terça-feira, 27 de setembro de 2011

Os sinais do caos

O que deveria melhorar o trânsito em alguns lugares, esta provocando congestionamentos. As filas da Rua Pedro Gomes impedem o tráfego da Rua Primeiro de Janeiro. Já em outros pontos os motoristas "ficam vendo o vento passar", principalmente nos fins de semana.

RAPIDINHA

Quem disse que a UHB não traria benéficos para a cidade? Os donos dos imóveis estão enchendo o bolso com alugueis cada vez mais altos. Aqueles que não conseguem pagar estão se mudando para lugares mais baratos ou até mesmo se mudando de Altamira, como muitos funcionários públicos. Preços de itens como alimentação e vestuários também sobem a cada dia, onerando principalmente a população mais pobre. Em troca dos empregos de baixa remuneração a população local ganhou o aumento do custo de vida, violência, superlotação de serviços públicos, etc.

DESGOVERNO FEDERAL NO ENSINO SUPERIOR

por Luiz Fernando Roscoche

O “milagre do crescimento” do Governo Lula, começa a ganhar contornos de cenas de pesadelo no vermelho das finanças. Os rombos orçamentários começam a mostrar suas marcas na mesma proporção que evidenciam escândalos sucessivos de corrupção.
No ensino superior os cortes começaram cedo, em 2009 o projeto de Lei Complementar nº 549/2009 que limita os salários e os gastos com dos servidores federais até 2019, ou em outras palavras, congelamento salarial.
Se o governo corta de um lado, por outro ele é bem generoso com seus “companheiros”. Para quem não lembra, em dezembro de 2010 os deputados e senadores aprovaram os reajustes nos salários deles e também do presidente, do vice-presidente da República e dos ministros de Estado. Os reajustes variavam de 62% a 140%. Em fevereiro de 2011 o governo anuncia um corte de R$ 3,1 bilhões no orçamento do governo federal para a educação.
Além disso, a Medida Provisória (MP) 520 do Governo Federal, entre outras coisas propunha a privatizava os hospitais universitários, suspende a realização de concursos públicos e leva a cabo uma série de medidas que atentam contra o interesse dos cidadãos. Nesta mesma linha de raciocínio, que preconiza o corte de gastos e ao mesmo tempo fragiliza e deprecia a qualidade da educação no ensino superior, aprovou-se no Congresso Nacional a Medida Provisória 525, que autoriza a admissão de professores temporários nas universidades federais.
Mas alguns podem alegar que “nunca na história desse país” ouve tantas vagas nas instituições federais de ensino, porém, matéria publicada na Revista Época ( ) relata que “...os novos cursos estão funcionando com laboratórios sem equipamento, em lugares improvisados e com professores voluntários.” A
mágica da multiplicação das universidades é bem simples, pois das 14 universidades anunciadas, apenas 4 eram realmente novas e as demais eram polos de universidades já existentes que ganharam reitoria própria. A eficácia dessas medidas são extremamente contestáveis, pois a criação de vagas não foi acompanhada na mesma proporção do número de egressos do ensino superior, em outras palavras, os alunos entraram nas universidades mas acabaram desistindo ou abandonando seus cursos. Segundo dados do Ministério da Educação, em 2006 foram criadas 141 mil vagas e formaram-se 83 mil estudantes. Já em 2009 foram criadas 208 mil vagas e apenas 91 se formaram. Enquanto houve um aumento de 47% no número de vagas, o crescimento percentual de formandos aumentou apenas 9%.
Ainda segundo a Revista Época, para diminuir os custos do ensino superior, uma das estratégias adotadas pelo Ministério da Educação é o aumento de proporção de números de alunos por professor que era de um professor para cada 11 alunos e deve aumentar para 18 alunos por professor. Enquanto aumentam a carga de trabalho dos professores, as universidades têm passe livre para gastar no aluguel e na adaptação de espaços provisórios, que serão devolvidos a seus proprietários.
Alguns defendem que as universidades públicas são ineficientes e que devem ser privatizadas. Segundo os pesquisadores Euripedes Falcão Vieira e Marcelo Milano Falcão Vieira, as Universidades Federais representam atualmente menos de 5% do universo das Instituições de Ensino Superior no Brasil, e são responsáveis por 60% da produção científica nacional. A instituições de ensino superior privadas, que são maioria em nosso país possuem pouco ou nenhum interesse em desenvolver pesquisas e projetos de extensão sem fins lucrativos, ao contrário das instituições públicas de ensino.
Talvez ao final desse artigo o leitor entenda um pouco das razões da greve de funcionários e professores de mais de 47 universidades federais que permaneceram mais de 60 dias acampados em Brasília e que reivindicavam por aumento do piso salarial, garantia de isonomia salarial entre funcionários da ativa e os aposentados, progressão de níveis de carreira sem distorções, luta contra o congelamento salarial e entre outras reivindicações.
É lamentável verificar a letargia em relação a discussão das problemáticas que afligem o ensino superior em nosso país. A luta por um ensino superior ensino público, gratuito e de qualidade não deveria se restringir apenas aos professores, funcionários ou alunos, mas de toda sociedade que tem esperanças de um dia ter acesso a esse nível de ensino.

*Prof. Msc. Luiz Fernando Roscoche

Pesquisa sobre a Divisão do Estado

Pesquisa realizada pelos alunos do Prof. ME. Eder Mileno e alunos buscou saber qual era a opinião das pessoas em relação à divisão do Estado. Foram entrevistadas 44 pessoas da Universidade Federal do Pará.
Pessoas indecisas
O numero de pessoas indecisas que foram pesquisas equivale a 19% do total de entrevistados. Essa pessoa justifica sua indecisão por entenderem que poderia haver um melhor esclarecimento do tema para que assim pudesse conhecer e ter um aprimoramento em seus argumentos não só políticos mais também crítico e técnico cientifico que fundamente a opinião .
Pessoas a favor
O numero de pessoas a favor que foram pesquisadas equivale a 15% do total de entrevistados. O argumento é que coma divisão do estado facilitaria a assistência publica e administrativa, pois com a dimensão do estado se torna impossível fazer uma política publica adequada. Segundo os entrevistados, quem sofre com isso é a população. A infra estrutura, segundo eles, melhoraria e surgiria mais três esferas políticas
Pessoas contra
O numero de pessoas contra que foram pesquisadas equivale a 66% do total de entrevistados. O argumento de maior destaque entre os entrevistados é de que essa divisão é meramente mais uma forma de reforçar as oligarquias locais , onde a população que seria a mais interessada pouco ganharia com isso. Segundo o público pesquisado, um dos estados (Carajás) seria mais beneficiado pelo fato de que na região o qual pertence está concentrado o setor de mineração. A arrecadação que hoje é somente para um estado (Pará) seria dividida com mais dois o que poderia ser ponto negativo e ao invés de dividir arrecadação do estado poderia apenas utilizar melhor o recursos ,onde poderia apenas ser melhor utilizada .
Nível de informação
Os entrevistados quando questionados sobre sua opinião em relação ao nível de conhecimento em relação ao assunto, 59% disseram ter pouco conhecimento, 32% um bom conhecimento e 9% disseram ter excelente nível de conhecimento sobre a temática. Vale lembrar que a pesquisa foi aplicada em um ambiente acadêmico, o que agrava ainda mais a situação e nos faz questionar qual será o nível de conhecimento da população em geral sobre o assunto.
Fonte de informação
Quando questionados sobre qual o meio de comunicação pelo qual obteve as informações a respeito da temática, 71% diz o terem pela televisão; 18% pela internet e 11% por outros meios como jornal, rádio, etc. Interessante observar a maioria da população (59%) diz possuir pouco conhecimento em relação ao assunto e que essa informação geralmente é obtida pela TV (71%).

SINAIS.....*

Na ficção produzida em Hollywood quando os ETs (Extras Terrestres) resolveram invadir e ocupar a América do Norte, a primeira ação realizada foi enviar “Sinais”. No filme, os sinais deixados nas plantações de monocultivos indicavam que o momento do ataque estava próximo. Sem condições de dialogo e resistência os moradores do lugar foram pressionados e submetidos ao terror, sendo enclausurados enquanto oseu território era ocupado. A situação narrada no filme parece ser impossível, mas, infelizmente, não é! A cena é reproduzida em 2011, não nos EUA e sob a direção de Shyamalan, mas aqui à margem do rio Xingu e sob a direção de alguns ETs - Ex-Trabalhadores que estimulam e incentivam outros ETs – Expropriadores de Terras, Exploradores de Trabalhadores, enfim, Especialistas em Torturas que se apropriam do espaço e mudam nosso modus vivendi. Torturas sentidas pela população que não tem suas necessidades atendidas, que são colocadas em precárias condições sociais, por conta da exclusão e espoliação que sofrem. Segundo os ETs essas situações são as “dores do desenvolvimento”, mas... Que Desenvolvimento? A custa de quem? E para quem? O equivocado uso da definição “desenvolvimento” que ora nem expressa progresso ou crescimento, só faz sentido aos ETs que tentam de diferentes formas impor suas lógicas. Não para nós, nem mesmo àqueles que já foram abduzidos e que não conseguem enxergar o que de fato querem os ETs ao ocupar nosso lugar. As ações desiguais e combinadas que tentam transplantarem nossa realidade não significam desenvolvimento, pois os resultados danosos sempre ficam com a maioria dos individuos que continuam em condições precárias e até desumanas, sem educação, atendimento hospitalar, saneamento básico, enquanto os recursos naturais vão sendo apropriados pelos ETs na geração de contínuos e exorbitantes lucros, facilitando a acumulação de capital ao mesmo tempo que se sucumbe os direitos do estar, ficar, do ir, do vir, do plantar, do pescar, do coletar e até mesmo o de comer. Nesse sentido pensar o desenvolvimento precisa, antes de qualquer coisa,pelo menos, ter clareza do “mito do desenvolvimento” como escreveu Furtado, em 1974, ratifica-se, pelo menos!!! A verdade é que somos mais uma vez na história da Amazônia vítimas de programas, projetos e interesses de determinados grupos (ETs) que querem o desenvolvimento, mas o desenvolvimento do capital e que pra isso exploram as condições geográficas para acumular, aproveitando das assimetrias para impor trocas não leais e desiguais entre as partes. Essa realidade faz reafirmar,o dito por Marx, que o processo histórico não é resultado do capital, mas seu pré-requisito e que por meio do processo, o capitalista se insere como intermediário (histórico) entre a propriedade da terra ou qualquer tipo de propriedade e o trabalho e, assim, ao longo do tempo vai se apropriando das relações e determinando as condições necessárias para sua reprodução e expansão. Aqui, à margem do Rio Xingu já se percebe os sinais, não só os semáforos colocados apenas nas vias de entrada da cidade e que nada corrigiram o caos do trânsito de Altamira, mas também pode-se, infelizmente, perceber os sinais da fome, da miséria, do abandono, da ilegalidade e da impunidade. Sinceramente, espero que não nos deixemos abduzir pelas propostas e ideias dos outros e que tenhamos clareza do Desenvolvimento que queremos para nosso território e para nosso povo. Por fim, devo observar, melhor que fossem aqueles ETs, os descritos na ficção de Hollywood, afinal, temiam a água enquanto os que nos cercam ao contrário querem se apropriar da nossa água para mercantiliza-la,empedindoo direito do povo, justiça e eqüidade social.

*Prof. José Antonio Herrera
Faculdade de Geografia
E-mail: herrera@ufpa.br

A Divisão do Pará em debate

O plebiscito sobre a divisão do Pará está previsto para o mês de Dezembro de 2011, com data ainda indefinida, percebe-se que este assunto tão importante para milhares de paraenses não está bem esclarecido, no entanto o JORGE (jornal da geografia) abre espaço para que membros da comunidade acadêmica, contribuam com sua opinião sobre o assunto.
Em entrevista ao Jorge, o prof. Paulo Jorge, vice-diretor da faculdade de Letras, diz que a divisão do Pará, são interesses políticos ligados à interesses econômicos. Para ele, a criação desses dois novos estados, gera um interesse externo, da mesma forma que a construção de Belo Monte. Paulo afirma que ‘’são interesses de grupos políticos que não tem uma relação efetiva com estado do Pará e com o povo, a não ser com base no interesse de tirar vantagem’’.
O professor questiona quem arcaria com as custas da criação desses novos estados e de todos as instâncias necessárias para a constituição de um Estado como o poder legislativo, executivo, judiciário, etc.
O professor ainda questiona quem seriam os grupos interessados na divisão, como o processo ocorreria e se o governo federal estaria disposto a arcar com os custos dessa divisão.
Segundo Paulo, está se buscando um plebiscito para recorrer à opinião popular, numa tentativa por tentar democratizar essa decisão. Porém , o professor pergunta a si mesmo se a população estaria realmente informada sobre a temática. Ele vai mais além ao levantar a problemática de que se realmente as pessoas estão sendo informadas sobre a temática ou estão sendo manipuladas, através da mídia, que estaria a serviço de alguns grupos. Grupos estes que, segundo ele, insistem na divisão do estado e disseminam apenas as vantagens dessa divisão, finaliza Paulo Jorge.
A reportagem também entrevistou o professor Rozinaldo Ribeiro, diretor da Faculdade de Pedagogia.
O professor inicia sua entrevista afirmando ser contra o processo de separação do Estado. Segundo avalia a discussão em questão não é um fato geográfico, mas principalmente politico, “um problema de classe”. Havendo um Estado de grandes dimensões ou um Estado diminuto, problemas de corrupção de outros podem continuar ocorrendo.
O professor avalia que a possiblidade de separação do Estado é muito pequena pois seriam mais despesas para o Estado custear.
Os movimentos que querem a separação, na opinião de Rozinaldo Ribeiro, são movimentos de elite que buscam o poder. Não existiria em sua concepção uma preocupação democrática verdadeira e sim um processo de participação popular onde a população seria consultado para legitimar o processo.
No que se refere ao aspecto econômico o professor diz: “é um projeto econômico péssimo para região porque ficaremos com a pior parte e não precisa ser muito esperto pra saber qual será prejudicada, pois ficaremos com tapajós por que é a região mais pobre do Pará”.
Uma das coisas alternativas apontadas por Rozinaldo seria a criação de subgovernadorias, fazendo o Estado se tornar mais próximo dos problemas vivenciados por regiões mais afastadas da capital. No seu ponto de vista o professor considerar que hoje o Estado estende “seus braços” até onde lhe interessa. Para ele, a elite não tendo mais nada que dizer, se reuniu e se questionou sobre o que fariam, uma vez que já roubaram e ludibriaram o povo de tantas formas e que criar uma discussão sobre a divisão do Estado seria uma forma interessante de distrair a massa. Rozinaldo diz que sua fala é irônica, da mesma que as propostas de divisão também o são e conclui defendendo que todo o dinheiro que vai ser gasto tanto com o plebiscito ou para criação de novos Estado deveriam ser gastos com obras nas áreas de saúde, educação, saneamento e outros setores já tão esquecidos pelo “Estado”.

Parceria entre SEMAT e FACGEO realiza a atualização do inventario turísticos do município de Altamira

A Prefeitura Municipal de Altamira através da Secretaria Municipal de Secretaria de Meio Ambiente e Turismo da Secretaria firmaram uma parceria com Faculdade de Geografia, Campus de Altamira para realizar a atualização do Inventário da oferta Turística do município. A parceria está fundamentada legalmente no convenio 30751/2010, firmado entre a UFPA e a Prefeitura Municipal de Altamira vigente por um prazo de 5 anos.
O trabalho tem como levantar informações sobre os pontos turísticos, os equipamentos e serviços turístico, assim como a infra-estrutura básica do município. Tais dados devem subsidiar as políticas publicas do turismo nas diversas escalas de governo, bem como orientar os atuais e novos investidores. Cabe ressaltar que somente através de um levantamento detalhado das potencialidades e dos problemas identificados através do Inventario da Oferta Turística do Município é que será possível o município realizar um planejamento turístico coerente com a realidade local.
Como produtos desse trabalho também serão gerados mapas e informações precisas dos pontos turísticos e de toda a infra-estrutura turística, permitindo assim uma melhor experiência turística aos visitantes que pretendem visitar a região. As informações poderão ser usadas para a confecção de materiais promocionais do município, podendo ser inclusive disponibilizada na internet.
Outra justificativa para a realização do referido levantamento é que existindo um Conselho e um Fundo Municipal de Turismo, bem como um Inventario e um Plano Municipal de Turismo, o município poderá pleitear recursos junto ao Governo Federal.
Segundo o professor Luiz Fernando Roscoche, que coordena os trabalhos técnicos, o inventario pode beneficiar o poder público, o setor privado e inclusive pesquisadores que terão dados para embasdar suas pesquisas na área de lazer e turismo.

Uma das maiores autoridades mundiais em aquecimento global fala sobre Belo Monte

por Luiz Fernando Roscoche

Aconteceu entre os dias 12 a 16 de setembro nas dependências da Universidade Federal do Pará, Campus de Altamira a VII SEBio - Semana de Estudos Biológicos. O evento que é organizado desde sua primeira edição pelo Centro Acadêmico de Biologia teve como tema ''Alternativas para o desenvolvimento sócio ambiental na Amazônia: estudos, perspectivas e futuro''.
Um dos pontos altos do evento foi a participação do prof. Dr. Philip Martin Fearside, que no dia 13/09 proferiu duas palestras, uma delas tendo como tema a ''Sustentabilidade dos Diferentes Modos de Desenvolvimento'' e a outra sobre ''O papel das florestas na sociedade contemporânea''. Também participou da mesa redonda ''Impactos do Desenvolvimento''.
Ao contrário do que dizem muitos pesquisadores, Fearnside, diz que a energia gerada através das hidrelétricas não é uma energia 100%. O pesquisador é categórico em afirmar que Usinas como a Belo Monte geram toneladas de gás metano liberados pela decomposição das florestas submersas e que serão liberados na atmosfera, contribuindo assim para o efeito estufa e para o agravamento do aquecimento global.


Philip Martin Fearside é Graduado em Biologia pelo Colorado College (1969), mestre em Zoologia pela University of Michigan – Ann Arbor (1974) e doutor em Ciências Biológicas pela mesma universidade (1978), Fearnside é pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e estuda problemas ambientais da região desde 1974.
Em 2004, foi vencedor do Prêmio da Fundação Conrado Wessel na área de Ciência Aplicada ao Meio Ambiente. Em 2006, recebeu do Ministério do Meio Ambiente o Prêmio Chico Mendes e no mesmo ano foi identificado pelo Instituto de Informações Científicas (Thomson-ISI) como sendo o segundo mais citado cientista no mundo na área de aquecimento global.

A Província Espeleológica Altamira-Itaituba: exemplos de relevo (pseudo)cárstico na Amazônia

A Amazônia é uma região cheia de belezas naturais, muitas delas ainda desconhecidas. As paisagens nela encontradas são ricas em feições geomorfológicas, as quais resultam da interação sistêmica de elementos da natureza que desenham relevos com diferentes características, topografias e configurações. Dentre estas, destaca-se a Província Espeleológica Altamira-Itaituba, que reúne um conjunto de cavidades subterrâneas acessível à exploração do homem, representadas com diferentes feições de cavernas, em sua maioria formada pelo processo de arenitização.
A Espeleologia é uma área de estudo da Geologia que se dedica a investigar a natureza, a gênese e os processos de formação das cavidades subterrâneas e suas feições relacionadas, incluindo ainda os aspectos biológicos (fauna e flora). Na Geomorfologia este estudo desenvolve-se através do conhecimento relacionado ao Relevo Cárstico. Trata-se de uma região ou terreno com feições características de processos de dissolução de rochas carbonáticas pela ação da água subterrânea, na qual predomina a ação do intemperismo químico, originando em abertura de cavidades subterrâneas: as cavernas. Porém, no caso específico da Província Espeleológica Altamira-Itaituba essas feições foram desenvolvidas em arenito, sendo a ação mecânica da água (erosão hídrica) o principal fator de esculturação das paisagens, embora a ação química da água ainda possa ter papel fundamental. Por esse motivo, sem ainda um consenso entre os pesquisadores, esse modelato de relevo tem sido tratado como pseudocarste. As cavernas da Província Espeleológica Altamira-Itaituba situam-se na faixa de contato entre a Bacia Sedimentar do Amazonas e o Embasamento Cristalino do Complexo Xingu, mais precisamente na borda da bacia sedimentar e por esse motivo várias entradas dessas cavidades demonstram feições escarpadas pela ação da erosão resultante do recuo paralelo das vertentes de cuesta. Sua estrutura geológica se desenvolve em arenitos friáveis da Formação Maecuru e em folhelho da Formação Curuá.
Nesse sentido, a Faculdade de Geografia – Campus de Altamira (UFPA) tem desenvolvido aulas de campo às cavernas desta Província, objetivando conhecer in loco os assuntos estudados em sala de aula, além de oportunizar o conhecimento dessas áreas ainda pouco conhecidas na ciência geográfica e valorizar as paisagens locais. No ultimo mês de agosto foram realizadas duas visitas:
· A primeira ocorreu no dia 21 junto à turma de 2009, como prática da disciplina de Geomorfologia ministrada pela Profa. Me. Luciana Martins Freire, na Caverna Pedra da Cachoeira, situada a cerca de 15 km da sede do município de Altamira. A visita, por trata-se de um percurso longo e em mata fechada, foi guiada por integrantes do grupo de escotismo de Altamira. Durante a trilha de 3 km percorridaem mata com vegetação preservada
até a caverna foram analisadas as formas de relevo ondulado da região (morros e colinas). O local apresenta uma paisagem compensadora: uma bela cachoeira com queda de cerca de 8m de altura (fig. 01). O acesso final à Caverna Pedra da Cachoeira (fig. 02) é feito por uma pequena trilha que sobe a vertente direita do Igarapé.
A segunda visita ocorreu no dia 23, agora com a turma do intensivo (2010). Foi uma aula de campo integrada, onde reuniu a aula prática de duas disciplinas ministradas pelos professores Me. Luciana Martins Freire (Geologia) e Ms. Eder Mileno de Paula (Sensoriamento Remoto), além da presença

como convidado do Prof. Ms. Adolfo da Costa Oliveira Neto. Nessa ocasião, a visita se estendeu ao município de Brasil Novo, na Caverna Planaltina. Ali foi observado o comportamento da ação mecânica de formação das cavidades, como ocorrem os processos de arenitização e formas endocárticas (espeleotemas).
Em ambas as cavernas foram observadas marcas de degradação dessas estrutura em arenito, as quais apresentam suas paredes pichadas ou riscadas, além de resíduos sólidos lançados ao solo por visitantes que costumam realizar lazer nessas áreas. Contudo, nota-se a falta de conscientização ambiental de parte dos visitantes e também a falta de políticas públicas, ou mesmo privadas, para uso de medidas protecionistas como a criação de Unidades de Conservação.

*Profa. Msc. Luciana Martins Freire
Faculdade de Geografia