quarta-feira, 27 de abril de 2011

O JORGE de cara nova!

De modo singelo o JORGE surgiu ainda no ano de 2010 em sua primeira edição com o objetivo de criar um meio de comunicação entre alunos, professores e comunidade, buscando debater as problemáticas vivenciadas por esses atores sociais.
Outro objetivo do JORGE é estimular o hábito da leitura e da escrita
Fonte da imagem: http://mudandooambiente.blogspot.com/2010/07/de-cara-nova-tudo-novo.html
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A grande aceitação do Jornal de Geografia no quadro acadêmico da UFPA, fez com que nos colocassemos a disposição de toda comunidade acadêmica.
Gostaríamos de agradecer a todos os colaboradores desse jornal e especialmente aos professores da Faculdade de Geografia que através de sua colaboração intelectual e financeira tornou possível o JORGE ter hoje uma maior tiragem e qualidade gráfica. Estendemos nossos agradecimentos aos nossos patrocinadores que nos acompanham desde a primeira edição.
Luiz Fernando Roscoche - Editor.

Acadêmicos da UFPA participam de Estágio de Vida na Selva

Foto: da autora
Os alunos das Faculdades de Geografia e Engenharia Florestal, estiveram no ultimo dia 7 de abril, no Estágio de Vida na Selva, promovido pela 51° Batalhão de Infantaria de Selva – Batalhão Capitão-Mor Bento Maciel Parente. O objetivo do evento foi demonstrar aos universitários da UFPA algumas técnicas de sobrevivência no ambiente da selva amazônica.
As atividades se iniciaram no inicio da manhã, com a acolhida, quando foi realizada a entrega da mochila de assalto, contendo marmita, caneca, talheres, cinto com canil e o gorro de selva. Na seqüência os participantes foram encaminhados ao auditório para assistir a uma palestra do contexto Histórico e Geográfico do Exercito Militar, ministrada pelo Tenente Coronel Sérgio Wilton Lopes de Barros.
Foto: da autora

Finalizada a palestra os acadêmicos foram conduzidos para os locais onde aconteceriam as atividades. Dentre os temas ministrados estavam higiene e primeiros socorros, de matérias nativas para construção de abrigo, técnicas de reconhecimento, manuseio e captura de animais peçonhentos, obtenção de fogo e água. Depois do término das atividades ocorreu a formatura dos estagiários, quando foi entoada a oração de guerra da selva e as leis da Guerra, ambas respectivamente entoadas pelos universitários Lídia Patrícia de Lucena Pereira e Jordan Carvalho Pantoja. Após a cerimônia do arriamento da Bandeira e execução do hino nacional, houve a entrega de certificados de participação aos estagiários.
Os acadêmicos avaliaram a experiência de modo bastante positivo, tecendo elogios a todos os militares envolvidos, especialmente pela atenção do Tenente Coronel Sérgio Wilton Lopes de Barros. Segundo os participantes a vivência será muito útil em situações de risco e emergência.
Polyana Lobato -Coordenadora do CAGe Campus de Altamira UFPA

Controle de freqüência dos professores na UFPA infringe decreto

Como muitos sabem, os professores os professores podem desenvolver suas atividades de ensino em sala de aula ou em campo. As pesquisas por sua vez também podem ocorrer em laboratórios, cabinetes e também em campo. Muitas vezes os professores viajam seja para estabelecer contatos com outros pesquisadores, realizar pesquisas ou até mesmo participar de congressos para divulgar resultados de suas pesquisas. E, finalmente, existem os trabalhos de extensão, que em muitos casos podem ocorrer além dos muros da universidade. Diante do exposto, fica evidente que muitas das atividades laborais dos professores ocorrem além do espaço físico da universidade, mesmo porque, como pode ser verificado no Campus de Altamira, por vezes, nem mesmo as atividades mais simples não podem ser realizadas na universidade em virtude da falta de espaço físico e da precária infra-estrutura.
Porém, mesmo diante desses fatos, a UFPA, através da Pró-Reitoria de Ensino e Graduação (PROEG) começou a exigir dos institutos, núcleos e campi do interior o controle da freqüência dos professores a partir do segundo semestre letivo de 2010.
Conforme demonstra a edição de setembro de 2010 do jornal da ADULPA (Associação dos Docentes da UFPA), através do ofício-circular nº 83, em 13 de agosto de 2010,encaminhado a todas as unidades a PROEG, recomenda o acompanhamento da freqüência docente nas aulas programadas, sendo necessário o registro das faltas injustificadas ocorridas a cada mês, com o envio de relatório à Pró-Reitoria.
O jornal da Adulfpa (09/2010) adverte, que caso sejam aplicadas as orientações expedidas pelo oficio da PROEG, a UFPA estará infringindo o decreto presidencial nº 1867 de 17 de abril de 1996. Segundo esse decreto estão excluídos da cobrança de freqüência os “portadores de cargos do serviço público federal de natureza especial; grupo-direção e assessoramento superiores - DAS, iguais ou superiores ao nível 4; de direção - CD, hierarquicamente iguais ou superiores a DAS 4 ou CD-3; de pesquisador e tecnologista do Plano de Carreira para a área de Ciência e Tecnologia; e de professor da Carreira de Magistério Superior do Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos”.
Segundo a tesoureira geral da ADUFPA, Vera Jacob, “devem ser criados outros mecanismos para acompanhar o trabalho do professor, não o controle de freqüência e entrega de relatório mensal”. A professora Vera lembra que não seria necessário esses mecanismo uma que a Resolução nº 1241/2008, cria uma série de exigências a serem cumpridas pelos docentes, que caso não sejam cumpridas, podem sofrer uma série de penalidades.

Professores, alunos e funcionários da Ufopa são perseguidos

Fonte da imagem:http://blogdomarquinho45.blogspot.com/2011/03/ufopa-convoca-classificados-no-mestrado.html

Tudo começou naquela que seria a aula magna da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). O reitor pro tempore, Seixas Lourenço, vetou a fala do Diretório Central dos Estudantes (DCE) que protestava contra a falta de democracia na Universidade. Os alunos acabaram invadindo o local onde acontecia a aula inaugural e em silencio, com as bocas amordaçadas e cartazes protestavam contra a falta de democracia e a precariedade da estrutura da instituição. Desde este episódio, o prof. Gilson Costa, bem como outros técnicos e alunos vem sendo perseguidos pela reitoria, através de aberturas de processos administrativos disciplinares (PDAs) e outras medidas.
Cândido Cunha, avalia que ''o autoritarismo e o arbítrio tomaram conta da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa)''. Segundo ele, além do Processo Administrativo Disciplinar (PDA) aberto contra o professor Gilson Costa e as duas sindicância abertas contra estudantes e técnicos administrativos que participaram de um protesto pacífico ocorrido durante uma aula inaugural pública, agora abriram mais processos de perseguição em massa. Calcula-se que entre cinqüenta e oitenta, deverão ser notificados na próxima segunda-feira que foram abertos PADs contra os mesmos por terem participado do referido protesto. Cândido Cunha, alerta para a ''curiosidade'' do fato de que os o processo de sindicância foi concluído em tempo recorde sem que nenhum dos estudantes acusados tenha sido ouvido.
As informações, segundo Cunha teriam vazado no final da tarde de sexta-feira, 8 de abril. No turno da noite, alguns calouros que estudam no chamado "Centro de Formação Interdisciplinar" já teriam sido notificados.
Outras informações conseguidas de forma sigilosa por Cunha dão conta de que serão processados 21 estudantes do Instituto de Ciências da Sociedade, sendo que a maioria deles estudantes do curso de Direito e mais trinta outros alunos dos cursos do Instituto de Ciências da Educação, além de estudantes de vários outros centros e cursos.
Cunha pede apoio de professores e alunos para que participem da campanha de solidariedade ao Movimento Estudantil da Ufopa, ao professor Gilson Costa e ao técnico-administrativo Wallace, que também deverá responder a um processo administrativo. Cunha solicita que as pessoas enviem suas moções de repúdio ao reitor.

CENSURADO


Causava estranheza a faixa em frente a Universidade Federal do Pará, onde lia-se o nome da festa “I Fodal”, com uma tarja negra com a palavra “censurado”. Parece que a tentativa de censura saiu pela culatra, afinal, além do nome da festa estar visível, também estava explicita a palavra de protesto pela tentativa de censura da festa em questão.
O anuncio em questão, era uma propaganda do I Forró da Engenharia Florestal (I FODAL), que aconteceu dia 08 de Abril, em dependências do Campus da Universidade Federal do Pará.
Segundo o coordenador geral do Diretório Acadêmico (DA), Sidney Fortunato da Silva Junior, o nome da festa teria sido censurado pela coordenação geral do Campus de Altamira. A alegação para a censura era de que “o nome da festa estaria expondo uma visão pejorativa da universidade, sujando o nome da UFPA – Altamira”.
Sidney, lembra que se não bastasse a censura do nome da festa de engenharia florestal a coordenação estaria querendo censurar também o Dark Room (sala Escura) da Festa CABe+, organizada pelo Centro Acadêmico de Pedagogia.
Outra acusação levanta pelo representante do DA é de que os professores estariam marcando reuniões extraordinárias para debater exclusivamente o nome da festa da comissão de formatura da engenharia florestal 2010 sem convidar a parte mais interessada, os alunos.
O Diretório Acadêmico, classificam como “arbitrária e medieval” a decisão da coordenação do Campus em avaliar como pejorativa o nome da festa.
O que suja o nome da instituição na opinião do DA, são fatos como a deterioração dos materiais do REUNI pelas intempéries, os Centros Acadêmicos que não possuem salas, os prédios com obras atrasadas ou até mesmo a Casa do Estudante sem água durante quase três meses. Isso sim, é visto como uma vergonha segundo o DA. Na opinião deles, esses e muitos outros problemas é que maculariam realmente o nome da instituição.
Baseados nos problemas citados e em muitos outros o DA está propondo a Campanha “S.O.S UFPA”, que foi tirada no nosso conselho de entidades de base, aprovada com um quorum de quase 100 estudantes e que tem como objetivo lutar contra o atual sucateamento do Campus de Altamira.

Participe da campanha "S.O.S UFPA", contra o sucateamento do campus e a favor da liberdade cultural. visite nosso blog: http:// DAtitude.wordpress.com

Fonte das informações: Sidney Fortunato da Silva Junior (Coordenador Geral do Diretório Acadêmico - Gestão ATITUDE)

A Geografia dos Solos

Profa. Msc. Rita Denise de Oliveira
(Faculdade de Geografia)

Os solos têm importância para o desenvolvimento econômico da humanidade desde a antiguidade, como fonte de alimentação, substrato para construções, matéria–prima e reserva biológica. Na transamazônica, mais precisamente no Município de Altamira, essa funcionalidade tem se mantido através de atividades importantes como agricultura, pecuária e exploração mineral. A Faculdade de Geografia, apesar de ser um curso de implantação recente no Campus de Altamira, e ainda engatinhando nos trabalhos pedológicos, tem obtido resultados interessantes em seus primeiros trabalhos de reconhecimento em áreas urbanas e rurais de Altamira realizados sob coordenação da Prof. MSc. Rita Denize de Oliveira. Nas áreas urbanas foram selecionados alguns bairros residenciais para pesquisa, e dos perfis de solo descritos, observamos que as unidades pedológicas apresentam inúmeras alterações provocadas pela intervenção antrópica, sendo identificados vários objetos como vidro, sacos plásticos, cano PVC, ossos, sandálias. Segundo conversa com moradores locais, vários bairros de Altamira teriam sido aterrados com entulhos, configurando perfis típicos do tecnógeno (feições resultantes de atividade humana) (Figura 01),
Figura 01: Camada superficial dos solos em uma Avenida Via Oeste.
podendo provocar graves problemas ambientais como a contaminação do subsolo. Essa prática inadequada vem acontecendo a algumas décadas em outras cidades Amazônicas como Belém, a exemplo o bairro do Marco, que atualmente enfrenta um expressivo processo de verticalização, cujas conseqüências são imprevisíveis. Quanto às áreas rurais de Altamira, foram selecionadas algumas propriedades rurais no Ramal São Francisco.
A caracterização morfológica dos perfis de solos demonstrou textura acima de 60% de areia, declive acima de 20%, com uso atual predominantemente de pastagem, e perceptível redução no conteúdo de matéria orgânica, através da prática de queimadas, que favorecem ao aparecimento de processos erosivos de grande envergadura como voçorocas (Ver figura 02).
Figura 02: Voçoroca localizada em propriedade Rural próximo ao ramal São Francisco.
Salientamos a necessidade emergencial de praticas que incentivem a manutenção de áreas verdes, e assim, garantir uma maior estabilade do solo reduzindo a ação do splash que favorece o aparecimento de sulcos, ravinas e até mesmo voçorocas. Apesar deste impacto apresentar-se a nível local, os sedimentos transportados através do escoamento superficial são depositados em pequenos córregos que atravessam as propriedades rurais e chegam as áreas urbanas, provocando assoreamento dos mesmos. Neste caso especifico, segundo informações dos pequenos proprietários, algumas nascentes como a do igarapé de Altamira atravessam essas propriedades e são impactadas por praticas inadequadas ao tipo de solo e relevo, a conseqüência é a redução da profundidade do canal pelo assoreamento, provocando enchentes como as observadas as proximidades da foz desse igarapé. Essas enchentes se potencializam ainda mais pelo lançamento de resíduos sólidos nos canais, favorecendo a disseminação de doenças de veiculação hídrica, trazendo vários transtornos a inúmeras famílias. Nesse sentido, destacamos a importância de fortalecermos um grupo de pesquisa em solo, no campus de Altamira, para desenvolver pesquisas sobre fertilidade, manejo, microbiologia, gênese, levantamento e classificação de solos entre outras, sem, no entanto, perder a dimensão social. Esse grupo constituído de profissionais de diferentes Faculdades deveria interagir em Laboratórios institucionais, na qual os docentes possam orientar seus alunos de uma forma mais eficaz, com laboratórios equipados e em pleno funcionamento, formando profissionais qualificados para atuar na região, mitigando uma gama de impactos sob a hidrografia, geomorfologia, pedologia e principalmente sobre a qualidade de vida da população local.
Colaboradores: Geane, Meyjael , Aldani, Germano, Celso.

Conflitos Agrários em Anapu: a saga continua

Prof. José Antonio M. Marinho
(Faculdade de Geografia)

Os conflitos agrários em Anapu ganharam grande visibilidade com o assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, em 2005. Tal assassinato, que teve repercussão internacional, evidenciou mais uma vez a gravidade e o desfecho comum dos problemas agrários em nossa região, sendo exemplar pela crueldade com que foi cometido. Ainda naquele mesmo ano, conforme a CPT, mais dois assassinatos ceifariam a vida de trabalhadores rurais no município, indicando a continuidade dos conflitos. Na abordagem geográfica, esta problemática vem sendo amplamente discutida, sendo considerada imanente ao próprio desenvolvimento do capitalismo no campo (ou na floresta). Mas apreciemos, inicialmente, uma explicação que, apesar de seu fundamento geográfico, não parece muito apropriada para o caso.
A defesa dos acusados de terem tramado a morte de Dorothy sugeriu que muitos conflitos na área eram estimulados pela atuação da própria missionária. Isto se deveria, conforme um famoso advogado que atua nesses casos, ao fato de a religiosa ter um comportamento belicoso, por ser norte-americana, argumento que se baseava, inclusive, em informações dando conta de seu envolvimento com a transação de armamentos. Provavelmente, se este assassinato tivesse acontecido no século XIX, esta argumentação teria sido levada mais a sério. Contudo, em nosso tempo, esta abordagem de cunho determinista, apesar de os EUA realmente estarem ‘’metidos’’ em uma série de conflitos pelo mundo todo, parece não ser muito promissora, pelo menos para ajudar a entender a natureza dos conflitos agrários em Anapu.
Uma interpretação mais concreta desses conflitos precisa considerar, necessariamente, a produção do espaço nesse município. A produção desse espaço é profundamente marcada pela construção da Transamazônica e pelas políticas de transferências de terras públicas para fazendeiros através do Contrato de Alienação de Terras Públicas (CATP). Neste modelo de ocupação econômica é que parece residir o DNA dos conflitos agrários na área, visto que confrontou, de um lado, agentes capitalizados, que sempre se recusaram em sair de terras públicas e deixar de explorar seus recursos naturais, e de outro, movimentos sociais, pressionando para que essas terras tivessem usos mais sustentáveis, com a criação de Projetos de Desenvolvimento Sustentáveis (PDS), por exemplo.
É na confrontação dessas formas de usos do território que se instala um estado de tensão permanente, no qual o assassinato de trabalhadores rurais constitui o momento de violência mais explícito dentro de um processo conflituoso, em que a ameaça, a violência e o medo são estruturais. Comprovação disso vem da CPT de Anapu denunciando que a casa do Sr. Enival Soares Matias, agricultor assentado na parcela nº 996 da vicinal dois do PDS Anapu I (Esperança), que é um dos agricultores que estão acampados na entrada do PDS Esperança em manifestação contra a exploração ilegal de madeira no PDS, foi incendiada na manhã do dia 01 de abril de 2011, ficando completamente destruída, juntamente com todos seus objetos.
Para a CPT, isso foi um aviso do que poderá acontecer com os agricultores que estão contra os madeireiros no PDS, se as autoridades não agirem rápido em Anapu. Todavia, em um momento em que o Estado vem buscando implementar seus projetos na Amazônia a toque de caixa, o que esperar da advertência feita pela CPT? A julgar pelo contexto em que estamos, resta a esses agricultores apenas resistir com suas próprias forças, como já vêm fazendo, e contar, quem sabe, com alguma ajuda do além (onde, aliás, já têm vários conhecidos), pois, no plano concreto, o cerco está cada vez mais fechando, para parafrasear um eminente estudioso da questão agrária na região.

O Turismo como política pública: por uma estratégia espacial para além do desenvolvimento econômico

O Turismo como política pública: por uma estratégia espacial para além do desenvolvimento econômico

Prof. MSc. José Carlos da S. Cordovil (Faculdade de Geografia)

Há anos tem-se propalado a redução da importância do Estado no contexto econômico, político e social da sociedade, contudo, o que se discute, atualmente, é uma redefinição de seu papel, mas não de sua relevância no contexto do desenvolvimento no mundo globalizado. As reestruturações no aparato estatal redefiniram as ações de políticas públicas que estão voltadas ao crescimento econômico e à competitividade no mercado atual. Nesse sentido, tais políticas buscam uma nova forma de administração que envolva o setor privado e os demais poderes públicos no processo de desenvolvimento nacional. O turismo surge, no atual contexto de flexibilização econômica, como estratégia de política pública capaz de ocasionar o desenvolvimento, se bem planejado.
Mas, as repercussões ocasionadas na elaboração e implementação das políticas de turismo mostram que a concepção de desenvolvimento apresenta um reducionismo ligado ao crescimento econômico e à modernização tecnológica, deixando de se analisar variáveis como autonomia e justiça social como elementos importantes no processo de planejar o desenvolvimento.
Nestes termos, pretende-se com esse breve texto evidenciar a importância das políticas de turismo como estratégia de gestão territorial, relacionando-a com as contribuições teóricas do desenvolvimento sócioespacial de (SOUZA, 2004), visando a relativizar o conceito de desenvolvimento ora aplicado às políticas públicas de turismo, apontando uma possível interpretação crítica como proposta de gestão para o desenvolvimento.
A partir de uma análise crítica verifica-se a grande transformação na estrutura do Estado, em que a redefinição de sua ação torna o turismo como uma das mais promissoras atividades econômicas, não é apenas como um fenômeno econômico, mas também político, cultural e social, que pela sua relevância passa a ser utilizada como estratégia de gestão do território.
Através das ações governamentais são implementadas políticas públicas, especialmente em nível estadual e municipal cujos objetivos dizem respeito à instalação de infra-estrutura, de equipamentos e à qualidade dos serviços turísticos e/ou de apoio ao turismo, configurando a atividade como vetor estratégico de crescimento.
Contudo, sabe-se que a maior parte das literaturas enfatiza a concepção de desenvolvimento como sinônimo de crescimento econômico e modernização tecnológica, havendo assim, a necessidade de ampliação do entendimento do conceito, analisando-o como processual em que deverão constar como variáveis a justiça social e a qualidade de vida e a autonomia individual e coletiva de todos os atores sociais Como estratégia espacial, atualmente o turismo tem se revestido como alternativa de desenvolvimento; este, contudo, é marcado por uma presença da abordagem economicista. A concepção de desenvolvimento presente nas ações de incentivo à atividade prima por considerar a dimensão econômica sem levar em conta parâmetros como a justiça social e a qualidade de vida.
É importante que as estratégias de gestão territorial possibilitem a implementação da atividade turística não como uma finalidade em si mesma, mas como um meio que permita o desenvolvimento econômico, social e espacial. Para isso, é preciso que a política de turismo seja resultado de discussões e de participação social, verificando-se as propostas dos vários setores que vêem no turismo uma alternativa para o desenvolvimento, especialmente da população, grupos e comunidades que vivem cotidianamente o espaço local.
Nesse sentido, pontuamos que o processo de construção de uma sociedade mais justa e social deve ser encarada como um desafio, pois segundo Lefebvre (1999) o possível faz parte do real, lhe dá o sentido, ou seja, a direção e a orientação; e a possibilidade, nesse caso, é a prática da atividade turística como estratégia de gestão para o desenvolvimento sócioespacial.
Esse é o grande desafio, tornar o turismo um propiciador de desenvolvimento, um fator de sustentabilidade, mas esta precisa ser construída considerando que não basta somente um desenvolvimento econômico, mas sócioespacial.

Artistas contra Belo Monte

Prof. Phd. Rodoldo Salm (Faculdade de Biologia - UFPA)

Estava tudo certo para ser tranqüilo o doutoramento “honoris causa” do ex-presidente Lula pela Universidade de Coimbra. Mas um grupo de estudantes, portugueses e brasileiros, conseguiu causar-lhe algum constrangimento, ao recebê-lo na universidade com faixas de protesto contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte no Xingu: “Em defesa da Amazônia - Dilma pare a barragem do Belo Monte” era o que se lia numa faixa que colocaram à porta da universidade, segundo divulgou a Agência Lusa, em uma nota que falava que ele e Dilma foram recebidos sob gritos de que “água e energia não são mercadoria” (um dos motos preferidos das manifestações aqui em Altamira). Conseguiram entregar-lhes um folheto com questionamentos sobre a barragem. Pode-se dizer que era uma manifestação nanica, e a imprensa brasileira nem noticiou o ocorrido, mas aqueles estudantes se colocaram muito apropriadamente como examinadores da “obra” do nosso ex-presidente, que lhe permitiu sentar entre os “sábios” da academia portuguesa. De tudo o que ele fez nesses oito anos, o que lhes pareceu mais relevante (e digno de protesto), foi plantar a semente desta obra desastrosa no coração da floresta amazônica. As obras da barragem mal começaram e a campanha pela sua paralisação vem ganhando cada vez mais adeptos, com mais e mais visibilidade.
Esteve de passagem por Altamira no ultimo dia 23 de março o mega-astro de Hollywood, e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, que, a convite do cineasta James Cameron e do líder Kayapó Raoni, sobrevoou o Rio Xingu e conversou com índios preocupados com a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Os dois participavam do Fórum Mundial de Sustentabilidade, que ocorria em Manaus, onde o ex-presidente norte-americano Bill Clinton também manifestou sua preocupação com relação da hidrelétrica. No ano passado, a atriz Sigourney Weaver, também veio à cidade e eu fiz questão de ir à beira do rio, enquanto ela saía em uma expedição para se encontrar com os índios, agradecer a sua participação na luta contra a barragem. James Cameron, que disse que vai filmar documentário sobre Belo Monte, recentemente tornou-se o principal interlocutor internacional dos movimentos de resistência contra a barragem, ocupando mais ou menos o mesmo papel que teve o roqueiro britânico Sting desempenhou no fim dos anos 1990 quanto este velho projeto da ditadura militar ressurgiu com o nome de Kararaô.
A participação dos artistas estrangeiros na campanha contra Belo Monte é bem-vinda, dada a nossa extrema incapacidade de falar em larga escala sobre os vários aspectos da tragédia que seria sua construção. Isso, devido à dificuldade de acesso ao espaço na grande imprensa nacional. Mas é evidente que a ajuda dos estrangeiros vem despertando as mais iradas reações xenófobas e falsamente nacionalistas. No artigo “Qual o mistério por trás do Belo Monte?”, de Osvaldo Nobre, publicado no Monitor Mercantil de 25 de fevereiro de 2011, por exemplo, o autor se queixa da campanha das celebridades internacionais contra a barragem. E de “outros, menos badalados... e com raras exceções, sem nenhum vínculo com a nacionalidade brasileira ou com a nossa soberania”. Realmente, é vergonhosa a complacência da maior parte da nossa intelectualidade e classe artística diante da tragédia que neste momento se arma na Região Amazônica.
Mas há cada vez mais e mais exceções. Como, por exemplo a brasileiríssima (e paraense!) atriz Dira Paes que narrou a versão em português do filme “Defendendo os Rios da Amazônia”, cuja versão em inglês fora narrada por Sigourney Weaver (Defending the Rivers of the Amazon). Também merecem destaque as manifestações de Marcos Palmeira (“Sou contra a usina de Belo Monte pelo impacto que vai causar na região, além de não ser a solução para a nossa energia. Tínhamos o Xingu como marco da preservação no Brasil e agora o ‘progresso’ chegou de vez para poluir a região e aumentar o desequilíbrio ambiental, causando mais pobreza e desigualdade!”), Letícia Spiller (“Não se pode usar como álibi o progresso, quando milhares de pessoas estão morrendo por negligenciarem o desmatamento e a mudança do curso de rios.), Christiane Torloni (“Fico preocupada com Belo Monte. Será que é uma obra de que o mundo precisa?”) e Victor Fasano (Sou contra Belo Monte, pois sou contra a destruição de qualquer floresta, destruição de qualquer população indígena e sua cultura, contra a ignorância de alguns governantes que afirmam de peito estufado que temos o direito de destruir nosso meio ambiente porque ele é nosso, nos pertence). Osvaldo Nobre há de admitir que já é um elenco e tanto.
A polêmica a cerca da construção da barragem de Belo Monte segue esquentando. Ainda mais agora que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos solicitou oficialmente a suspensão da obra pela falta de “prévia, livre, informada, de boa-fé e culturalmente adequada” consulta dos povos indígenas. Que é legalmente uma violação de direitos humanos. Mas a situação já se tornou explosiva é nas obras das hidrelétricas do Rio Madeira, onde operários amotinados recentemente tacaram fogo em dezenas de ônibus em seus alojamentos, reivindicando melhorias nas suas condições de trabalho. A mesma situação caótica está se armando em Altamira com a construção de Belo Monte.
Enquanto no imaginário popular, o rio Madeira é uma fronteira distante a ser colonizada, como observou Marcos Palmeira, o Xingu é um “marco da preservação no Brasil”. Qual o mistério por trás do Belo Monte? – Pergunta o artigo xenófobo do Monitor Mercantil. A resposta está justamente nas cachoeiras da Volta Grande, que historicamente impediram a navegação rio-acima dos colonizadores, permitindo a preservação de uma quantidade imensa e única de povos indígenas e de florestas em todo o mundo. E que pretendem destruir com Belo Monte em nome da produção de energia barata para empresas multinacionais. Assim, chegam a ser ridículos os defensores da barragem falando pela “nacionalidade brasileira” e “soberania”. Como os estudantes da Universidade de Coimbra (muito mais espertos que os seus professores) deixaram bem claro, durante a cerimônia de doutoramento do Lula, a luta pela vida ou a morte do Xingu é o grande drama do nosso tempo. A montagem do grande elenco já começou.

A palavra, a racionalidade e o ambiente

Prof. Dr. Yarnel de Oliveira Campos
(Faculdade de Geografia -UFPA)

A palavra é um signo que se relaciona com o objeto de maneira a dar origem em nossa mente a um segundo signo, que explica o primeiro. Ao explicar para uma criança o signo da palavra pássaro pode-se mostrar um desenho de um pássaro, que é o segundo signo que interpreta o primeiro. Então podemos dizer que o signo é uma coisa que está no lugar que ele representa. Essa representação pode assumir aspectos múltiplos de acordo com o tipo de relação que o signo mantém com o objeto.
Quando a relação entre o objeto e o signo é arbitrária, imposta por uma convenção, tem-se o símbolo. A palavra é uma linguagem simbólica, pois não há nada na palavra pássaro nem na sua forma escrita que nos leve ao objeto por ele representado, então se torna um ato arbitrário.
À medida que essa relação, signo simbólico e o objeto representado são arbitrários se manifesta como uma construção da razão para podermos aproximar da realidade e transmitir o conhecimento. Assim se instaura a construção histórica, ou seja, a temporalidade da existência humana. Pela palavra escrita ou verbal, o ser humano deixa de reagir somente ao presente e constrói o seu projeto de sustentabilidade da vida.
A palavra “meio”, segundo o dicionário Aurélio significa: “Ponto equidistante, ou mais ou menos equidistante, dos extremos; metade. Ou ponto equidistante de diversos outros em sua periferia; centro”. O signo simbólico da palavra “meio” é construído em nossa razão como metade ou centro de algo.
Segundo Enrique Leff (2002, p.73) no livro intitulado “Epistemologia Ambiental”, foi o naturalista francês, Geoffroy Saint-Hilaire - (1772 – 1844), quem usou a noção de “meio Ambiente” em 1831 para referir-se às circunstâncias que afetam uma “FORMAÇÃO CENTRADA”.
O descaso semântico do termo “Meio Ambiente” me preocupa, pois a palavra “Meio” pode nos remeter, enquanto idéia: a metade de um todo, ao centro de uma parte, a separação do sistema ambiental complexo e ainda ao antropocentrismo ou ao ecocentrismo. Ao posicionarem na defesa do antropocentrismo, manifestam-se a visão de que o mundo gira em torno das necessidades humanas e a natureza é abordada como instrumento para nos favorecer. Já o ecocentrismo diverge dessa visão e nega a centralidade do ser humano no ambiente e integra-o na órbita da natureza. Essas visões possuem como fundamento a centralidade, seja como centro o ser humano ou a natureza.
Já pensamos que éramos o centro do Universo, do sistema solar e até de nos mesmo enquanto ser racional. Todas essas centralidades foram desbancadas. Será que a concepção da palavra meio nos conduziu a uma centralidade que nos levou a estabelecer um raio concêntrico para nos proteger dos acidentes nucleares? Ou usar a concepção de centro na legislação para proteger nossas nascentes de água? Será que a natureza entende e submete a lógica do centro ou da metade construída na nossa razão? Essas questões ficam para uma reflexão sob a luz da racionalidade e posteriores discussões.

Primeira fase do curso livre de Língua Francesa é concluída

Encerrou-se no ultimo dia 07 de abril, no Campus de Altamira a primeira fase do curso livre de Língua Francesa coordenado pela profa. Maria Ivonete Coutinho (profa. Netinha) e ministrado pelo prof. Luiz Gonzaga (UFPA). O curso contou com a participação de vinte cinco participantes, dentre eles alunos dos diversos cursos de graduação do campus da UFPA, além de outras pessoas da comunidade. O enceramento do curso contou com a exibição de um filme francês e um coquetel acompanhado de música francesa.


Novo Curso
Segundo informa a professora Maria Ivonete, a próxima etapa do curso de língua francesa terá inicio no dia 02 de maio, dando continuidade a primeira formação e abrindo para novas turmas. Os interessados em participar do curso podem se inscrever na recepção do Campus, na coordenadoria de extensão ou com o bolsista Jonas na sala da professora Ivonete (Faculdade de Letras).