domingo, 20 de fevereiro de 2011

A floresta Amazônica vale mais no chão ou de pé?

Profa. Rita Denize de Oliveira
Quando nos deparamos com alguma noticia sobre a exploração madeireira, imediatamente, o nosso subconsciente atrela essa atividade a fatos negativos, fazendo imediatamente um paralelo a impactos sócio-ambientais, enraizados historicamente na exploração convencional na Amazônia, dentre as quais destacamos avanço das pastagens sobre áreas florestadas, uso de maquinário pesado no interior da floresta, mão-de-obra desqualificada, condições degradantes de trabalho, desrespeito as áreas de proteção permanente, assoreamento de rios, compactação de solos, alteração de microclima e perdas incomensuráveis na biodiversidade.
Tentando construir novos modelos de manejo florestal o IFT (Instituto de Floresta Tropical) tem desenvolvido metodologias no sentido de explorar a floresta de forma racional e sustentável. O manejo florestal inclui uma ampla gama de objetivos e atividades, dependendo do proprietário ou detentor da floresta, pode incluir exploração madeireira assim como uma grande variedade de atividades florestais, entre as quais manejo da vida silvestre, manejo de reservas extrativistas, os serviços ambientais e recreação. Entretanto, trataremos do manejo voltado para exploração madeireira, discussão motivada pela participação de professores e técnicos da Faculdade de Engenharia florestal e Faculdade de Geografia, Campus de Altamira (UFPA), no curso de Manejo Florestal sustentável de exploração de impacto reduzido para tomadores de decisões, ministrado pelo Instituto de Floresta Tropical (IFT), fazenda Cauxi, Paragominas. Segundo os estudos desenvolvidos pelo IFT, é possível através do manejo florestal reduzir os desperdícios e aumentar a eficiência das operações, que aumenta a rentabilidade da floresta e minimiza os impactos ecológicos (Nogueira et al. 2010) .
Nesse sentido, a EIR (Exploração de impacto reduzido) apresenta princípios básicos: Planejamento adequado, tecnologia apropriada, censo das árvores pré-corte, corte de cipós quando necessário, corte direcionado, arraste controlado, trabalhadores qualificados, supervisão. O planejamento esta dividido em macro e micro planejamento, no primeiro são avaliadas as potencialidades da propriedade, distribuição dos recursos hídricos, levantamento da topografia respeitando as limitações naturais e reaproveitando ao máximo a infra-estrutura pré-existente.
O micro planejamento corresponde a definição da unidade de trabalho, sendo realizado um inventario florestal 100%, definindo espécies matrizes e remanescentes que são georreferenciadas e plotadas em mapas utilizando softwares específicos, e futuramente submetidas a técnicas especiais de corte (corte direcionado) e arraste planejado nos ramais, afetando ao mínimo as espécies potenciais, minimizando a compactação de solos, e viabilizando a capacidade de regeneração natural da floresta.
Outro aspecto importante, é que os pátios de estocagem de madeira são menores e construídos em espiral vindo das bordas para dentro. Apesar de todos os avanços, os profissionais de varias instituições como INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Instituto Chico Mendes e UFPA que estiveram presentes, fizeram vários questionamentos, dentre os quais: os planos de manejo florestal são ainda a nível local (propriedade rural), quando poderiam usar a bacia hidrográfica como unidade de planejamento,como a legislação sugere. Outro ponto de discussão, é que não é realizada uma caracterização climática, importante para fornecer dados sobre precipitação, e de vazão dos rios, um levantamento pedológico, visto que o solo é a base para o pleno desenvolvimento da atividade, e faunístico, pois é de extrema importância saber o nível de stress causado pela atividade, segundo, os instrutores, se esses critérios fossem implementados no manejo florestal, elevaria bastante o custo nos primeiros anos de negocio, fazendo um parêntese, infelizmente as empresas de exploração madeireira na Amazônia ainda tem uma tradição de retorno financeiro a curto prazo.
Por fim, o objetivo desse texto, é parabenizar a iniciativa do IFT, sem no entanto, apresentar uma “receita de bolo”, que deverá ser aplicada em vários cantos da Amazônia, até porque a floresta possui inúmeras formas de aproveitamento, sendo essencial respeitar as especificidades de cada região, a exemplo das populações tradicionais que ao longo dos anos sobrevivem da floresta, extraindo látex, copaíba, andiroba, produzindo cavacos (cobertura rudimentar de casas feitas de madeira), utilizando espécies nativas para construção de embarcações, no uso medicinal, entre novas possibilidades através da inserção na industria de cosmético, fabricação de biojóias e de móveis rústicos com resíduos de madeira e cipós. Nesse sentido, encerramos nosso texto com a seguinte pergunta a floresta vale mais de chao ou de pé???????

Holmes, T. P. et. al . Custos e benefícios financeiros da exploração florestal de impacto reduzido em comparação a exploração florestal convencional na Amazônia Oriental. 2004. 68p.
Nogueira et. al. Procedimentos simplificados em segurança e saúde do trabalho no manejo florestal. Manual técnico 1 IFT. Instituto Floresta Tropical. 2010. 80p.

Violência é cultura?




Aldani Braz Carvalho
(Discente de Lic. em Geografia- Regular)

A violência é um problema que está presente em basicamente todo o mundo, porém é bem mais grave nos países em “desenvolvimento”. O Brasil é, infelizmente, um exemplo disto. A violência deixou ser um “privilégio” dos grandes centros urbanos e assola também município de pequeno e médio porte. Esse é o caso de Altamira que nos últimos anos, passa por um nítido processo de intensificação da violência. Uma das possíveis causas dessa violência está relacionada a especulação da construção da Hidrelétrica de Belo Monte.
Já é possível verificarmos um maior fluxo de pessoas, e infelizmente aliado a esse aumento populacional tem-se um aumento de casos de crimes e de violência como assaltos, furtos, latrocínios, tráfico de drogas, entre outras ilicitudes.
Apesar de ser uma cidade do interior, que em geral, tem como características a tranquilidade e uma boa qualidade de vida, identificamos aqui graves problemas oriundos da desestruturação do município, que não está preparado para suprir as necessidades básicas nem de seus habitantes naturais e quem dirá do fluxo migratório que chega a cada momento. A vinda de um contingente populacional, afeta consideravelmente a estrutura da cidade, tornando-a ainda mais violenta e difícil de “sobreviver”.
São exacerbadas as notícias com enfoque trágico, e rotineiras as imagens de mortes, assaltos, roubos. Porém a maior atenção é dada aos óbitos.
A carnificina retratada pela imprensa, chocando aqueles que chegam e é rotina para os que aqui estão.
Seria Altamira uma cidade tão violenta como retrata a imprensa local ou estaria se criando uma imagem distorcida da violência? Parece que mais do que discutir alternativas para o engrandecimento da cultura local as pessoas parecem estar mais interessadas em notícias chocantes, violentas, ligadas aos vícios e a um comportamento instintivo.

RESENHAS




RESENHAS
A Geografia serve antes de mais nada para fazer a Guerra
Sidney B. Sena. de Carvalho Balsys*
(Discente de Lic. em Geografia Intensivo)

O autor no subtítulo da obra, intitulado “Uma disciplina Simplória e Enfadonha”, apresenta uma visão inferida na sociedade sobre a geografia, na qual não passa de uma disciplina escolar e universitária, detentora de conhecimento empírico voltado para uma descrição do mundo, acrescido de conhecimento técnico construindo um pensamento preconcebido onde é “Uma disciplina maçante, mas antes de tudo simplória, pois como qualquer um sabe em geografia nada há para entender, mas é preciso memória”.
Após detalhar esse pensamento o autor desmonta esta reflexão, apresentando a geografia como detentora de poder e controle, oferecendo como exemplo a Guerra do Vietnã, onde o conhecimento geográfico é utilizado estrategicamente, e realizada uma destruição orquestrada de certos diques, sufocando assim toda a rede de interdependências essenciais, desenvolvidas em um dado espaço pelo inimigo.
Em outro trecho da obra, o autor evidencia dois tipos distintos de geografia, a que remonta tempos antigos e encontra-se até os nossos dias e a dos Estados-maiores, a qual é claramente percebida como estratégica pelas minorias dirigentes, que a utiliza como instrumento de dominação e poder, seja no campo militar, como da construção das redes sócio-espaciais e econômicas (ferrovias, valorização de terras, delimitação das áreas de exploração dos recursos naturais e etc.) A outra, se estabelece a partir do século XIX, que é conhecida como geografia dos professores, que se tornou um discurso ideológico no qual uma das funções inconscientes, é a de mascarar a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço.
No subtítulo um “Saber Estratégico em Mão de Alguns”, o autor constrói uma linha de pensamento, onde alguns Estados-maiores, deliberadamente controlam o conhecimento estratégico da
geografia, coordenando as massas segundo seus interesses próprios.
Discute-se dentro da mesma linha de pensamento, sobre os grupos que detém representatividade econômica, como as indústrias de grande porte, que se utilizam de conceitos e estratégias espaciais, impedindo, por exemplo, concentrações de classes trabalhadoras, retalhando os polos industriais em um espaço geográfico amplo, impedindo a criação do fluxo natural: formação de pensamentos coletivos → organização → reinvindicação.
Em suma, o olhar profundo, o entendimento da real utilização do espaço e as estratégias de controle do mesmo, está apenas no conhecimento do grupo minoritários que detém o poder, o resto da sociedade mesmo graduados, mestres e doutores em geografia estão presumidamente “moldados”, para não entender sua aplicabilidade.
Sobre está explanação, creio não representar mais os tempos atuais, até porque o próprio texto em questão figura-se como um clássico da ciência geográfica. Talvez não seja uma questão de conhecimento involuntário dentro da academia da geografia, mas sim uma questão que está atrelada ao próprio sistema de ensino. Este ultimo, coordena estrategicamente os assuntos a serem discutidos em sala de aula, reduz drasticamente a carga horária da geografia, bloqueando a formação do fluxo, formação de uma nova visão coletiva → organização da sociedade – educadores → reivindicação de um novo sistema de ensino.
Quero acreditar que as bases para uma mudança já estão sendo lançadas agora, na formação dos novos professores, a qual almejo fazer parte, esperando ajudar a desmontar o pensamento construído de uma geografia pouco prática e muito teórica, gerando alunos questionadores, quebrando o círculo da famosa: “decoreba”.

Geo eventos

Geo eventos
Encontro Nacional de Práticas de Ensino de Geografia - ENPEG
Data: 17 à 21 de Abril de 2011
Local: Universidade Federal de Goiás

XIII Encontro de Geógrafos da América Latina
Data: 25-29 julho de 2011
Local: Ciudad de San José, Costa Rica
Observações: http://www.egal2011.geo.una.ac.cr/

Conferência Geográfica Regional UGI
Data: 14 a 18 de 2011
Local: Santiago, Chile
Observações: http://www.ugi2011.cl/spain/index.html

V Simpósio Internacional de Geografia Agrária - VI Simpósio Nacional de Geografia Agrária
Data: 7 a 11 novembro de 2011
Local: Belém, PA
Observações: http://singa2011.ufpa.br/

Geografia e Gênero: “Conectando diferenças através de fronteiras espaciais”
Data: 08 a 11 de novembro de 2011
Local: PUC/RJ
Observações: joseli.genero@gmail.com

XIX ENEG - XIX Encontro Nacional dos Estudantes de Geografia
Data: 6 a 12 fevereiro de 201
Local: Vitória, ES
Observações: http://enegvitoria.blogspot.com/

VII Congreso Internacional GEOMATICA
Data: 7-11 fevereiro
Local: Habana, Cuba
Observações: http://www.informaticahabana.cu/es/inicio

XV SBSR - XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto
Data: 30 abril a 5 maio de 2011
Local: Curitiba, PR
Observações: http://www.dsr.inpe.br/sbsr2011/

VI Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa
Data: 4-8 abril de 2011
Local: Ilha de Boa Vista, Cabo Verde
Observações: http://www.aprh.pt/texto/4-80411.html

1º SEMINÁRIO - ESPAÇOS COSTEIROS: DINÂMICAS E CONFLITOS NO LITORAL BAIANO
Data: 02 a 05 de maio de 2011
Local: Universidade Federal da Bahia/Salvador
http://www.costeiros.ufba.br/index.html

II Congresso Nacional De Educação Ambiental E Iv Encontro Nordestino De Biogeografia: “Caminhos Para A Conservação Da Sociobiodiversidade”
Data: 12 a 15 de Outubro de 2011.
Data: João Pessoa, PB.
http://www.cnea.com.br/

II GEOSIMPÓSIO - Simpósio Nacional de Geografia Política, Território e Poder
I GEOTRANS - Simpósio Internacional de Geografia Política e Territórios Transfronteiriços
Data: 1 a 4 maio de 2011
Local: Foz de Iguaçu, PR
Observações: http://www.nilsonfraga.com.br/geosimposio/evento.php

I Seminário de Estudos Costeiros: Dinâmicas e conflitos no litoral baiano
Data: 2 a 5 maio de 2011
Local: UFBA - Salvador, BH
Observações: http://www.costeiros.ufba.br/index.html

XIV Encontro Nacional da ANPUR - Quem planeja o território? Atores, arenas e estratégias
Data: 23 a 27 maio DE 2011
Local: Rio de Janeiro, RJ
Observações: http://xivenanpur.com.br/xiv-enanpur/

3rd International Geography Congress
Data: 6 a 8 maio de 2011
Local: CWRDM, Kozhikode (Calicut, Kerala), India
Observações: http://www.nagi.org.in/forthcoming.html

XIV SBGFA - Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada
Data: 11 e 16 julho de 2011
Local: Dourados, MS

XXXI Congresso Brasileiro de Espeleologia (31° CBE)
Data: 21 a 24 julho de 2011
Local: Ponta Grossa, Paraná
Observações: http://www.xivsbgfa.com.br/

American Geographers Association 2011: “Geographies Of Speculation – time-space, capitalism and the future in financial markets”
Local: Seattle/USA
Data: 12 A 16 abril de 2011
http://www.aag.org/cs/giscienceresearch

“BIG B.... BRASIL”


Prof. Luiz Fernando Roscoche

Certa vez, Sérgio Augusto fez o seguinte comentário “A Holanda, que um dia nos enviou a missão de Mauricio de Nassau e ao planeta ofertou Espinoza, Rembrandt, Vermeer, Van Gogh, Erasmo, Frans Hals, Bert Hanstra, Mondrian, Nina Foch, Joris Ivens, Cruyff e a cerveja Amstel, agora vive de exportar uma cretina gincana televisiva cujo título vampiriza um clássico da literatura inglesa do século passado que nada tem a ver com folguedos competitivos e patacoadas exibicionistas”. Para quem não entendeu, Sérgio está fazendo uma alusão ao famigerado programa “Big Brother”, sobre o qual, uma empresa holandesa detém os direitos autorais e que alimenta o desejo voyerista de espectadores em todo o mundo, inclusive no Brasil. Já o clássico da literatura inglesa, citado pelo autor, é uma referência a uma obra de George Orwell.
“Evoluímos muito” desde a Roma Antiga, não atiramos mais cristãos aos leões, agora, “o espetáculo” é proporcionado por pessoas dentro de uma “jaula de luxo”, onde nós, “os juízes”, podemos estudar e julgar o comportamento dos participantes e decidir quem leva para casa o prêmio milionário. Neste mundo globalizado deixamos de falar mal da vida de nossos vizinhos e censurar seus atos para bisbilhotarmos a vida dos moradores deste zoológico hi-tec.
Mas, deixando de lado a falta de conteúdo e a bestialidade deste “espetáculo”, podemos nos ater a questões mais específicas, como por exemplo, as cifras do referido programa. Imaginem que cerca de 20.000.000 (milhões) de ligações do povo brasileiro em apenas um “paredão”, votando em algum candidato para ser eliminado. Se estimarmos que o preço da ligação é de R$ 0,30 (trinta centavos), então teremos R$ 6.000.000,00. Mas, vamos supôr que a rede Globo fique com apenas 50% deste valor e o restante com a companhia telefônica, mesmo assim, teríamos uma arrecadação de R$ 3.000.000,00. Lembrando que isso em apenas um “paredão”. Mas a arrecadação do programa não para por aí, existe ainda o patrocínio de grandes empresas de cosméticos, cervejarias e outras, além é claro da arrecadação das assinaturas de TV e da internet para que as pessoas possam assistir o mesmo em tempo real.
Fico pensando que milhões de brasileiros ligam semanalmente para este programa, tirando dinheiro do seu bolso para participar de algo tão sem conteúdo. Em contraposição, são incapazes de exercer seu direito democrático, fiscalizando os gastos públicos ou realizando campanhas para ajudar as pessoas que realmente necessitam.
Alguém sabe quais foram as cifras da arrecadação destinada aos desabrigados do Rio de Janeiro, afetados pelas enchentes e deslizamentos?
O que indigna mais, é a idolatria aos participantes, chegando-se ao cúmulo do apresentador deste programa, chamá-los em uma determinada edição de “Heróis”.
Segundo o dicionário Houaiss, herói é um indivíduo notabilizado por seus feitos guerreiros, sua coragem, tenacidade, abnegação, magnanimidade etc, ou ainda indivíduo capaz de suportar exemplarmente uma sorte incomum (p.ex., infortúnios, sofrimentos) ou que arrisca a vida pelo dever ou em benefício de outrem.
Como diria Daniela Baracat Sâmara, em uma mensagem que circula pela Internet “heróis são os milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo santo dia; são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna; são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados; são aqueles que conseguem viver com apenas um salário mínimo”.
Quer ser um verdadeiro “brother” (irmão)? Então da próxima vez ligue para contribuir para milhares de entidades assistências de caridade espalhadas pelo nosso país e pelo mundo. Quer dar um “espiadinha”, então, primeiro abra os olhos e olhe para dentro de você e, quem sabe assim, poderá enxergar com mais clareza o mundo a sua volta. Já é um bom começo! Como diz a frase “As pessoas inteligentes discutem ideias. As medianas discutem fatos. As medíocres discutem a vida dos outros…” (autor desconhecido)

Visite: http://profluizgeo.blogspot.com/
E-mail: luizfernando@ufpa.br

Amazônia, Nova Fronteira e o Lugar de Altamira

Prof. José Q. Miranda Neto

Marcada pela natureza exuberante e também pelos graves conflitos agrários e problemas socioambientais, a Amazônia é uma região que, cotidianamente, estampa as capas de jornais e revistas em todo o mundo. A popularidade da região é tão evidente quanto os desafios a serem enfrentados neste século, considerando que, de um lado, os organismos internacionais de proteção ambiental exigem a conservação da natureza e, de outro, o mundo ainda caminha pelos rigorosos fundamentos do crescimento econômico, que gera constante pressão sobre os recursos naturais. Diante disso, o que se pode esperar da Amazônia daqui a vinte ou trinta anos?

Transporte de madeira ilegal em Altamira


A questão é bem mais complexa do que parece. Porém, ao analisarmos o caminho histórico da região e refletirmos com base em uma literatura fundamentada, podemos prever algumas mudanças no horizonte. Acredito que, no futuro, os cenários tendem a uma região bem mais organizada no que diz respeito ao território. Isso não representa, de modo algum, a superação da dominação no sentido ortodoxo, mas a alteração nas relações de trabalho e na forma da exploração capitalista. De modo mais objetivo, podemos dizer que o trabalho assalariado tende à ampliação, aliado à absorção de formas de produção regionais (como a agricultura familiar tradicional) à cadeia do capital.

Foto meramente ilustrativa
Fonte: http://caminhoes-e-carretas.blogspot.com


Tomemos como base a região do Xingu e da transamazônica, entre Novo Repartimento em Rurópolis.
À medida que se amplia a organização do território em termos de infraestrutura, a exemplo do asfaltamento da transamazônica (BR-230), as áreas mais próximas do eixo rodoviário se tornam estratégicas para a acumulação de capital, sinalizando a expansão das empresas agrícolas na forma de agroindústrias. Isso acarretará, de modo geral, três efeitos diferentes: 1) a alteração das relações de trabalho no campo, com a substituição (ou transformação) da agricultura familiar em trabalho assalariado; 2) a acentuação do êxodo rural-urbano, com implicações diretas no crescimento populacional na sede municipal de Altamira; 3) a expansão da atividade agrícola extensiva em áreas de proteção ambiental, com ampliação do desmatamento e acentuação de conflitos. Este último efeito dependerá da forma pela qual o Estado vai atuar no sentido de minimizar os dois primeiros efeitos.
Todas essas consequências, por conseguinte, se dão mediante a alteração da concepção de ocupação da região, antes dominada pelo arco de fogo, fase de grande alteração da paisagem natural pelo desmatamento em larga escala. Hoje, podemos afirmar que, com a ampliação da composição orgânica do capital, caracterizada por melhoramentos nas redes técnicas de escoamento, a nova fronteira do capital natural, defendida por Bertha Becker como a tendência atual de ocupação da Amazônia, tende à consolidação. Esse novo empreendimento, contudo, deverá causar alterações significativas na forma do trabalho, primeiro porque as alternativas no setor primário da economia tendem a se tornar escassos, acompanhado do aumento do comercio e do setor de serviços. Isso, por conseguinte, deverá gerar o aumento significativo da população urbana na cidade de Altamira.
Nesse sentido, duas ações articuladas se tornam relevantes para que não se repita a velha história dos anos 60 na região. Em primeiro lugar, uma política que garanta a sustentabilidade da produção familiar, como o exemplo do PDS em Anapú, a fim de conter o iminente processo de proletarização rural. Em segundo lugar, deve-se investir num planejamento urbano criterioso, que considere uma projeção da migração rural-urbana para a cidade de Altamira. Temos, então, dois grandes desafios para fazer uma história diferente, que dependem não apenas da vontade dos governantes, mas na base de ações dos movimentos sociais e das instituições de pesquisa e desenvolvimento atuantes na região.

Na Boca do Lixo

Por Luiz Fernando Roscoche


Para aqueles que pensavam que os impactos dos fluxos migratórios das pessoas em busca de empregos só aconteceriam depois da vinda da Hidrelétrica Belo Monte estavam redondamente enganados.
Um dos sinais desse impacto pode ser verificado no sistema de coleta de lixo do município. Relatórios dos meses de junho de 2009, julho de 2010 e dezembro de 2010, conseguidos junto a Secretaria de Obras da Prefeitura Municipal revelam que o número de “carradas”, ou de veículos lotados de lixo, passou de 922, 1113 e 1237 no período já relatado.
Somente no relatório do mês de dezembro de 2010 foram coletadas mais de 2.796 toneladas de lixo, ou seja, uma média diária de 107 toneladas.
Se dividirmos o total de lixo coletado no mês de dezembro pelo numero de habitantes do ultimo senso do IBGE, teremos uma produção diária per capita de aproximadamente 1 kg de lixo. Claro que as pessoas comuns não produzem um kilo de lixo por dia, em seus domicílios, essa média é elevada pelas empresas, indústrias e outros que produzem grande quantidade de lixo.
Técnicos da CETESB sugerem que cidades que possuem mais de 100 mil habitantes devem gerar no máximo 400 gramas de lixo por dia.
Outro fator agravante, é que os períodos de dezembro, junho e julho podem não ser os períodos de maior produção de lixo, já que muitas pessoas e instituições encontram-se em férias. Assim a geração de lixo ser muito maior nos outros meses do ano.
Conhecendo a realidade
No dia 17 de fevereiro os professores da Faculdade de Geografia, Eder Mileno, Yarnel Campos, Luciana Martins e Luiz Fernando Roscoche, foram conhecer o local onde é realizada a disposição final dos resíduos sólidos de Altamira, o chamado lixão.
Localizada as margens da Rodovia Federal Transamazônica, o lixão é uma visão dantesca. As montanhas de lixo disputam lugar com os urubus e catadores de lixo que arriscam sua saúde nessa atividade.
No local existe uma lagoa onde a água e o chorume se misturam e acabam comprometendo o lençol freático. O chorume deságua em um curso d’água próximo. O lugar é um grande potencial de foco de dengue.
Outro fator que chama a atenção é a mistura dos tipos de lixo, por exemplo, o lixo hospitalar que deveria ter uma destinação mais adequada, é misturado no lixão junto ao lixo doméstico, conforme pode ser verificado na imagem abaixo.

Tipos de Nuvens

Na classificação internacional das nuvens incluem-se dez gêneros, cujos nomes, aportuguesados na sua grafia (embora seja de uso quase universal a grafia latina), são:
1) Cirros – Ci (vem de cirrus, cacho de cabelo, franja — como a penugem de aves —) são as nuvens mais altas, são delicadas, brancas, fibrosas, geralmente esbranquiçadas, com aspecto de penas ou flocos de lã. Para alguns, lembra um “rabo de galo”. Pairam à altura média de 9 km.

2) Cirrocúmulos – Cc aparecem sob forma de bolinhas muito pequenas e brancas, ordenadas em bancos ou campos de nuvens. São também constituídas por cristais de gelo, mas aparecem raramente.

3) Cirrostratos – Cs mostram-se como véu esbranquiçado, fibroso ou liso, mais espesso que os cirros, constituído predominantemente por cristais de gelo.

4) Altocúmulus – Ac são as nuvens denominadas vulgarmente de “carneirinhos”, como que novelos, habitualmente formadas por gotas de água líquida, com os bordos claros e zonas sombreadas no interior, reunidas em faixas alongadas.

5) Altostratos – As são, na maior parte das ocorrências, nuvens em forma de véu uniforme, cinzento-azulado, raramente fibroso, através das quais o Sol e a Lua surgem enfraquecidos na sua luminosidade, como se os víssemos por um vidro fumaçado. Os altostratos contêm gotículas de água e cristais de gelo, além de flocos de neve e gotas de chuva.

6) Nimbostratos – Ns : espessas camadas de nuvens cinzentas-escuras, que tapam por completo a Lua ou o Sol e cuja base inferior é reforçada por nuvens esfarrapadas, que dão chuva ou neve contínuas. A precipitação pode não atingir o solo, por se evaporar antes. Os nimbostratos compõem-se, como regra geral, de gotas de água em temperaturas mais baixas que aquela em que ocorre a solidificação (chamado fenômeno de sobrefusão), gotas de chuva, flocos e cristais de neve, ou de uma mistura de formas sólidas e líquidas.

7) Estratocúmulos – Sc : nuvens brancas ou cinzentas, de formas arredondadas, dispersas ou reunidas em bancos, mas sempre distribuídas por uma camada horizontal pouco espessa. No inverno podem cobrir o céu, a que dão um aspecto ondulado. Elas contêm partículas de gelo misturadas com as gotas líquidas.

8) Estratos – St (vem de stratus, isto é, espalhado como um lençol) são nuvens típicas dos crepúsculos. São baixas, alongadas e horizontais. Aparecem em camadas uniformes, sem estrutura visível (aparentando nevoeiro bem alto). São constituídas por gotas de água ou, se a temperatura for muito baixa, por partículas de gelo; sua precipitação característica é o chuvisco (precipitação muito uniforme em que as gotas de água, numerosas e pequenas, parecem flutuar no ar, cujos movimentos acompanham).

9) Cúmulos – Cu (vem de cumulus, que quer dizer, montão de nuvens) são nuvens arredondadas no topo, majestosas, com o aspecto de montanhas de algodão, de base plana e quase horizontal. Indicam bom tempo e distam 1 a 2 km da superfície do solo. Quando na parte superior dos cúmulos muito desenvolvidos se forma a bigorna, constituída por granizo, neve ou gelo, obtém-se um novo tipo de nuvem, o Cumulonimbo – Cb.

10) Nimbos – Ni (vem de nimbus, nuvem) são nuvens espessas e escuras; geralmente desfazem-se em chuva. Situam-se a menos de 2 km de altura.