Dando continuidade a série de matérias sobre os projetos
desenvolvidos na Faculdade de Geografia, Campus de Altamira, o prof. Marcel
Padinha apresenta seu projeto de pesquisa que se debruça sobre a questão urbana
na região do Xingu. Fazem parte da equipe de pesquisa os acadêmicos do curso de
Geografia da Universidade Federal do Pará, Divanir Rodrigues da Silva, Nazaré
Pereira Trindade, Silvia Veras de Castro e Jeová Rios. Compoe ainda a equipe de
pesquisa a profa. pós-doutora, Janete Marilia Gentil Coimbra de Oliveira
(UFPA-Belém).
Segundo o professor seu
projeto busca estudar espaços urbanos não metropolitanos. “Interessa-nos aqui a inércia dinâmica de suas conexões (redes),
principalmente porque, entende-se que a rede urbana brasileira
se apresenta de maneira bastante complexa, carecendo, por conseguinte, de
análises e interpretações capazes de contemplar os mais variados aspectos do
urbano no Brasil e, de modo particular, na Amazônia”.
Segundo o professor, a cidade
de Altamira tem passado por muitas transformações no âmbito sócio espacial nas
últimas décadas. Segundo o referencial teórico da área, Altamira teria o que os
autores chamam de “uma cidade que exerce responsabilidade territorial”, ou
seja, a cidade de Altamira não limitaria sua influência à sua área
político-administrativa, mas também aos
outros municípios que formam a unidade sub-regional do Xingu. Em outras
palavras, a cidade de Altamira exerce uma função polarizadora na região do
sudoeste paraense que foi consolidada na década de 1970 e que se reafirma no
momento atual, explica o prof. Padinha.
“Para nós a compreensão,
o estudo e análise das cidades amazônicas, espaços que expressam em suas
paisagens, graves problemas sócios espaciais (econômico, político, social e
ambiental) e, onde “brotam” conflitos de natureza simbólica muito intensa em
virtude da correlação estabelecida (ou imposta) pela dinâmica globalizadora
entre o local e o global, são importantes para a presente proposta de trabalho”,
ressalta o professor.
O objeto da pesquisa,
segundo o prof. Marcel “é a dinâmica
urbana exercida, em escala inter-regional, pela cidade de Altamira-PA, e os
demais municípios da região. Mais precisamente, pretende-se analisar em que
está baseada, a polarização de sua “forma-conteúdo”, o distrito-sede, a cidade
de Altamira”.
A importância de se
estudar o sistema de cidades polarizado por Altamira, segundo a visão do
professor busca responder a seguinte problemática de pesquisa: “Quais as mais expressivas modificações
impetradas à dinâmica da rede urbana deste conjunto de cidades, tendo em vista
a nova e intensa dinâmica promovida pela implantação da UHE Belo Monte no
intraurbano de Altamira”?
Na opinião do prof. além
da problemática central, outras questões de pesquisa podem ser respondidas com
essa pesquisa como, como por exemplo, que responsabilidade territorial caberia à
cidade de Altamira mediante este novo quadro social imposto à região do Vale
Xingu. Outra questão tentaria elucidar que papéis cumprem as cidades da região
do Xingu na rede urbana regional e finalmente
o que definiria o Xingu como uma unidade regional.
Realizar estudo sobre as
cidades na Amazônia, tendo a cidade de Altamira como referência no contexto de
sua atuação na rede urbana da região do Vale do Xingu. Atitude esta que
certamente não perderá de vista a lógica de construção e reprodução das cidades
como espaços de produção e reprodução do capital e de novos significados.
O professor finaliza
avaliando que as transformações vivenciadas na região como a abertura da
transamazônica e a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte têm levado Altamira
a um processo voraz de reestruturação. “A
principal e mais cara obra do governo brasileiro promove alterações rápidas a
dinâmica urbana local e altera de forma significativa o cotidiano das pessoas”,
poderá o prof. Marcel Padinha. A cidade estaria passando por um processo de
mudanças estruturais e conjunturais, onde se verifica a instalação de um ritmo
frenético das empresas envolvidas na construção de Belo Monte. Outras
alterações estariam ainda na dinâmica interurbana, expressa no aumento do
número de normas, pessoas e conflitos.
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