por Luiz Fernando Roscoche
Depois de mais de 30 dias de paralização e a
adesão de mais de 80% das Universidades Federais do Brasil o movimento de greve se fortalece com a
participação dos funcionários técnicos administrativos das universidades
federais que aderiram a greve. No Campus de Altamira a adesão dos técnicos à
greve se iniciou no dia 11 de junho.
Mesmo diante de tamanha mobilização em nosso
país e mídia brasileira resiste em divulgar esta e outras greves que estão
acontecendo em território nacional.
Governo
do PT diz que não negocia com trabalhadores em greve!
Segundo os sindicatos dos professores, o
governo não cumpriu suas promessas e tem se negado a negociar com os
manifestantes. No dia 31 de maio o governo teria prometido conversar com os
grevistas, porém, a reunião foi cancelada. Segundo o Ministro da Educação
Aloizio Mercadante o governo não negocia com trabalhadores “em greve”. De
acordo com o governo, há prazo para que as negociações sobre a reestruturação da
carreira, principal reivindicação dos docentes, seja concluída a tempo de ser
incluída no Orçamento de 2013. No dia 19 de junho foi marcada outra reunião
entre governo e grevistas, porém tal reunião foi cancelada como de
costume.
Segundo alguns grevistas o governo está
tentando ganhar tempo para não lançar a proposta no orçamento para 2013.
Pauta
Nacional de Greve
Os professores exigem uma carreira única com
incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5%
entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário
mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), e percentuais de
acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho.
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Professores em protesto em Brasília (DF) |
Os professores reclamam ainda da política de
expansão das universidades federais feitas pelo governo através do programa
Reuni. Segundo o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de
Ensino Superior), a expansão teria sido feita as pressas e provocado com isso
prejuízo para as condições de trabalho, com salas lotadas, excesso de
disciplinas e de orientações na graduação e na pós-graduação, ausência de
laboratórios e estrutura para pesquisa e extensão, e de uma política efetiva de
assistência estudantil. Na opinião dos professores, tal situação de
desvalorização do professor aliado a problemas infra-estruturais não impacta
somente professores e funcionários, mas também os alunos, que acabam tendo
prejuízos na qualidade da educação que recebem.
A
Greve em Altamira
Desde o dia 17/05 a os professores da
Universidade Federal do Pará, Campus de Altamira estão em greve e já realizaram
inúmeras atividades como reuniões manifestações públicas, reuniões, confecção
de pauta de greve local, etc.
Entre as reivindicações do Campus de
Altamira, os professores requerem abono de localidade, uma vez que com a
instalação do empreendimento de Belo Monte houve um aumento significativo do
custo de vida, fator esse que tem levado muitos técnicos e professores a pedirem
transferência do Campus de Altamira.
Na pauta de reinvindicações dos professores
consta ainda a solicitação de insalubridade em relação a malária. Segundo a
SESPA (2012), as áreas mais críticas de ocorrência de malária no Pará são o
centro da Ilha do Marajó, tendo como referência o município de Anajás, o trecho
da Transamazônica que vai de Tucuruí a Altamira e alguns municípios da região
de Marabá.
Outra solicitação dos professores é a Seguro
de Vida e Acidentes Pessoais em Atividades de Campo. Muitos professores
realizam viagens para trabalhos de campo ou aulas práticas ou se deslocam a
outros municípios para ministrar aulas. Outros professores trabalham com
agrotóxicos, animais peçonhentos e, no entanto, não possuem nenhum tipo de
seguro de vida ou de acidentes. Os professores dizem que somente os alunos
possuem seguro para atividades de campo ou nos estágios, mas aos docentes e
técnicos não existe nenhuma cobertura desse risco por parte da instituição.
Outra reinvindicação é a “Bolsa de
Interiorização” que visaria conceder um auxilio financeiro diferenciado que
incentive os professores que vem da capital ou de outras cidades para ministrar
disciplinas em Altamira. Atualmente muitos professores oriundos de outros
campis resistem em se deslocar para Altamira alegando que os valores das
diárias não são suficientes para cobrir as despesas.
Com relação à infraestrutura do Campus de
Altamira, os professores reivindicam um maior número de laboratório e salas de
aula, prédios para os cursos de Letras e Pedagogia, além da ampliação e
modernização da biblioteca. Segundo eles, o crescimento dos alunos tem sido
superior a capacidade da infraestrutura física e humana existente atualmente no
Campus. Outra preocupação é com a instalação de um muro em torno do Campus e um
maior número de guaritas garantindo assim maior segurança a comunidade
acadêmica e ao patrimônio da universidade.
A criação de uma escola de aplicação também
está entre as solicitações dos professores. Segundo eles dois terços dos cursos
existentes no Campus de Altamira são voltados para licenciaturas. Segundo a profa. Ivana de Oliveira “Uma
escola de aplicação em Altamira irá contribuir de modo significativo não só
para a melhoria na formação de nossos alunos de licenciatura, mas será ainda um
centro de excelência para a educação básica nesta região”.
Também, dentre as reivindicações dos
professores estão a criação de uma creche universitária que atenda os filhos de
professores e técnicos e da comunidade do entorno do Campus, a exemplo do que
acontece em outras instituições de ensino federal do pais. E finalmente,
fechando a pauta de exigências dos professores está a contratação de mais
professores e técnicos, pois segundo eles o aumento do número de alunos não foi
proporcional ao aumento de número de professores e técnicos sobrecarregando
assim os profissionais e prejudicando a qualidade do ensino.
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