sexta-feira, 25 de março de 2011

NAVEGA E PÁRA: UM RETRATO DA INTERNET DO CAMPUS DE ALTAMIRA!

por Luiz Fernando Roscoche

O Rio Xingu sempre está ao lado do Campus da UFPA para quem quiser navegá-lo ininterruptamente, porém, se quiser navegar na internet talvez encontre alguns problemas. É muito comum professores, funcionários e alunos terem que enfrentar quedas do sinal de internet e até mesmo ausência de internet por vários dias consecutivos. Envio de artigos para revistas, inscrições para eventos, recebimento de trabalhos de alunos, realização de pesquisas, elaboração de aulas, realização de cadastros, atualizações de currículos, comunicados de eventos e reuniões são algumas das dezenas de atividades que hoje realizamos através da internet.
A situação é mais grave no Campus de Altamira, uma vez que, a bibliografia disponível em nossa biblioteca, pelo menos na área de geografia é vergonhosamente escassa. Tal situação leva muitos professores a recorrerem a indicação de artigos de revistas científicas da área que são disponibilizadas na internet, além de livros e outros materiais disponíveis na rede.
Existem inúmeros problemas externos, como os casos em que se rompem os cabos de fibra ótica. Outro agravante é que a estrutura física da rede do Campus não suporta mais as demandas crescentes de pontos de conexão solicitados por professores, funcionários e alunos. A estrutura humana também é bastante reduzida, ocasionando uma sobrecarga de trabalho nos funcionários desse setor que além de cumprirem suas funções enfrentam o mal humor e as reclamações de centenas de usuários insatisfeitos com a estrutura.
Segundo o técnico em informática do Campus da UFPA, a instituição conta com dois sistemas de conexão de internet, uma delas a Navega Pará, que seria muito instável, ou seja, pode sofrer algumas interrupções de sinal, mas que por outro lado possui uma velocidade mais alta. Outra conexão seria a da Empresa Embratel, que segundo ele, embora mais estável, quase não sofre queda de sinal e apresenta uma velocidade reduzida.
Os novos prédios do Campus II da UFPA devem receber uma ligação provisória de internet por conexão de cabo de rede e na seqüência receberão equipamentos que compensem a perca da qualidade do sinal.
Por um fio...
É comum o Campus ficar sem internet durante vários dias consecutivos. O ultimo episódio ocorreu entre os dias 18 e 20 de março de 2011.
No dia 18, um caminhão que trafegava pela rua Coronel José Porfírio arrebentou a fiação de internet que liga o Campus I ao Campus II, deixando o primeiro sem internet durante todos esses dias. Na segunda-feira o cabo foi substituído e a conexão de internet reestabelecida.

Números da pesquisa...
Pesquisa recente realizada por Marcos Rogério Ferreira da Silva, apontou que 43% dos alunos não possuem computador. E entre os alunos que possuem computador, 24% possuem notebook. Já entre os professores, técnicos e bolsitas (PTB), cerca de 50% deles possuem notebook. Tal fator demonstra uma grande demanda por computadores pessoais e conexões via wireless.
Sobre o local onde os usuários acessam a internet, entre os alunos, verificou-se que 23,7% dos alunos acessam pelas Lan Houses, seguido pelo acesso da UFPA com 22,4%. Cerca de 20% dos alunos acessam a internet de sua residência. Um dado que chama a atenção é que 19,1% dos alunos não tem nenhum acesso a internet.
Já entre os PTB 50% acessam a internet de seu local de trabalho e 36% de suas residências. Tais números evidenciariam a grande demanda pela internet no Campus de Altamira.
Analise crítica
Segundo Rogério “a rede do Campus de Altamira não foi planejada e estruturada corretamente, durante o rápido crescimento que se deu nos últimos três anos”. O autor da pesquisa alerta ainda que “a ligação entre o Campus I e II ocorre de maneira irregular de forma que os meios de comunicação empregados são inadequados e comprometem o trafego interno de dados, ocasionando por vezes problemas sérios de conectividade”.
Rogério lembra ainda que existem problemas como falta treinamento e insuficiência de equipamentos, e que esses seriam entraves que comprometeriam a qualidade dos serviços.
Segundo Marcos Rogério, existe um enorme contraste entre a demanda dos usuários e os recursos disponíveis. Em sua pesquisa o autor deixa claro que muitas ações estão sendo levadas a cabo para sanar os problemas existentes, melhorando a qualidade do serviço prestado e promovendo uma maior inclusão digital.

Fonte dos dados:
SILVA, Marcos Rogério Ferreira. Inclusão Digital e a Gestão dos Recursos Tecnológicos na UFPA – Campus de Altamira (PA). 61fls 2011 (Monografia – Bacharelado em Administração à Distância) Universidade Federal do Pará, Altamira. 2011.

Pescadores fazem manifestação contra a Belo Monte em Altamira

Cerda de 600 pessoas participaram de mais um protesto conta a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte na segunda-feira, 14 de março, na Orla do Cais em Altamira, em frente a Sede da Eletronorte.
Depois de três dias no rio, pescadores de Altamira, Vitória do Xingu, Belo Monte, Senador José Porfírio e Porto de Moz retornaram com aproximadamente 6 toneladas de peixes. Os peixes foram servidos em um almoço no local para indígenas, ribeirinhos, agricultores, pescadores e representantes de movimentos sociais presentes. O restante do pescado foi doado para entidades assistenciais de Altamira.
Durante o evento os pescadores teciam redes de pesca em conjunto para simbolizar a união entre estes contra a luta pela construção da Usina e pela proteção de seus direitos. Outro ato simbólico realizado pelos manifestantes foi jogar parte do lixo do evento na frente da sede da Eletronorte.
Segundo site de noticias rede Brasil Atual, “a pescaria foi mais um protesto contra a construção da hidrelétrica”, pois de acordo comestudos técnicos a construção deve acabar com grande parte do estoque de peixes da região e levar à extinção várias espécies que hoje são a base da alimentação e da economia das comunidades indígenas e ribeirinhas da Bacia do Xingu.”
Já segundo o site EPTV, os manifestante querem “que não haja alterações no percurso do Rio Xingu e a imediata paralisação da obra e o respeito ao direito das populações que sobrevivem dos frutos retirados do Xingu”. Outra reivindicação realizada pelos pescadores é de que se crie um fundo protetor que possibilite a existência natural do rio e ampare as populações que vivem em suas margens.

O alto preço de Belo Monte

Prof. PhD. Rodolfo Salm*

O professor Luiz Pinguelli Rosa publicou no Jornal Folha de São Paulo, no último dia 12 de fevereiro, um artigo defendendo a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Um de seus principais argumentos foi o preço oficial que a sociedade pagaria por sua energia: R$ 68/MWh, em comparação com o das novas termelétricas, de R$ 140/MWh. Achei curioso o professor acreditar na manutenção dos R$ 68 e por outro lado citar tão genericamente a redução do fluxo no canal principal do rio. “A solução é garantir uma vazão mínima [pelo leito original do rio]”, escreve. De quanto seria essa tal vazão mínima? Ela garantiria a sobrevivência dos peixes e a navegabilidade do rio? É difícil acreditar, principalmente para quem conhece a região e sabe que durante boa parte do ano o Xingu já praticamente não corre. A água para mover as turbinas principais da barragem seria desviada do leito do Xingu por canais gigantescos. Quanto mais água passar pelo leito natural do rio, menos energia será gerada pela água desviada pelos canais. É evidente que o consórcio vai repassar essa conta ao consumidor.
O valor apontado ignora ainda uma série de custos ligados aos serviços ambientais que o rio Xingu preservado presta à sociedade, como a produção de peixes e a preservação da biodiversidade. O professor também observou que a área inundada de Belo Monte (516 km2) praticamente se restringiria àquela ocupada pelo rio em sua variação sazonal, como se isso justificasse o alagamento. Ele parece desconhecer que estamos tratando de ecossistemas adaptados a um certo nível de alagamento em período curto do ano e que inevitavelmente se degradariam com o alagamento permanente (liberando o nefasto gás metano e fazendo com que as hidrelétricas da Amazônia contribuam tanto ou mais para o efeito estufa do que as termelétricas de potência equivalente, segundo apontam estudos científicos). De toda forma, os impactos indiretos de Belo Monte seriam muito maiores que os diretos. A imigração prevista de dezenas de milhares de pessoas para a região já começou e já causa desmatamentos em uma escala sem precedentes. Tudo isto tem um custo, não considerado por Pinguelli. Pensando nacionalmente, sabe-se que as florestas preservadas da bacia do Xingu contribuem em muito para o regime de chuvas do resto do país. É possível estimar economicamente o valor desta chuva, pois a devastação da floresta traria prejuízos financeiros calculáveis para a agricultura e para a indústria, que depende de água para produzir. Sem falar no abastecimento das nossas cidades.
Localmente, podemos enumerar os custos sociais causados pelo aumento da violência resultante do inchaço populacional repentino, pelas doenças causadas pelo enorme volume de água parada em uma região tropical e pela perda do apelo turístico, com o fim das corredeiras e das maravilhosas praias de areia branca. São custos de Belo Monte que precisam ser considerados, o que não foi feito adequadamente, devido a terríveis pressões políticas, como registraram os próprios técnicos do Ibama, que não aprovaram o projeto. Mas que ainda podem ser evitados se a obra for cancelada. Essa luta está apenas começando.
Foto: Rodolfo Salm
Fonte da imagem: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4799380J9
* PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, é professor da UFPA (Universidade Federal do Pará) em Altamira, e faz parte do Painel de Especialistas para a Avaliação Independente dos Estudos de Impacto Ambiental de Belo Monte.

Negligência ao combate a dengue em Altamira

Fonte da imagem: http://carnaubaverdade.com/
Na segunda semana do mês de março, foi veiculada no jornal televisivo local da rede SBT que os órgãos estaduais de combate a Dengue no Estado estão acusando alguns municípios do Pará de estarem sendo negligentes em suas campanhas de Combate a Dengue, inclusive o município de Altamira.
Uma das acusações que se fez é de que muitos municípios realizavam muitas vistorias, mas sem a devida qualidade e cuidado e que, por essa razão, os índices da doença estariam aumentando nessas cidades.
As águas não vão rolar...
Enquanto Estado e município trocam acusações no que se refere a discussão de medidas paliativas em relação ao combate a dengue o município de Altamira parece não existir nenhuma perspectiva de instalação de um sistema de drenagem de águas pluviais ou de um sistema de esgotamento sanitário.
Em quase toda a cidade a água parada é uma realidade não só em terrenos baldios mas também no centro onde a água se acumula nas laterais das vias. Para piorar ainda mais a situação, algumas residências e pontos comerciais despejam parte de seus esgoto juntamente com as águas pluviais, contribuindo assim para a poluição e para a propagação de vetores de doenças.
Nos bairros, aquelas pessoas que não possuem um abastecimento regular de água muitas vezes estocam a água em recipientes sem nenhum tipo de cobertura o que favorece a proliferação da dengue.
A existência de um sistema de abastecimento por rede geral de água tratada, bem como um eficiente sistema de coleta de esgoto certamente reduziria o número de doenças transmitidas através da água.
Com base nessas premissas ficam algumas perguntas:
1) Como cidades com um orçamento bem mais reduzido que do município de Altamira possuem condições de saneamento muito melhores? (Um exemplo disso é o município de Redenção que em 2008 teve uma receita de 63 milhões e atendeu 4.060 domicílios com água tratada por rede geral, já Altamira teve 103 milhões de arrecadação e atendeu 4.391 –Dados do Censo Demográfico de 2010 do IBGE)
2) Para onde estão indo os recursos que deveriam estar sendo aplicados no saneamento básico (que é um direito básico dos cidadãos, diga-se de passagem)?;
3) Porque a população de Altamira age de maneira tão passiva a situações que atentam violentamente contra seus direitos básicos, uma vez que arcam com uma pesada carga de impostos e não possuem retorno algum por parte do poder público?

Os Números da Dengue no Estado.
Segundo matéria realizada por Roberta Vilanova, o informe Epidemiológico nº 2, divulgado dia 9 de fevereiro, foram registrados 3.269 casos de dengue no Pará e identificado o segundo caso de dengue tipo 4 no Estado.
Ainda segundo ela, os municípios com maior número de casos notificados são: Belém (478), Novo Progresso (309), Altamira (227), Santarém (225) e Parauapebas (177).

Centro de Conservação da Natureza

Aconteceu no ultimo dia 21 de março de 2011, em dependências do auditório da UFPA, a Apresentação do Centro de Conservação da Natureza da Bacia do Xingu (CNX). A apresentação ficou a cargo do diretor do centro, Prof. Dr. Hermes Fonseca de Medeiros.
Segundo a Secretaria Executiva do centro, a Geógrafa Janaina Melo Oliveira, o Prof. Dr. Hermes Fonseca de Medeiros, “fez uma apresentação visual da atual situação do CNX e os cenários futuros para o mesmo”.
O diretor informou aos presentes que os principais objetivos CNX são a criação de um banco de dados e metadados; funcionar como um veículo de integração interinstitucional e oferecer apoio logístico complementar para ações de pesquisa e extensão.
Estiveram presentes na ocasião os professores das Faculdades de Biologia, Geografia, a diretoria do Campus de Altamira, além de uma doutoranda da UNICAMP.

Barragens podem romper segundo a Defesa Civil de Altamira

Devido a cheia do Rio Xingu nas ultimas semanas, que atingiu 7 metros acima do nível normal, a defesa civil começa a evacuar moradores de áreas de risco em alguns bairros da cidade. Cerca de 280 famílias devem ser afetadas pela cheia do Rio Xingu. Parte dessas pessoas deve ser levada para abrigos organizados pela Prefeitura. Um desses locais é o Parque de Exposição do Município.
Para o agravamento da situação, segundo a Defesa Civil, algumas barragens correm o risco de romper devido ao grande fluxo de chuva na região, repetindo episódio da enchente ocorrida em 2009.
Enchente de 2009 em Altamira
Fonte da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI_Kwm0v9ErnHuzruO60Nb59dMLkU9bXE9lv3NKP6zqNyTD3LEN77VD1JEHxoM_UXdhJ17-z_gj5nud-SAfh-ql5ud-P3jMUzjlFdUYcnDjpGm88_CjYka5GxRYivBzJVxuL6dfn2YiZxP/s320/altamira2.JPG



Segundo informações extra-oficiais, algumas dessas barragens são de propriedades de fazendeiros que utilizam essa água para fornecê-la água ao gado e também para irrigar suas terras.
Cabe lembrar que obstruir ou desviar um curso natural de água sem licença é crime ambiental e que se realmente essa situação se confirmar, fica clara a ineficiência dos órgãos de fiscalização ambiental. E por outro lado, a existência dessas barragens coloca em risco milhares de moradores de Altamira.

A recepção que não aconteceu!

Luiz Fernando Roscoche

Segundo informações da Secretaria do Campus, alguns professores e funcionários esperam desde 2009 pelo evento de acolhimento, mas que até hoje não aconteceu. Desde julho de 2010, venho escutando a promessa de que seria realizado esse acolhimento para os novos professores e funcionários do Campus de Altamira. O objetivo dessa recepção é apresentar a instituição, sua forma de funcionamento, seus regulamentos, etc.
Todavia, depois de 8 meses isso ainda não ocorreu. O evento já foi planejado e não executado pelo menos 3 vezes ( em 8 meses). A primeira vez em outubro de 2010, a segunda em janeiro de 2011, depois março de 2011. Como vocês devem presumir, até o presente momento isso não ocorreu.
A nova data estipulada para o acolhimento dos servidores é o dia 29 de abril.

Recepção dos calouros do curso da Geografia 2011

Celso do Nascimento Ferreira (discente -Geografia 2009).
Calouros, veteranos e professores da Faculdade de Geografia
Foto: Polyana Lobato

Aconteceu no dia 14 de março de 2011, em dependências da Universidade Federal do Pará, Campus de Altamira, a recepção dos calouros da turma de 2011.
O curso além da turma de calouros de 2011, conta com mais duas turma, a de 2009 (regular - noturno) e a de 2010 (intensivo). Após julho está previsto a entrada de mais uma turma no período da manhã.
O evento foi organizado pelo Centro Acadêmico de Geografia (CAGE), e contou com a participação e a colaboração dos professores da Faculdade de Geografia (FACGEO). Durante o evento, o diretor da FACGEO, prof. José Queiroz Miranda Neto, falou das expectativas e perspectivas do curso, enaltecendo os avanços e as conquistas da Faculdade, e da alegria por estar iniciando mais uma turma no campus de Altamira. Finalizou seu discurso desejando as boas vindas aos alunos.
Na seqüência, o representante do Centro Acadêmico (CA) falou sobre o funcionamento do mesmo, suas atribuições dentro da Faculdade e reiterou os votos de boas vindas aos calouros de Geografia.
Além de professores da FACGEO, esteve presente o representante da Coordenação do Campus, Prof. Plácido Magalhães.
O evento teve seu encerramento com um coquetel, embalado pela música ao vivo, com o cantor sertanejo Diogo Suk.

Geoeventos

11ª edição da Semana de Integração das Ciências Agrárias – SICA

Acontecerá este ano, a 11ª edição da Semana de Integração das Ciências Agrárias – SICA. A data para o evento será entre os 14 a 18 de novembro de 2011, tendo como local a Universidade Federal do Pará - UFPA.
Segundo os discentes do curso de Engenharia Agronômica e Engenharia Florestal da UFPA que organizam o evento, o objetivo é integrar os profissionais da área com estudantes de graduação, professores, pesquisadores e agricultores da região da Transamazônica. Ainda segundo eles, “o evento tem como foco de debate assuntos pertinentes ao desenvolvimento sustentável da região de forma que venha a contribuir na formação dos principais agentes de desenvolvimento da região, que são os agricultores”.

I Semana de Geografia da UFPA

A I Semana Acadêmica de Geografia da UFPA – Campus de Altamira, cujo tema é "Transamazônica e Xingu: Políticas Públicas na Modificação do Espaço Geográfico", acontecerá entre os dias 27 de junho a 1 de julho de 2011, no Campus de Altamira da Universidade do Estado do Pará.
O evento tem como proposta, criar um debate entre todos os atores sociais envolvidos nas problemáticas da região como o asfaltamento da Rodovia Transamazônica; a construção da Hidrelétrica de Belo Monte e os grandes empreendimentos agropecuários. As mesas redondas que discutirão estes temas devem ser compostas por membros da academia, do setor privado, do governo e dos movimentos sociais, de modo que todos possam explanar seus argumentos de maneira democrática.

Homenagem às agricultoras da Transamazônica

Homenagem às agricultoras da Transamazônica

Figura 1. (agricultora da Transamazônica). Esta foto faz parte do DVD que participou do prêmio Margarida Alves de Estudos Rurais. Fonte: Ivonete Coutinho, 2008.

Desde 2006 acontece anualmente o evento “Encontros Regionais das Mulheres Agricultoras da Transamazônica”, que é realizado em um dos municípios da região. Tal evento tem a participação da professora do Campus de Altamira, Ivonete Coutinho. Segundo ela, este evento, está vinculado ao projeto de pesquisa: Mulheres Agricultoras da Transamazônica: trajetórias de ocupação, de produção e de organização social.
Em razão dessas atividades e da experiência vivida com essas agricultoras, a profa. realiza uma homenagem a todas as mulheres agricultoras da Transamazônica, através da seguinte poesia.




Agricultoras da Transamazônica
Ivonete Coutinho (Profa. da Faculdade de Letras)

Mulheres da terra, colonas, migrantes, agricultoras,
Reconhecidas ou não!
Todas cruzaram duras batalhas e histórias irônicas;
Maria, Francisca, Ana, Erzilia, Mercedes.
Quem são? São as mulheres da Transamazônica.
De muitas labutas pra fincar no chão,
Sua fé, sua garra, sua mão calejada, produzir o pão;
Mulheres de longe, do sul do sertão,
Do cerrado, da caatinga, todas advindas da migração.
Em busca da terra, do sustento da família,
De maior liberdade, da dignidade e melhorias de vida!
Mulheres da terra / agricultoras em busca de chão,
Aqui padeceram, lutaram, sofreram,
Tendo em frente a coragem e determinação.
Foram heroínas de muitas labutas, trágicas e cômicas
Assim, registramos: são as mulheres da Transamazônica.
A elas nossa homenagem, com um carinho especial!
Pela mulher, pela mãe, pela esposa! Pela trabalhadora rural;
E não nos esqueçamos daquelas, que um dia nos deixaram, mas lutaram até o final.
Nossas sinceras lembranças e o registro oficial,
Que agora se faz neste espaço, para o reconhecimento geral.

Pará, o campeão nacional de trabalho escravo

Ronaldo Marcos de Lima Araujo*
Professor da UFPA - rlima@ufpa.br

Estima-se que existam hoje no Brasil cerca de 30 mil trabalhadores submetidos a condições de trabalho escravo. Destes, 70% estariam concentrados no Estado do Pará, o que confere ao nosso estado o triste título de "campeão nacional de trabalho escravo". A maioria das ocorrências de trabalho escravo no Pará foram localizadas, particularmente, em São Félix do Xingu e Santana do Araguaia, mas também em outros municípios do sul e sudeste do estado.
Segundo estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2000 foram registrados no Brasil 465 casos de trabalhadores escravos libertados após denúncias, em 2001 foram 2.416 casos e em 2002, 4.143 casos. No ano passado, foram 5.659 trabalhadores rurais, sendo 2.546 somente no estado do Pará.
O trabalho escravo contemporâneo pode ser caracterizado como aquele em que o empregador sujeita o empregado a condições de trabalho degradantes e o impede de desvincular-se de seu "contrato".
A retenção de salários, a violência física e moral, a fraude, o aliciamento, o sistema de acumulação de dívidas (principal instrumento de aprisionamento do trabalhador), as jornadas de trabalho longas, a supressão da liberdade de ir e vir, o não-fornecimento de equipamentos de proteção, a inexistência de atendimento médico, a situação de adoecimento, o fornecimento de água e alimentação inadequadas para consumo humano, entre outros, são elementos associados ao trabalho escravo contemporâneo.
Pode-se apontar que é na forma histórica de ocupação e de exploração do campo brasileiro e particularmente da Amazônia que se encontram as principais causas do trabalho escravo contemporâneo. E se a reforma agrária deve ser entendida como a ferramenta mais eficaz e duradoura para o combate ao trabalho escravo, diferentes ações devem ser desenvolvidas.
Desde o ano passado, quando foi deflagrada a Campanha Estadual pela Erradicação do Trabalho Escravo, vêm sendo empreendidas em nosso estado diferentes ações, fiscalizatórias, repressivas, educativas e assistenciais que convergem para o objetivo de erradicação do trabalho escravo. A UFPA tem participado da coordenação desta campanha produzindo materiais educativos, desenvolvendo ações de pesquisa (constituindo um banco de imagens e sistematizando a produção bibliográfica existente sobre o tema), promovendo ações educativas, organizando uma publicação e empreendendo outras ações específicas, como o encaminhamento de produção de um filme curta-metragem focando o tema, além de articular-se às demais ações da campanha.
Muitas são as tarefas e atividades possíveis de serem
desenvolvidas pela comunidade acadêmica da UFPA. Muitos são os dados existentes que precisam ser organizados e analisados, à luz da pedagogia, da sociologia, da psicologia, da assistência social, das ciências jurídicas, da medicina, da economia, enfim, das diferentes disciplinas que podem ajudar a explicar e, assim, combater a prática do trabalho escravo em nosso estado.
Fazemos um convite, portanto, à comunidade universitária para que se mobilize em torno deste objetivo que tem o significado de luta contra a mortificação e a degradação humana.
Liberar o homem da escravidão pelo trabalho e o trabalho do significado de mortificação e tortura faz parte de uma pauta mais ampla de conquistas sociais tendo em vista a ressignificação desta atividade que tem a função histórica de promover o homem como ser autônomo, criativo e de solidariedade.