalmente a população mais pobre. Em troca dos empregos de baixa remuneração a população local ganhou o aumento do custo de vida, violência, superlotação de serviços públicos, etc.

DESGOVERNO FEDERAL NO ENSINO SUPERIOR

por Luiz Fernando Roscoche

O “milagre do crescimento” do Governo Lula, começa a ganhar contornos de cenas de pesadelo no vermelho das finanças. Os rombos orçamentários começam a mostrar suas marcas na mesma proporção que evidenciam escândalos sucessivos de corrupção.
No ensino superior os cortes começaram cedo, em 2009 o projeto de Lei Complementar nº 549/2009 que limita os salários e os gastos com dos servidores federais até 2019, ou em outras palavras, congelamento salarial.
Se o governo corta de um lado, por outro ele é bem generoso com seus “companheiros”. Para quem não lembra, em dezembro de 2010 os deputados e senadores aprovaram os reajustes nos salários deles e também do presidente, do vice-presidente da República e dos ministros de Estado. Os reajustes variavam de 62% a 140%. Em fevereiro de 2011 o governo anuncia um corte de R$ 3,1 bilhões no orçamento do governo federal para a educação.
Além disso, a Medida Provisória (MP) 520 do Governo Federal, entre outras coisas propunha a privatizava os hospitais universitários, suspende a realização de concursos públicos e leva a cabo uma série de medidas que atentam contra o interesse dos cidadãos. Nesta mesma linha de raciocínio, que preconiza o corte de gastos e ao mesmo tempo fragiliza e deprecia a qualidade da educação no ensino superior, aprovou-se no Congresso Nacional a Medida Provisória 525, que autoriza a admissão de professores temporários nas universidades federais.
Mas alguns podem alegar que “nunca na história desse país” ouve tantas vagas nas instituições federais de ensino, porém, matéria publicada na Revista Época ( ) relata que “...os novos cursos estão funcionando com laboratórios sem equipamento, em lugares improvisados e com professores voluntários.” A
mágica da multiplicação das universidades é bem simples, pois das 14 universidades anunciadas, apenas 4 eram realmente novas e as demais eram polos de universidades já existentes que ganharam reitoria própria. A eficácia dessas medidas são extremamente contestáveis, pois a criação de vagas não foi acompanhada na mesma proporção do número de egressos do ensino superior, em outras palavras, os alunos entraram nas universidades mas acabaram desistindo ou abandonando seus cursos. Segundo dados do Ministério da Educação, em 2006 foram criadas 141 mil vagas e formaram-se 83 mil estudantes. Já em 2009 foram criadas 208 mil vagas e apenas 91 se formaram. Enquanto houve um aumento de 47% no número de vagas, o crescimento percentual de formandos aumentou apenas 9%.
Ainda segundo a Revista Época, para diminuir os custos do ensino superior, uma das estratégias adotadas pelo Ministério da Educação é o aumento de proporção de números de alunos por professor que era de um professor para cada 11 alunos e deve aumentar para 18 alunos por professor. Enquanto aumentam a carga de trabalho dos professores, as universidades têm passe livre para gastar no aluguel e na adaptação de espaços provisórios, que serão devolvidos a seus proprietários.
Alguns defendem que as universidades públicas são ineficientes e que devem ser privatizadas. Segundo os pesquisadores Euripedes Falcão Vieira e Marcelo Milano Falcão Vieira, as Universidades Federais representam atualmente menos de 5% do universo das Instituições de Ensino Superior no Brasil, e são responsáveis por 60% da produção científica nacional. A instituições de ensino superior privadas, que são maioria em nosso país possuem pouco ou nenhum interesse em desenvolver pesquisas e projetos de extensão sem fins lucrativos, ao contrário das instituições públicas de ensino.
Talvez ao final desse artigo o leitor entenda um pouco das razões da greve de funcionários e professores de mais de 47 universidades federais que permaneceram mais de 60 dias acampados em Brasília e que reivindicavam por aumento do piso salarial, garantia de isonomia salarial entre funcionários da ativa e os aposentados, progressão de níveis de carreira sem distorções, luta contra o congelamento salarial e entre outras reivindicações.
É lamentável verificar a letargia em relação a discussão das problemáticas que afligem o ensino superior em nosso país. A luta por um ensino superior ensino público, gratuito e de qualidade não deveria se restringir apenas aos professores, funcionários ou alunos, mas de toda sociedade que tem esperanças de um dia ter acesso a esse nível de ensino.

*Prof. Msc. Luiz Fernando Roscoche

Pesquisa sobre a Divisão do Estado

Pesquisa realizada pelos alunos do Prof. ME. Eder Mileno e alunos buscou saber qual era a opinião das pessoas em relação à divisão do Estado. Foram entrevistadas 44 pessoas da Universidade Federal do Pará.
Pessoas indecisas
O numero de pessoas indecisas que foram pesquisas equivale a 19% do total de entrevistados. Essa pessoa justifica sua indecisão por entenderem que poderia haver um melhor esclarecimento do tema para que assim pudesse conhecer e ter um aprimoramento em seus argumentos não só políticos mais também crítico e técnico cientifico que fundamente a opinião .
Pessoas a favor
O numero de pessoas a favor que foram pesquisadas equivale a 15% do total de entrevistados. O argumento é que coma divisão do estado facilitaria a assistência publica e administrativa, pois com a dimensão do estado se torna impossível fazer uma política publica adequada. Segundo os entrevistados, quem sofre com isso é a população. A infra estrutura, segundo eles, melhoraria e surgiria mais três esferas políticas
Pessoas contra
O numero de pessoas contra que foram pesquisadas equivale a 66% do total de entrevistados. O argumento de maior destaque entre os entrevistados é de que essa divisão é meramente mais uma forma de reforçar as oligarquias locais , onde a população que seria a mais interessada pouco ganharia com isso. Segundo o público pesquisado, um dos estados (Carajás) seria mais beneficiado pelo fato de que na região o qual pertence está concentrado o setor de mineração. A arrecadação que hoje é somente para um estado (Pará) seria dividida com mais dois o que poderia ser ponto negativo e ao invés de dividir arrecadação do estado poderia apenas utilizar melhor o recursos ,onde poderia apenas ser melhor utilizada .
Nível de informação
Os entrevistados quando questionados sobre sua opinião em relação ao nível de conhecimento em relação ao assunto, 59% disseram ter pouco conhecimento, 32% um bom conhecimento e 9% disseram ter excelente nível de conhecimento sobre a temática. Vale lembrar que a pesquisa foi aplicada em um ambiente acadêmico, o que agrava ainda mais a situação e nos faz questionar qual será o nível de conhecimento da população em geral sobre o assunto.
Fonte de informação
Quando questionados sobre qual o meio de comunicação pelo qual obteve as informações a respeito da temática, 71% diz o terem pela televisão; 18% pela internet e 11% por outros meios como jornal, rádio, etc. Interessante observar a maioria da população (59%) diz possuir pouco conhecimento em relação ao assunto e que essa informação geralmente é obtida pela TV (71%).

SINAIS.....*

Na ficção produzida em Hollywood quando os ETs (Extras Terrestres) resolveram invadir e ocupar a América do Norte, a primeira ação realizada foi enviar “Sinais”. No filme, os sinais deixados nas plantações de monocultivos indicavam que o momento do ataque estava próximo. Sem condições de dialogo e resistência os moradores do lugar foram pressionados e submetidos ao terror, sendo enclausurados enquanto oseu território era ocupado. A situação narrada no filme parece ser impossível, mas, infelizmente, não é! A cena é reproduzida em 2011, não nos EUA e sob a direção de Shyamalan, mas aqui à margem do rio Xingu e sob a direção de alguns ETs - Ex-Trabalhadores que estimulam e incentivam outros ETs – Expropriadores de Terras, Exploradores de Trabalhadores, enfim, Especialistas em Torturas que se apropriam do espaço e mudam nosso modus vivendi. Torturas sentidas pela população que não tem suas necessidades atendidas, que são colocadas em precárias condições sociais, por conta da exclusão e espoliação que sofrem. Segundo os ETs essas situações são as “dores do desenvolvimento”, mas... Que Desenvolvimento? A custa de quem? E para quem? O equivocado uso da definição “desenvolvimento” que ora nem expressa progresso ou crescimento, só faz sentido aos ETs que tentam de diferentes formas impor suas lógicas. Não para nós, nem mesmo àqueles que já foram abduzidos e que não conseguem enxergar o que de fato querem os ETs ao ocupar nosso lugar. As ações desiguais e combinadas que tentam transplantarem nossa realidade não significam desenvolvimento, pois os resultados danosos sempre ficam com a maioria dos individuos que continuam em condições precárias e até desumanas, sem educação, atendimento hospitalar, saneamento básico, enquanto os recursos naturais vão sendo apropriados pelos ETs na geração de contínuos e exorbitantes lucros, facilitando a acumulação de capital ao mesmo tempo que se sucumbe os direitos do estar, ficar, do ir, do vir, do plantar, do pescar, do coletar e até mesmo o de comer. Nesse sentido pensar o desenvolvimento precisa, antes de qualquer coisa,pelo menos, ter clareza do “mito do desenvolvimento” como escreveu Furtado, em 1974, ratifica-se, pelo menos!!! A verdade é que somos mais uma vez na história da Amazônia vítimas de programas, projetos e interesses de determinados grupos (ETs) que querem o desenvolvimento, mas o desenvolvimento do capital e que pra isso exploram as condições geográficas para acumular, aproveitando das assimetrias para impor trocas não leais e desiguais entre as partes. Essa realidade faz reafirmar,o dito por Marx, que o processo histórico não é resultado do capital, mas seu pré-requisito e que por meio do processo, o capitalista se insere como intermediário (histórico) entre a propriedade da terra ou qualquer tipo de propriedade e o trabalho e, assim, ao longo do tempo vai se apropriando das relações e determinando as condições necessárias para sua reprodução e expansão. Aqui, à margem do Rio Xingu já se percebe os sinais, não só os semáforos colocados apenas nas vias de entrada da cidade e que nada corrigiram o caos do trânsito de Altamira, mas também pode-se, infelizmente, perceber os sinais da fome, da miséria, do abandono, da ilegalidade e da impunidade. Sinceramente, espero que não nos deixemos abduzir pelas propostas e ideias dos outros e que tenhamos clareza do Desenvolvimento que queremos para nosso território e para nosso povo. Por fim, devo observar, melhor que fossem aqueles ETs, os descritos na ficção de Hollywood, afinal, temiam a água enquanto os que nos cercam ao contrário querem se apropriar da nossa água para mercantiliza-la,empedindoo direito do povo, justiça e eqüidade social.

*Prof. José Antonio Herrera
Faculdade de Geografia
E-mail: herrera@ufpa.br

A Divisão do Pará em debate

O plebiscito sobre a divisão do Pará está previsto para o mês de Dezembro de 2011, com data ainda indefinida, percebe-se que este assunto tão importante para milhares de paraenses não está bem esclarecido, no entanto o JORGE (jornal da geografia) abre espaço para que membros da comunidade acadêmica, contribuam com sua opinião sobre o assunto.
Em entrevista ao Jorge, o prof. Paulo Jorge, vice-diretor da faculdade de Letras, diz que a divisão do Pará, são interesses políticos ligados à interesses econômicos. Para ele, a criação desses dois novos estados, gera um interesse externo, da mesma forma que a construção de Belo Monte. Paulo afirma que ‘’são interesses de grupos políticos que não tem uma relação efetiva com estado do Pará e com o povo, a não ser com base no interesse de tirar vantagem’’.
O professor questiona quem arcaria com as custas da criação desses novos estados e de todos as instâncias necessárias para a constituição de um Estado como o poder legislativo, executivo, judiciário, etc.
O professor ainda questiona quem seriam os grupos interessados na divisão, como o processo ocorreria e se o governo federal estaria disposto a arcar com os custos dessa divisão.
Segundo Paulo, está se buscando um plebiscito para recorrer à opinião popular, numa tentativa por tentar democratizar essa decisão. Porém , o professor pergunta a si mesmo se a população estaria realmente informada sobre a temática. Ele vai mais além ao levantar a problemática de que se realmente as pessoas estão sendo informadas sobre a temática ou estão sendo manipuladas, através da mídia, que estaria a serviço de alguns grupos. Grupos estes que, segundo ele, insistem na divisão do estado e disseminam apenas as vantagens dessa divisão, finaliza Paulo Jorge.
A reportagem também entrevistou o professor Rozinaldo Ribeiro, diretor da Faculdade de Pedagogia.
O professor inicia sua entrevista afirmando ser contra o processo de separação do Estado. Segundo avalia a discussão em questão não é um fato geográfico, mas principalmente politico, “um problema de classe”. Havendo um Estado de grandes dimensões ou um Estado diminuto, problemas de corrupção de outros podem continuar ocorrendo.
O professor avalia que a possiblidade de separação do Estado é muito pequena pois seriam mais despesas para o Estado custear.
Os movimentos que querem a separação, na opinião de Rozinaldo Ribeiro, são movimentos de elite que buscam o poder. Não existiria em sua concepção uma preocupação democrática verdadeira e sim um processo de participação popular onde a população seria consultado para legitimar o processo.
No que se refere ao aspecto econômico o professor diz: “é um projeto econômico péssimo para região porque ficaremos com a pior parte e não precisa ser muito esperto pra saber qual será prejudicada, pois ficaremos com tapajós por que é a região mais pobre do Pará”.
Uma das coisas alternativas apontadas por Rozinaldo seria a criação de subgovernadorias, fazendo o Estado se tornar mais próximo dos problemas vivenciados por regiões mais afastadas da capital. No seu ponto de vista o professor considerar que hoje o Estado estende “seus braços” até onde lhe interessa. Para ele, a elite não tendo mais nada que dizer, se reuniu e se questionou sobre o que fariam, uma vez que já roubaram e ludibriaram o povo de tantas formas e que criar uma discussão sobre a divisão do Estado seria uma forma interessante de distrair a massa. Rozinaldo diz que sua fala é irônica, da mesma que as propostas de divisão também o são e conclui defendendo que todo o dinheiro que vai ser gasto tanto com o plebiscito ou para criação de novos Estado deveriam ser gastos com obras nas áreas de saúde, educação, saneamento e outros setores já tão esquecidos pelo “Estado”.

Parceria entre SEMAT e FACGEO realiza a atualização do inventario turísticos do município de Altamira

A Prefeitura Municipal de Altamira através da Secretaria Municipal de Secretaria de Meio Ambiente e Turismo da Secretaria firmaram uma parceria com Faculdade de Geografia, Campus de Altamira para realizar a atualização do Inventário da oferta Turística do município. A parceria está fundamentada legalmente no convenio 30751/2010, firmado entre a UFPA e a Prefeitura Municipal de Altamira vigente por um prazo de 5 anos.
O trabalho tem como levantar informações sobre os pontos turísticos, os equipamentos e serviços turístico, assim como a infra-estrutura básica do município. Tais dados devem subsidiar as políticas publicas do turismo nas diversas escalas de governo, bem como orientar os atuais e novos investidores. Cabe ressaltar que somente através de um levantamento detalhado das potencialidades e dos problemas identificados através do Inventario da Oferta Turística do Município é que será possível o município realizar um planejamento turístico coerente com a realidade local.
Como produtos desse trabalho também serão gerados mapas e informações precisas dos pontos turísticos e de toda a infra-estrutura turística, permitindo assim uma melhor experiência turística aos visitantes que pretendem visitar a região. As informações poderão ser usadas para a confecção de materiais promocionais do município, podendo ser inclusive disponibilizada na internet.
Outra justificativa para a realização do referido levantamento é que existindo um Conselho e um Fundo Municipal de Turismo, bem como um Inventario e um Plano Municipal de Turismo, o município poderá pleitear recursos junto ao Governo Federal.
Segundo o professor Luiz Fernando Roscoche, que coordena os trabalhos técnicos, o inventario pode beneficiar o poder público, o setor privado e inclusive pesquisadores que terão dados para embasdar suas pesquisas na área de lazer e turismo.

Uma das maiores autoridades mundiais em aquecimento global fala sobre Belo Monte

por Luiz Fernando Roscoche

Aconteceu entre os dias 12 a 16 de setembro nas dependências da Universidade Federal do Pará, Campus de Altamira a VII SEBio - Semana de Estudos Biológicos. O evento que é organizado desde sua primeira edição pelo Centro Acadêmico de Biologia teve como tema ''Alternativas para o desenvolvimento sócio ambiental na Amazônia: estudos, perspectivas e futuro''.
Um dos pontos altos do evento foi a participação do prof. Dr. Philip Martin Fearside, que no dia 13/09 proferiu duas palestras, uma delas tendo como tema a ''Sustentabilidade dos Diferentes Modos de Desenvolvimento'' e a outra sobre ''O papel das florestas na sociedade contemporânea''. Também participou da mesa redonda ''Impactos do Desenvolvimento''.
Ao contrário do que dizem muitos pesquisadores, Fearnside, diz que a energia gerada através das hidrelétricas não é uma energia 100%. O pesquisador é categórico em afirmar que Usinas como a Belo Monte geram toneladas de gás metano liberados pela decomposição das florestas submersas e que serão liberados na atmosfera, contribuindo assim para o efeito estufa e para o agravamento do aquecimento global.


Philip Martin Fearside é Graduado em Biologia pelo Colorado College (1969), mestre em Zoologia pela University of Michigan – Ann Arbor (1974) e doutor em Ciências Biológicas pela mesma universidade (1978), Fearnside é pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e estuda problemas ambientais da região desde 1974.
Em 2004, foi vencedor do Prêmio da Fundação Conrado Wessel na área de Ciência Aplicada ao Meio Ambiente. Em 2006, recebeu do Ministério do Meio Ambiente o Prêmio Chico Mendes e no mesmo ano foi identificado pelo Instituto de Informações Científicas (Thomson-ISI) como sendo o segundo mais citado cientista no mundo na área de aquecimento global.

A Província Espeleológica Altamira-Itaituba: exemplos de relevo (pseudo)cárstico na Amazônia

A Amazônia é uma região cheia de belezas naturais, muitas delas ainda desconhecidas. As paisagens nela encontradas são ricas em feições geomorfológicas, as quais resultam da interação sistêmica de elementos da natureza que desenham relevos com diferentes características, topografias e configurações. Dentre estas, destaca-se a Província Espeleológica Altamira-Itaituba, que reúne um conjunto de cavidades subterrâneas acessível à exploração do homem, representadas com diferentes feições de cavernas, em sua maioria formada pelo processo de arenitização.
A Espeleologia é uma área de estudo da Geologia que se dedica a investigar a natureza, a gênese e os processos de formação das cavidades subterrâneas e suas feições relacionadas, incluindo ainda os aspectos biológicos (fauna e flora). Na Geomorfologia este estudo desenvolve-se através do conhecimento relacionado ao Relevo Cárstico. Trata-se de uma região ou terreno com feições características de processos de dissolução de rochas carbonáticas pela ação da água subterrânea, na qual predomina a ação do intemperismo químico, originando em abertura de cavidades subterrâneas: as cavernas. Porém, no caso específico da Província Espeleológica Altamira-Itaituba essas feições foram desenvolvidas em arenito, sendo a ação mecânica da água (erosão hídrica) o principal fator de esculturação das paisagens, embora a ação química da água ainda possa ter papel fundamental. Por esse motivo, sem ainda um consenso entre os pesquisadores, esse modelato de relevo tem sido tratado como pseudocarste. As cavernas da Província Espeleológica Altamira-Itaituba situam-se na faixa de contato entre a Bacia Sedimentar do Amazonas e o Embasamento Cristalino do Complexo Xingu, mais precisamente na borda da bacia sedimentar e por esse motivo várias entradas dessas cavidades demonstram feições escarpadas pela ação da erosão resultante do recuo paralelo das vertentes de cuesta. Sua estrutura geológica se desenvolve em arenitos friáveis da Formação Maecuru e em folhelho da Formação Curuá.
Nesse sentido, a Faculdade de Geografia – Campus de Altamira (UFPA) tem desenvolvido aulas de campo às cavernas desta Província, objetivando conhecer in loco os assuntos estudados em sala de aula, além de oportunizar o conhecimento dessas áreas ainda pouco conhecidas na ciência geográfica e valorizar as paisagens locais. No ultimo mês de agosto foram realizadas duas visitas:
· A primeira ocorreu no dia 21 junto à turma de 2009, como prática da disciplina de Geomorfologia ministrada pela Profa. Me. Luciana Martins Freire, na Caverna Pedra da Cachoeira, situada a cerca de 15 km da sede do município de Altamira. A visita, por trata-se de um percurso longo e em mata fechada, foi guiada por integrantes do grupo de escotismo de Altamira. Durante a trilha de 3 km percorridaem mata com vegetação preservada
até a caverna foram analisadas as formas de relevo ondulado da região (morros e colinas). O local apresenta uma paisagem compensadora: uma bela cachoeira com queda de cerca de 8m de altura (fig. 01). O acesso final à Caverna Pedra da Cachoeira (fig. 02) é feito por uma pequena trilha que sobe a vertente direita do Igarapé.
A segunda visita ocorreu no dia 23, agora com a turma do intensivo (2010). Foi uma aula de campo integrada, onde reuniu a aula prática de duas disciplinas ministradas pelos professores Me. Luciana Martins Freire (Geologia) e Ms. Eder Mileno de Paula (Sensoriamento Remoto), além da presença

como convidado do Prof. Ms. Adolfo da Costa Oliveira Neto. Nessa ocasião, a visita se estendeu ao município de Brasil Novo, na Caverna Planaltina. Ali foi observado o comportamento da ação mecânica de formação das cavidades, como ocorrem os processos de arenitização e formas endocárticas (espeleotemas).
Em ambas as cavernas foram observadas marcas de degradação dessas estrutura em arenito, as quais apresentam suas paredes pichadas ou riscadas, além de resíduos sólidos lançados ao solo por visitantes que costumam realizar lazer nessas áreas. Contudo, nota-se a falta de conscientização ambiental de parte dos visitantes e também a falta de políticas públicas, ou mesmo privadas, para uso de medidas protecionistas como a criação de Unidades de Conservação.

*Profa. Msc. Luciana Martins Freire
Faculdade de Geografia

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dilma volta a defender a usina de Belo Monte - REVISTA ÉPOCA

09/08/2011 - 16:21 - Atualizado em 09/08/2011 - 18:20
Dilma volta a defender a usina de Belo Monte

Segundo a presidente, hidrelétrica é "fundamental para o desenvolvimento da região", e não vai alagar terras indígenas. Movimentos locais temem impactos sociais e ambientais da usina

A presidente da República, Dilma Rousseff, voltou a defender a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, principal obra do PAC. Em coluna semanal publicada em vários jornais do país, Dilma disse que o empreendimento é "fundamental para o desenvolvimento da região".

Segundo a presidente, a obra não será prejudicial aos povos indígenas da região. "O reservatório não vai atingir nenhuma das dez terras indígenas da área. Os povos indígenas não serão removidos de suas aldeias", diz Dilma. A usina enfrenta resistência de movimentos socias e dos índios Kayapó.

Dilma também ressaltou os projetos ambientais que o empreendimento deve implementar para atenuar os impactos da obra. "O Estudo de Impacto Ambiental da Usina prevê a implantação de Unidades de Conservação que totalizam 280 mil hectares de florestas. A hidrelétrica terá um canal ou escada de peixes, para não interromper a piracema. E começamos a implementar o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingul", afirma.

O projeto de Belo Monte é polêmico. Apesar de o reservatório não alagar terras indígenas, movimentos sociais de oposição à hidrelétrica alertam que a barragem vai secar trechos do rio Xingu que são importantes para índios e ribeirinhos. Esse impacto foi considerado apenas como "indireto" nos estudos de viabilidade da usina.

A obra enfrenta forte resitência de ambientalistas e povos indígenas pelos impactos sociais e ambientais que pode causar, e chegou a instâncias internacionais: a Comissão Interamericana de Diretios Humanos, que faz parta da Organização dos Estados Americanos (OEA), recomendou em abril deste ano que o governo brasileiro interrompesse o processo de licenciamento ambiental e o início das obras. Na semana passada, a ONG Anistia Internacional publicou um estudo, sobre povos indígenas em todo o mundo, dizendo que a obra pode causar "enormes problemas para a sobrevivência" dos povos indígenas.

No mês passado, a reportagem de ÉPOCA esteve em Altamira, interior do Pará, e testemunhou as mudanças que a cidade vive com a chegada do empreendimento. Estima-se que a barragem vai atrair mais de 100 mil pessoas para a região, dobrando o tamanho da cidade. A usina aumenta a renda do município, mas tem um forte impacto social, como aumento de criminalidade e de focos de doenças como dengue e malária.

“Quem colocou o dinheirinho em Belo Monte está rindo pras paredes”, diz presidente da Norte Energia - REVISTA ÉPOCA

REVISTA ÉPOCA - 10/07/2011 - 15:36 - Atualizado em 11/07/2011 - 12:28
“Quem colocou o dinheirinho em Belo Monte está rindo pras paredes”, diz presidente da Norte Energia

Aos 68 anos, o engenheiro eletricista Carlos Nascimento diz se sentir na flor da idade. Repete insistentemente que, quando descobrir sua fórmula da longevidade, vai revelar a todos. É preciso mesmo muito pique para ocupar seu atual posto. Presidente da empresa Norte Energia, Nascimento está à frente de uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Trata-se da hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, no Pará, que promete gerar energia para 60 milhões de residências. A usina será a terceira maior do mundo, atrás de Três Gargantas, na China, e da binacional Itaipu.

O gigantismo da obra, a propósito, é proporcional à polêmica que vem causando nos últimos 30 anos. Por mais de uma vez, a hidrelétrica foi prorrogada por sofrer forte pressão – inclusive por parte de celebridades mundiais. Nos anos 80, o cantor britânico Sting e o cacique kayapó Raoni lideraram um levante contra o projeto. A repercussão ganhou vulto e, como o Brasil precisava de dinheiro de fora, a barragem parou. São várias as acusações sobre Belo Monte. Segundos seus críticos, ela deve reduzir as águas do Xingu, onde está sendo construída, a níveis insuportáveis. Também mudaria (para pior) a vida de índios e ribeirinhos da região. Mas Nascimento diz ter fé. “A gente tem de pedir as bênçãos de Deus a cada milissegundo”, afirma ele, católico praticante.
Época – Quando as obras civis de Belo Monte começarem, a mão de obra local não vai ser suficiente. A cidade está preparada para receber os migrantes?
Nascimento – Se Belo Monte fosse criar esse caos extraordinário que muitos apregoam, já teria acontecido. No passado, quando se dizia que uma usina seria construída, o fluxo migratório chegava logo. E você não está vendo isto acontecer. O Brasil hoje é um grande canteiro. Tem as obras da Copa, das Olimpíadas. Essas pessoas não vão migrar.

Época – Não foi o que ocorreu recentemente com as hidrelétricas do rio Madeira, em Rondônia. As obras atraíram milhares de pessoas para a região de Porto Velho... Nascimento – Mas Belo Monte é um local mais isolado. Os acessos não são tão fáceis como em Rondônia. Porto Velho já contava com linhas regulares de aviação. Já existia um fluxo normal para aquela região. No caso de Altamira não. A gente ainda tem problemas com a Transamazônica, por exemplo. Tudo isso dificulta a chegada. E faz com que grande parte da mão de obra seja local, treinada em pouco tempo. Só virão de fora as pessoas para atividades de alta complexidade.

Época – Quer dizer que a Norte Energia não conta com uma migração em massa para Altamira?
Nascimento – Não. Nós não estamos contando com uma migração em massa. Esperamos que não aconteça. Queremos que grande parte da população daquela região possa ter o privilégio de construir uma obra que, durante tanto tempo, foi o anseio deles.
Época – O modelo do setor elétrico tem prazos apertados de geração. É sabido que, tão logo a licença sai, vocês colocam as máquinas nos canteiros. O preparo da cidade que vai abrigar a obra acaba em segundo plano. Como resolver isto?
Nascimento – Este é um grande problema, mas isto tudo foi planejado. Nós temos um fluxo que indica o número de pessoas que serão necessárias ao empreendimento. Muitos que chegam vão montar seus próprios negócios: uma lavanderia, um açougue ou padaria. Essas pessoas já têm poder econômico. Vão comprar um local, construir alguma coisa. Já o consórcio construtor vai montar as áreas onde os trabalhadores vão ficar grande parte da semana. Eles vão sair pouco de lá. Vão ficar distantes destas sedes municipais. Só vão para as cidades no final de semana, para gastar seu dinheirinho, fazer compras. Nós acreditamos que a vida lá não vai continuar do jeito que estava. Vão acontecer algumas perturbações. Mas vamos procurar mecanismos para adequá-las.

Reprodução
Época – O modelo do setor de construção civil sempre contou com essa massa migratória. Por que seria diferente com Belo Monte?
Nascimento – Este é o empreendimento mais debatido que temos hoje no Brasil. Todos os dias ele está na mídia. Você esteve em Altamira e viu. Em uma cidade pequena, se chegarem de uma vez 300, 400 ou 500 pessoas, os hotéis vão ficar super lotados mesmo. Mas daqui alguns dias os canteiros de obras vão começar a ser montados. A população que vai chegar para trabalhar no empreendimento vai ter suas instalações próprias, local de lazer, seu campo de futebol, sua mesa de pingue pongue, seus jogos eletrônicos, sua internet. É claro. Nos finais de semana, elas vão a Altamira, ou viajar para os locais próximos. Mas não dá para dizer que existe hoje um caos naquela cidade. E nós esperamos que não aconteça. Temos procurado, em comum acordo com os prefeitos dos municípios afetados, minimizar os possíveis impactos. Para que este empreendimento possa ser feito com a melhor harmonia possível.

Época – A que tipo de perturbações o senhor se refere?
Nascimento – Você sabe... Até na nossa vida individual acontece. A gente faz planejamento para reformar uma sala, um banheiro... Mas os imprevistos chegam. É o pedreiro não vem. O carpinteiro que falta porque teve problemas. Ou seja, as coisas não são certinhas, certinhas, certinhas. A gente se esforça o máximo para ter a menor perturbação possível. Mas nem sempre conseguimos. Apesar de estarmos sempre dispostos

Época – A falta de comunicação entre a Norte Energia e as pessoas que serão realocadas está gerando um clima de insegurança em Altamira. Milhares de famílias invadiram há algumas semanas um terreno privado por medo de ficar sem teto. Por que vocês ainda não falaram com estas pessoas?
Nascimento – Nós já contratamos funcionários para falar com essas pessoas. A partir de junho, quando saiu a licença, começamos a contratar. Antes a gente não tinha como fazer isto. Você só pode adquirir um financiamento para um empreendimento deste porte quando você tem todas as licenças ambientais. Nenhum banco vai dar dinheiro para você se não existe uma licença autorizando. A questão de aquisição de áreas, tanto para executar o próprio empreendimento quanto para realocar as pessoas, consome uma fábula de dinheiro.

Época – O dinheiro ainda não chegou?
Nascimento – Os acionistas já colocaram muito dinheiro para desenvolvermos uma série de atividades. Mas os gastos de maior vulto só fazemos depois de ter a licença. Sem isso, não conseguimos nem mesmo do nosso próprio banco, o BNDES, dinheiro para fazer tudo. O grande financiamento do empreendimento vai chegar em outubro. Por enquanto, estamos usando o dinheiro de um empréstimo ponte de R$ 1 bilhão com o BNDES. E o dos acionistas. Este recurso vai permitir tocar a obra sem nenhum prejuízo. Para fazer este empreendimento maravilhoso que já é um orgulho para nosso país.

Época – Por que Belo Monte é importante para o Brasil?
Nascimento – Se olharmos para o passado, há 50 anos, as indústrias automobilística, de cigarro e de bebida sustentavam a econômica do Brasil. Hoje temos uma base diversificada. Se tivermos energia barata no futuro, um insumo extraordinário para muitas atividades, nosso país vai ter grande vantagem competitiva.
Época – Belo Monte, no projeto inicial, era parte de um conjunto maior de obras. As usinas previstas para o trecho acima regulariam o fluxo o rio, aumentando o potencial de geração da hidrelétrica. Elas ainda podem sair do papel?
Nascimento – O Conselho Nacional de Política Energética é um órgão constituído de 14 membros, 11 deles ministros de Estados. Quando uma proposta dessas é aprovada pelo conselho, inclusive pelo presidente da república, é uma decisão num nível muito elevado. Dificilmente muda. No horizonte que enxergamos hoje, não deslumbramos nenhuma possibilidade de outras usinas à montante de Belo Monte. O Brasil optou por construir somente usinas fio d’água [uma tecnologia que permite a redução do tamanho dos reservatórios, ou seja, da área alagada]. Na minha opinião, essa decisão de construir usinas estritamente de fio d’água é altamente nociva aos interesses nocivas aos interesses futuros do país.

Época – O senhor defende a construção de usinas com grandes reservatórios na Amazônia?
Nascimento – Construir usinas com reservatórios maiores, não diria grandes. E procurar compensar as populações que moram ali. Mitigar os efeitos. Mas, do ponto de vista energético, isto é muito importante para o país. Vai chegar um momento em que terá de se ter outra percepção para este problema.

Época – Com o barramento do rio, o trecho conhecido como Volta Grande do Xingu vai ter seu volume reduzido em 100 km? O que vai acontecer com as pessoas do entorno?
Nascimento – Aquela região do rio, na época do verão [a seca amazônica], fica com uma vazão muito baixa. Aquelas populações já vêm sofrendo periodicamente com as secas mais severas. Os estudos ambientais exigem que nós deixemos no mínimo 700 metros cúbicos de vazão. É praticamente o dobro do que a natureza já faz naquela região. Não vamos fazer nada pior.
Época – Mas as secas naturais só ocorrem na metade do ano. Com a obra, o trecho vai ficar seco o ano todo...
Nascimento – Sim, a vazão é perene. Metade do ano enche. Agora, o que vamos fazer naquela região? Vários programas. Tem um elenco grande de programas... De piscicultura. Programas socioambientais. Nenhuma população indígena vai ser removida. As comunidades ribeirinhas todas foram identificadas. À medida que sentirmos os efeitos do barramento, vamos analisar a situação de cada família. Pode ser que essas pessoas, no período de seca, fiquem numa distância não tão conveniente da água. Tudo vai ser discutido com eles. O que temos de ter em mente é: quando a gente lha o número de pessoas atingidas, isso representa um contingente populacional muito pequeno em relação ao grande benefício deste empreendimento. O interesse público está acima desta questão. Não que a gente vai tratar essas pessoas com desdém. Mas o interesse maior da coletividade é ó que deve permanecer.

Época – O Ministério Público diz que o cumprimento das condicionantes de Belo Monte, uma exigência legal da licença de instalação, está atrasado. Como anda este cronograma?
Nascimento – Hoje nós temos quase cem obras naquela região, com investimentos previstos na ordem de R$ 110 milhões, dos quais 70% já efetivamos. Agora, quando você chega numa região assim, tem de cumprir a lei. Para isso, preciso primeiro contratar especialistas para adequar água, saneamento, drenagem. Posteriormente, tenho de entregar esses planos todos para as prefeituras. Antes disso, tenho de estabelecer os planos com os gestores para ver se eles estão de acordo com os interesses. Mas as próprias prefeituras não têm gente especializada para avaliar.

Época – O senhor está dizendo que, por causa da burocracia, o cumprimento das condicionantes está atrasado?
Nascimento – Nestas áreas mais críticas, que envolvem as questões mais complexas, é uma complicação aprovar, por exemplo, um aterro sanitário. É difícil em São Paulo, no Rio de Janeiro... Imagina lá. Não é um trâmite que você estala o dedo e fica pronto. Nós temos de entender o que é nosso país. Não é que o empreendedor não quer fazer ou não vai fazer. Mas não depende só dele.

Época – Quantas do total de condicionantes foram cumpridas?
Nascimento – Todas as obras sobre as quais falei estão ligadas às condicionantes. As que temos mais dificuldade são as de saneamento. As questões envolvidas são complexas. Eu não posso fazer algo sem que o município me autorize. Ao todo, temos 23 condicionantes e 72 observações para serem incorporadas no Plano Básico Ambiental. Eu lhe diria que, das condicionantes pactuadas, sem contar as obras de saneamento e aterro, todas estão em andamento. A grande maioria delas está concluída ou com conclusão prevista para outubro. Sem impactar no sistema educacional. Ou no de saúde. Até outubro, entregaremos as escolas e os hospitais. O saneamento é impossível terminar até o final do ano.

Época – O que a Norte Energia quer deixar para Altamira?
Nascimento – Um dia, quando fomos receber a outorga deste empreendimento no Palácio do Planalto, transmiti o seguinte: nós da Norte Energia esperamos que, no futuro, o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma tenham certeza de que todas as decisões tomadas para a região de Altamira foram acertadas. Nós não estamos sozinhos nesta empreitada. É uma empreitada de muitas e muitas mãos. Vamos ter dois momentos para aquela região. Antes e depois de Belo Monte.

Época – Qual é sua trajetória no setor elétrico?
Nascimento – Comecei como estagiário nas Centrais Elétricas do Pará. Trabalhei na Eletronorte nos anos 80, o período da redemocratização do Brasil. Eu era diretor de suprimentos. Ajudei a construir as hidrelétricas de Balbina e Tucuruí. Trazia equipamentos da França. Era uma operação complicada. O país não propiciava a logística que temos hoje. Não tínhamos internet, fibra ótica. Era difícil ter controle da situação.

Época – Construir Belo Monte então é fichinha para o senhor?
Nascimento – Sempre precisa de humildade. A gente tem de pedir as bênçãos de Deus a cada milissegundo. É um desafio grande. Mas isso faz com que, a cada dia, eu me sinta mais jovem.
Época – Qual é a lógica econômica de construir uma usina cuja energia média assegurada é relativamente baixa [cerca de 4.000 MW], com custos econômicos e socioambientais altos?
Nascimento – A usina de Belo Monte, no período de chuvas na região, vai produzir muita energia num momento em que as outras usinas do país vão produzir pouca. É uma questão de clima e geografia. Pela metodologia que temos, a energia comercializada nos dará uma rentabilidade muito grande. Se não desse, esses 18 empreendedores sócios não colocariam dinheiro nisto. A rentabilidade tem de ser maior que as oportunidades alternativas. E, principalmente, precisam ter garantia no longo prazo. O empreendimento tem taxas de riscos das mais baixas praticadas nos últimos anos no país. Não estamos visualizando nenhum problema maior na construção. É difícil? É, pela sua grandeza. Mas a engenharia nacional já demonstrou que é capaz. Posso te garantir que, até o momento, quem colocou o dinheirinho para construir Belo Monte está rindo para as paredes. Estão todos satisfeitos, graças a Deus.

Um belo monte de conflitos - REVISTA ÉPOCA

07/11/2009 - 02:25 - Atualizado em 08/11/2009 - 08:51
Um belo monte de conflitos

Um documento do governo federal mostra que 47 obras do PAC afetam territórios indígenas – e podem ser interrompidas
Juliana Arini
Marizilda Cruppe
É GUERRA
Índios reunidos em aldeia em Mato Grosso protestam contra a construção da usina de Belo Monte, no Pará. Eles ameaçam atacar os operários da obra

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a maior vitrine do governo Lula para a eleição de 2010, é assunto comum em Brasília. A avaliação de seu andamento é divulgada periodicamente e gera discussões entre governo e oposição no Congresso. Na semana passada, o PAC foi assunto também na aldeia Piaraçu, na reserva Capoto-Jarina, em Mato Grosso. Cerca de 250 líderes indígenas de 14 etnias se encontraram para falar sobre o PAC. Mais especificamente, eles discutiram a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, uma das obras mais vistosas do programa.

A conversa foi pacífica, mas a decisão dos índios foi lançar gritos de guerra e ameaças à obra. “O governo vai ser responsável pelos danos aos operários e indígenas”, diz a carta assinada por caciques como Raoni e Megaron, da etnia caiapó, enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No encontro, os índios também estabeleceram suas estratégias para impedir o leilão que vai definir as empresas responsáveis pela construção da hidrelétrica, marcado para o dia 21 de dezembro.

A hidrelétrica de Belo Monte é uma obra grandiosa, que envolve a construção de um desvio no curso do Rio Xingu e pode custar até R$ 30 bilhões. Quando pronta, ela será a maior hidrelétrica puramente nacional, com capacidade de gerar 11.200 megawatts de energia, o equivalente a 10% da produção elétrica nacional atual. Mas, para isso se realizar, a obra vai afetar o território de dez nações indígenas (leia o quadro na próxima pág.) . A mobilização da semana passada é uma das primeiras reações a essa interferência. E está longe de ser única. Um levantamento feito pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pela Casa Civil, obtido com exclusividade por ÉPOCA, mostra que pelo menos 47 obras do PAC em 16 Estados devem enfrentar barreiras na questão indígena (leia o quadro na próxima pág.) . Entre elas estão estradas, hidrelétricas, ferrovias, gasodutos e linhas de transmissão de energia. Algumas das principais obras do programa, como as usinas hidrelétricas do Jirau, em Rondônia, e do Estreito, no Maranhão, a BR-319, que liga Porto Velho, em Rondônia, a Manaus, no Amazonas, e o gasoduto São Paulo-Rio de Janeiro, poderão atrasar devido a possíveis conflitos com os índios.

Em um país onde 12,4% do território pertence a terras indígenas, esse tipo de conflito já gerou o embargo de projetos. Provocou também várias ações extremas como invasões a canteiros de obra e sequestro de operários. Há um ano, índios da etnia enáuenê-nauê incendiaram máquinas e fizeram reféns os operários da construção das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) do Rio Juruena, em Mato Grosso. Eles protestavam contra os planos da Maggi Energia, empresa da família do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, de ampliar de sete para mais de uma dúzia o número de pequenas centrais a ser construídas no rio onde pescam.

Até agora, os maiores obstáculos ao avanço do PAC eram problemas operacionais, a falta de licenças ambientais e os embargos do Tribunal de Contas da União (TCU) por suspeitas de irregularidades. A questão indígena é um novo obstáculo, que esbarra na falta de estrutura para ser solucionado. A Casa Civil gerencia o PAC por meio de grupos técnicos que acompanham as obras junto com os ministérios envolvidos. Na divisão de trabalho no governo, a questão indígena é de responsabilidade da Funai, que faz parte desses grupos técnicos. Na Funai, uma equipe de 12 antropólogos é encarregada de acompanhar todas as 47 obras do PAC que estão em conflito com terras indígenas. A Funai diz que a falta de mão de obra atrapalha esses processos e que está passando por uma reestruturação. Há 15 anos, havia 5 mil servidores no órgão. Hoje, são 2 mil – num momento em que a população indígena cresce a cada ano. Concursos estão previstos para preencher esse déficit.

O caso de Belo Monte mostra como pode nascer um conflito. A fúria dos índios foi supostamente inflamada por uma declaração do ministro de Minas e Energia, Édison Lobão. “Forças demoníacas puxam o país para baixo, impedindo que haja avanço”, disse Lobão. Outro elemento negativo foi um parecer da Funai favorável ao licenciamento ambiental do projeto. Os índios e integrantes de movimentos sociais acusam a Funai de traição. Eles afirmam que funcionários da Funai estiveram na área para discutir o projeto da usina, mas teriam dito que as conversas eram informais. “Os técnicos afirmaram que as reuniões nas aldeias não eram uma consulta oficial”, diz dom Erwin Krautler, bispo da Prelazia do Xingu em Altamira e presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). “Depois, lançaram o parecer técnico alegando que os índios foram todos consultados.” Dom Erwin também enviou uma carta ao presidente Lula, em que faz um apelo para que o projeto não seja leiloado sem um debate mais amplo. “Estive em julho com o Lula. Ele me prometeu que o diálogo ia continuar e que em momento algum iriam empurrar esse projeto goela abaixo”, diz Erwin.
Hidrelétricas, rodovias, ferrovias e gasodutos estão
entre as obras que podem ser afetadas

Assim como muitos dos projetos incluídos no PAC, o conflito de índios com o projeto da usina de Belo Monte não começou no governo Lula. Em 1989, quando o projeto foi discutido pela primeira vez, os índios conseguiram o embargo da obra. A cena da índia caiapó Tuíra empunhando um facão contra o pescoço de um engenheiro s da Eletronorte virou símbolo da luta contra o projeto. A cena se repetiu em 2008. Durante uma reunião em Altamira, no Pará, o engenheiro da Eletrobrás Paulo Fernando Rezende foi ferido no braço pelos índios com um facão. O que torna a hidrelétrica de Belo Monte tão polêmica são as dúvidas e suspeitas que cercam sua construção. Ninguém sabe ao certo qual será o impacto da hidrelétrica. Para construir um desvio no Rio Xingu, as empreiteiras devem remover uma quantidade de terra semelhante ao volume do Canal do Panamá, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, uma das maiores obras de engenharia do século XX.

Os estudos de impacto ambiental sugerem a necessidade de um monitoramento futuro para determinar como ficará a região da Volta Grande do Rio Xingu após a construção da hidrelétrica. Em uma obra em que todos os números são gigantescos é difícil imaginar que o impacto será pequeno. A complexidade de um projeto para gerar energia no coração da Amazônia é refletida no tamanho dos estudos de impacto ambiental: são 20 mil páginas distribuídas em 36 volumes. Apesar do tamanho, alguns cientistas consideram o relatório de Belo Monte impreciso. “Entre os assuntos tratados com evidente deficiência estão a emissão de gases do efeito estufa (metano) , os impactos de inundação dentro da cidade de Altamira e a suficiência da vazão do rio para os peixes na região da Volta Grande do Xingu”, afirma Philip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, um dos cientistas que integraram um painel de 40 especialistas que analisaram os estudos da hidrelétrica. Especialistas afirmam também que o relatório ficou disponível para consulta pública por dois meses. Eles consideram esse tempo insuficiente para examinar um assunto tão complexo.

REVISTA ÉPOCA - Os nômades de Belo Monte

REVISTA EPOCA - 09/07/2011 - 09:35 - Atualizado em 09/07/2011 - 09:35
Os nômades de Belo Monte

A história dos migrantes atraídos pela terceira maior hidrelétrica do mundo. E o drama dos moradores que deixam o sossego de suas casas para dar lugar aos canteiros de obras da usina
Aline Ribeiro (texto) e Filipe Redondo (fotos), de Altamira - Filipe Redondo / ÉPOCA
OS SEM-PALAFITA
O garoto Rafael em frente ao quarto alugado onde mora com a família. Com a obra, o local vai ficar embaixo d’água

O vaivém de carros na estrada que liga as cidades de Altamira e Vitória do Xingu, no Pará, ficou mais intenso no último 9 de junho. Naquela noite, à beira do asfalto, o empreendedor Adão Rodrigues inaugurava mais um de seus negócios itinerantes. A faixa na entrada da casa lhe parecia clara o suficiente: “Estreia hoje a Boate da Noite”. Nem todo mundo, entretanto, entendeu do que se tratava. Afoitos com a novidade, muitos dos frequentadores chegaram acompanhados de suas mulheres. Só quando avançavam pelo portão notavam que aquela não era uma balada qualquer, e sim o novo bordel da cidade. Os casais permaneceram com a devida autorização do dono. A restrição mesmo veio por parte dos namorados ou maridos, que tapavam com as mãos os olhos de suas respectivas no clímax da noite, o striptease das princesas da casa. O pecado de Adão Rodrigues, nesse caso, foi tropeçar no linguajar regional. Paranaense de nascimento, ele não reparou que no Norte do Brasil prostíbulo se chama brega. Boates lá são sinônimos de danceteria, onde as companheiras de vida são bem-vindas.

Filipe Redondo / ÉPOCA
DIVERSÃO GARANTIDA
À esquerda, o empresário Adão Rodrigues com a família em sua nova casa em Altamira. À direita, a prostituta M. durante um striptease na Boate da Noite. Eles migraram para o Pará com um objetivo comum: ganhar dinheiro com a chegada dos homens atraídos pela usina de Belo Monte

O engano de Rodrigues ilustra o choque cultural (e social) entre a população nativa e os migrantes atraídos pela maior obra de infraestrutura do Brasil. Altamira, além de acolher a Boate da Noite e ter o título de maior município do mundo (sua área é superior à de Portugal ou da Áustria), é palco da construção da usina de Belo Monte. Trata-se do principal investimento do governo federal, emperrado por pelo menos três décadas sob acusações de ameaçar o Rio Xingu, os índios e os ribeirinhos. No começo de junho, o empreendimento – que deve ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás de Três Gargantas, na China, e de Itaipu – recebeu sua licença de instalação. O aval liberou a ocupação dos canteiros de obras. Começam agora a chegar à cidade as máquinas parrudas. Junto com trabalhadores e comerciantes visionários.

O município, com uma população estimada em 100 mil pessoas, já recebeu 20 mil desde o anúncio da obra. A revolução em Altamira está só começando. No pico da construção, previsto para 2013, em torno de 19 mil barrageiros serão contratados. Com eles, chegarão mais famílias, comerciantes, potenciais funcionários de empresas periféricas que servem a obra. À rodoviária ou aos aeroportos, homens e mulheres chegam – inclusive de outros países – à procura de emprego. Dezenas de trabalhadores viajam diariamente para a região de Altamira em busca de oportunidades – frequentemente ilusórias. Segundo estimativas, a cidade pode ganhar mais 80 mil habitantes no auge da obra. O fluxo lembra outros fenômenos amazônicos, como a corrida do ouro, que nos anos 1980 chegou a atrair 100 mil garimpeiros para Serra Pelada, deixando um rastro de destruição, violência e pobreza. Agora, a 610 quilômetros ao norte, em Altamira, uma nova invasão se anuncia. E, apesar dos anos de planejamento de Belo Monte, a região não parece preparada para recebê-la.

Rodrigues e a família aportaram há três meses em Altamira, depois de 1.800 quilômetros de terra pela Transamazônica, 158 pontes de madeira enjambradas (contadas pela mulher, Solide Fatima Triques) e um pedágio pago a um líder indígena. Aos deslocamentos populacionais puxados pelas obras de engenharia, os responsáveis pelo lazer chegam primeiro. Rodrigues tem um currículo robusto no que diz respeito a entreter os trabalhadores das barragens, os chamados barrageiros. Começou operando máquinas no canteiro de obras, mas logo descobriu que a atividade paralela dava mais dinheiro. Agora, faz casas noturnas perto das usinas. Ele diz que já fez as malas pelo menos 14 vezes no decorrer de seus 50 anos, atrás das hidrelétricas. “Não tenho apego a bens, encaro tudo como uma aventura”, diz. Em sua última viagem, deixou seu cabaré ao lado da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, para tocar um negócio mais promissor em Belo Monte. É o mesmo roteiro seguido agora por seus clientes. Rodrigues pretende abrir outros dois prostíbulos e dois hotéis ao lado da usina. “Vamos ganhar dinheiro com esta obra por pelo menos dez anos”, afirma.
Filipe Redondo / ÉPOCA
DE PAI PARA FILHO
O barrageiro Divino Junior em Altamira. Ele e sete irmãos seguiram o ofício do pai: construir as grandes obras

Os sinais de oportunidade em Belo Monte repercutem longe. A prostituta M. teve notícia do frenesi econômico a mais de 4.500 quilômetros de Altamira. Até maio passado, ela vivia do Paraná. Lá, uma colega comentou sobre as vantagens de trabalhar próximo às construções. Também garota de programa, a moça havia acabado de voltar com dinheiro de Rondônia, mais precisamente dos quartinhos do antigo cabaré de Rodrigues. “Ofereci R$ 200 para quem conseguisse o novo telefone do dono da boate”, diz M. Em uma tarde de descanso na Boate da Noite, ela interrompe a troca de esmalte da mão (“por um azul que está usando muito”) para pontuar as diferenças da clientela paraense: “Os homens aqui são mais brutos, chegam a ser agressivos. Mas eu vim para cá atrás de dinheiro, não dá para ficar com frescura”. Com o dinheiro, M. quer comprar uma casa para viver com seus dois meninos, de 6 e 7 anos, segundo ela, roubados pelo ex-marido depois da separação.

Existem dinastias especializadas em seguir as grandes obras. Como a do barrageiro Divino Junior, de 31 anos. Ele tem 16 anos de experiência em carteira na construção de hidrelétricas. Diz que seu pai sempre trabalhou construindo usinas e passou o ofício para oito dos dez filhos, inclusive as mulheres. “Filho de barrageiro é criado no mundo”, afirma Junior. “Cada um de meus irmãos está em um Estado diferente. A gente só reúne a família quando coincide de trabalhar num mesmo lugar.” Junior chegou a Altamira junto com dois amigos barrageiros no começo de março. Deixou um salário bruto de R$ 9 mil na hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, e seguiu de carro pela Transamazônica numa viagem de quatro dias. A troca faz sentido no longo prazo: a obra de Jirau deverá acabar em 2016, a de Belo Monte vai durar até 2019. Mas Junior ainda não foi contratado. Das 11 barragens que já ajudou a erguer, guarda as lições do submundo das usinas. “Dentro dos alojamentos, você tem de ver e fingir que é cego. Ouvir e fingir que é surdo”, diz. Junior conta que em Jirau, divisa com a Bolívia, toda semana um ou outro trabalhador vai até o país vizinho para comprar ilegalmente a “ponta 40”, uma pistola de uso militar. Muitos dos contratados pelas empreiteiras são ex-presidiários. É um incentivo à reinserção na sociedade. Porém, parte deles acaba em atividades ilícitas, principalmente no tráfico de drogas. “Eu era chefe de um ex-presidiário que traficava na obra. Quando quis demitir, ele me ameaçou de morte”, afirma. “Só nas hidrelétricas de Rondônia vi morrer uns 30.”

A experiência de Junior mostra as perspectivas econômicas trazidas pela obra. Mas também que elas não se concretizam se a região estiver despreparada para transformar os investimentos em melhorias permanentes. Os sinais em Altamira são preocupantes. A começar a recepção aos migrantes. Muitos deles, sem condições mínimas para se manter, vão parar em abrigos municipais. Outros se empoleiram em palafitas alugadas, sem água encanada ou esgoto. Altamira, hoje, não comporta os recém-chegados. Para conseguir um hotel, é preciso ligar com mais de uma semana de antecedência. Encontrar um pé de alface a um preço acessível é um golpe de sorte. “O município não está preparado para receber este empreendimento”, diz Odileida Sampaio, prefeita de Altamira pelo PSDB, enquanto arruma os bobes do cabelo. “Precisamos de desenvolvimento. Caso contrário, em dez anos as pessoas vão pegar suas malas e ir embora. Deixando só os impactos aqui.”

Se durante o dia Altamira tem o agito de um novo polo migratório, quando a noite chega ela é tomada por uma tensão velada, especialmente nos bairros mais pobres. Na madrugada, só gatos e cachorros perambulam pelas ruas. Há notícias de traficantes assassinados toda semana. O crack e o óxi (uma droga mais destruidora) se disseminam rapidamente. “De fevereiro para cá, quando as pessoas começaram de fato a chegar, a criminalidade dobrou”, afirma Cristiano do Nascimento, superintendente da Polícia Civil. Os reflexos na saúde s também já são sentidos. O número de internações e atendimentos em postos médicos aumentou. A solução seria preparar a cidade para o novo contingente. Mas há um descompasso entre a chegada de recursos para sanar os problemas socioambientais e o início do empreendimento. “Você só pode adquirir financiamento depois que todas as licenças ambientais saírem”, afirma Carlos Nascimento, presidente da Norte Energia, responsável pela obra. “Até outubro, quando deverá ser liberado o aporte maior do banco, vamos usar o dinheiro dos investidores para reduzir os impactos.”
Filipe Redondo / ÉPOCA
MIGRAÇÃO FORÇADA
No sentido horário: enquanto as mulheres lavam roupa, um menino se refresca num afluente do Rio Xingu. O agricultor Antônio Sales, recém-indenizado pela usina, colhe o cacau. Tem medo de ser assaltado. E Maria Terezinha com a família durante uma pausa na limpeza do terreno recém-invadido. Todos eles deixarão suas casas para dar lugar à hidrelétrica

Enquanto muitos migram para a cidade em busca de uma vida abastada, milhares de moradores da cidade começam a fazer um movimento diferente: deixar suas casas para dar lugar à usina. Serão nômades por falta de opção. A hidrelétrica vai desapropriar 7.900 imóveis, entre rurais e urbanos. Até o começo de julho, só 159 haviam sido indenizados. As famílias terão de sair porque moram em locais que vão ser alagados pela represa. Ou em terrenos afetados pela obra. A comunicação precária entre a Norte Energia e os atingidos da barragem gera insegurança em Altamira. No mês passado, cerca de 2 mil famílias invadiram um terreno privado para consolidar uma ocupação irregular. Muitas para especular com a terra apropriada. Outras por medo do futuro. Maria Terezinha de Souza, de 49 anos, vive em uma palafita no bairro do Açaizal, que pode ser alagado por Belo Monte. Movida pela ambição de ter um lar seco e pela incerteza de seu destino, tirou seu foice do armário e partiu para picar o mato. Queria garantir um pedaço de chão. “Vi na televisão que o pessoal estava invadindo”, diz ela. “No outro dia de manhã, vim com a família toda.” Agora, Maria faz vigília para não perder seus cinco lotes recém-tomados.



Filipe Redondo / ÉPOCA
OS SEM-RIO
O agricultor José Alves navega com sua canoa a gás. Ele mora na Volta Grande do Xingu, um trecho do rio que pode secar

A notícia das transformações em Altamira chegou às tranquilas casas ribeirinhas, isoladas da cidade pelo rio. Ali, o único receio até então eram os rumores de onça rondando as criações. Agora a conversa mudou: fala-se em assalto, assassinato, drogas. O agricultor Antônio Sales, nascido há 57 anos e criado à beira do Rio Xingu, acaba de receber uma indenização para desocupar suas terras. Mesmo com insistência, ele não aceitou aparecer na foto da reportagem. Está com medo. O vizinho, também indenizado há pouco, foi assaltado em Altamira enquanto abastecia sua moto. “Cabra com dinheiro tem de ficar é longe da cidade”, afirma Sales. Até negociar sua indenização, ele nunca tinha lido um número tão grande acompanhado de cifrão. Leva uma vida simples, a da agricultura de subsistência, dos causos contados na porta de casa à luz do lampião. Os temores, supostamente trazidos pela usina, vão além dos ladrões. Sales está apreensivo com o futuro. “Se brincar um pouquinho, o dinheiro não dá nem para recuperar o que tenho”, diz, referindo-se a sua casa e aos 3 mil pés de cacau da propriedade, de onde tira o sustento das sete pessoas da família. “Eu não tenho profissão senão trabalhar. Preciso da terra para dar de comer.” Segundo Sales, a empresa não ofereceu auxílio para comprar um novo terreno.

Grandes obras como a usina Belo Monte são propulsoras de um movimento constante de vidas. Há os que chegam e os que saem. Outros não sabem se vão ou se ficam. É assim com o agricultor José Alves, de 59 anos, dono de um sítio em um trecho do rio chamado Volta Grande do Xingu. Como a obra vai desviar o curso natural do Xingu, cerca de 100 quilômetros do rio na Volta Grande terão redução drástica no volume de água. Os cientistas têm dúvidas de que será possível navegar naquele pedaço – o que mudaria a rotina dos milhares de pessoas, inclusive duas etnias indígenas. A empresa só considera afetadas pela construção as áreas alagadas do entorno. As regiões secas serão secundárias na redução de impactos. Alves se mantém na condição estática não somente por desconhecer se poderá percorrer o Xingu com seu barquinho. Mas também pela indefinição sobre sua moradia. Até agora, a Norte Energia não decidiu o que fazer com ele e os vizinhos. E Alves ainda não sabe se será, ou não, mais um migrante da usina de Belo Monte.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Faculdade de Geografia aprova três projetos pelo Programa Navegasaberes*

A Faculdade de Geografia esta comemorando a aprovação de três projetos de Extensão no âmbito do Programa Navega Saberes, versão 2011, da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), Universidade Federal do Pará, os quais foram contemplados com Bolsas Auxílio para discentes de Geografia. No campus de Altamira, somente a Faculdade de Geografia teve propostas aprovadas.
Os projetos contemplados foram: Geo Xingu – O portal de Informação da Região do Xingu coordenado pela professora Msc. Luciana Martins; que tem por objetivo fornecer informações relevantes sobre a aspectos geográficos, socioeconômicos e serviços sobre Altamira e a região do Xingu, sendo de extrema importância para atual conjuntura ao preencher uma lacuna recorrente na região. O Jorge (Jornal da Geografia), coordenado pelo Prof. Msc. Luiz Fernando Roscoche, tem proporcionado conhecimento ao publico universitário e a comunidade com informações das mais variados áreas. O jornal além de sua versão impressa também tem seu conteúdo disponibilizado na internet no endereço: http://jorgedealtamira.blogspot.com/.
Vale ressaltar, que esse informativo tem sido distribuído de forma gratuita, através dos esforços de patrocinadores locais, dos docentes da FACGEO. Finalmente, o projeto Museu digital de áreas rurais de paisagens naturais e antrópicas das áreas diretamente afetadas pela construção da Hidrelétrica de Belo Monte coordenado pela professora Msc. Rita Denize de Oliveira. O projeto tem por objetivo criar um acervo digital elementos naturais e antrópicos (em especial nas comunidades rurais impactadas pela construção da Hidrelétrica de Belo Monte). A relevância da aprovação dos projetos reflete no maior envolvimento dos discentes com o curso de graduação, fortalecimento da pesquisa e extensão universitária, haja vista que a comunidade poderá consultar informações sobre Altamira e região, em site especifico; a equipe editorial do Jorge estará cada vez mais consolidada com o ingresso de bolsistas, culminando, certamente, em aumento qualitativo e quantitativo dos artigos e reportagens; e por fim, nos emocionaremos com a criação de um banco de dados de registro digital das praias, igarapés, formações rochosas e principalmente, do cotidiano das famílias dos colonos, ribeirinhos afetados pela construção do complexo Belo Monte, consequentemente fortalecendo cada vez mais o elo entre o Campus de Altamira e a comunidade.

*Prof. Msc. Rita Denise de Oliveira (Faculdade de Geografia).

A Escalada da Violência Agrária na Amazônia*

Nas últimas semanas, o assassinado de três assentados no município de Nova Ipixuna no Pará, e de uma liderança do MCC (Movimento Camponês Corumbiara), movimento que atua na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia, ilustrou mais uma vez a gravidade dos conflitos agrários na Amazônia. Tais conflitos, que culminaram com a morte desses trabalhadores, vêm ceifando a vida de pais e mães de famílias sistematicamente em nossa região. Essa escalada intensifica-se com as políticas de ocupação e integração regional implementadas pelo Estado na segunda metade do século passado. Essencialmente, a mola propulsora dessa violência agrária, noticiada pela mídia e vista por políticos com aparente espanto, foi acionada por essas políticas de estado. A partir daí, em nome do desenvolvimento e do progresso, a região torna-se um espaço de conflitos e de massacres, cujos desdobramentos não ecoam tanto quanto as possíveis vantagens dos projetos de modernização, progressivamente impostos.

Fonte da imagem: http://oolhodahistoria.blogspot.com/2011/06/raizes-da-violencia-na-amazonia.html

A falta de preocupação com a resolução desses conflitos é tão vergonhosa que, no caso da execução do casal de extrativistas em Nova Ipixuna, há tempos jurado de morte, o encaminhamento dado pela própria presidência foi autorizar a atuação da polícia federal nas investigações. Ao propalar essa medida, inclusive em função da visibilidade que tomou o caso, o Estado dá a impressão de que, com a possível prisão dos envolvidos no assassinato, tudo está resolvido, como se o crime fosse um crime comum, casual. Com isso, ignora o fato de que, por traz do referido assassinato e de muitos outros que não vêm tendo a mesma repercussão, existe um quadro de antagonismo que confronta, diariamente, agentes com diferentes maneiras de se apropriar da terra e dos recursos naturais na Amazônia.
Este quadro, criado pela ação e omissão do próprio Estado exige, igualmente, políticas públicas sérias que não apenas assente famílias sem terra, mas dê condições de infra-estrutura e de segurança para que essas famílias possam efetivamente produzir e se reproduzir, conforme seu modo de vida. A Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança não vão resolver os problemas agrários na Amazônia. Esses problemas são complexos e envolvem redes de interesses, em que as mortes de trabalhadores são apenas o resultado, a conseqüência, de processos ligados à grilagem de terra, ao desmatamento e, mais recentemente, à expansão desenfreada do agronegócio. Enquanto não se criarem mecanismos efetivos para limitar a atuação dos agentes econômicos que estão por traz desses processos, o massacre de trabalhadores rurais continuará aumentando as estatísticas da CPT e qualquer proposição do Estado não passará, simplesmente, de engodo político.

*Prof. Msc. José Antônio Magalhães Marinho (Faculdade de Geografia)

Belo Monte e as aves de rapina*

Quando se ouve falar de “rapinagem” a primeira conotação evidente é tomar para si o que é de outrem. Ave de rapina (que origina o termo) é geralmente metaforizada no contexto político quando diz respeito aos parlamentares desonestos ou, no contexto econômico, quando se refere aos oportunistas que se utilizam da boa fé de consumidores para usurpá-los. Não muito Longe disso, na verdade são aves que raptam, tomam para si pequenos animais com suas garras afiadas. Neste momento, o leitor deverá estar se perguntando: o que tem isso com Belo Monte? Por um acaso a construção da usina deverá atrair mais urubus ou corujas para a região? Não deixa de ser verdade e veremos por que.


É claro que não estamos tratando, literalmente, de animais. São sujeitos, alguns novos e outros antigos, já bem conhecidos. Tais indivíduos se aproveitam de Belo Monte e do o processo de usurpação orientado desde antes da conclusão dos estudos de impactos ambiental (EIA). No âmbito do interesse, obviamente estamos tratando de dinheiro, especialmente de 500 milhões referentes ao Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) e outros recursos que estão escondidos na “rebarba” do empreendimento.
A primeira parte deste montante, do PDRS Xingu, destinado a estimular o crescimento sustentável da região durante e após a construção da usina, deverá ser gerido por um Fórum composto por 16 representantes de várias instituições governamentais e não governamentais da região. A expectativa menos otimista é que haja uma severa divisão, ou melhor, uma pulverização desse recurso entre as diversas esferas de interesse, resultando em poucos benefícios para a região. No final, o que deveria ser um valor aplicado com finalidades em longo prazo, acaba se tornando um viés de ação política, emergencial e, em muitos casos, privado. O que se espera de positivo, então? Que o fórum gestor seja transparente, idôneo e não atravessado por questões de interesses individuais. Infelizmente a história nos mostra o contrário.
No que diz respeito às condicionantes de Belo Monte e ao processo de mitigação dos impactos, os que esperam uma grande transformação local devem ficar decepcionados. A maioria dos itens impostos pelo IBAMA são pontuais e relativos a problemas ambientais específicos, ou seja, quase nada possui implicações sociais relevantes em longo prazo.
Não muito longe de nós, estão a espreita outros usurpadores, são eles os especuladores imobiliários. Quanto a esse aspecto, até os que moram recentemente na cidade de Altamira sabem que os valores atribuídos ao terrenos e aluguéis têm aumentado assustadoramente. Diante disso, questiona-se para onde serão empurrados os novos moradores de Altamira, futuros remanescentes do processo de construção da usina?
Nesse contexto, paira outra grande dúvida por parte da população local: o que sobrará de Belo Monte para os que desejam melhoria em sua qualidade de vida? Ao que se percebe, antes de tomarmos consciência do que nos é devido, as aves de rapina farão seu trabalho, deixando ao nosso deleite uma carcaça fétida e inútil, gerada sob o discurso do desenvolvimento.

*Prof. José Queiro de Miranda Neto - Mestre em Geografia na área de concentração planejamento urbano e regional e professor assistente da UFPA, Campus de Altamira.