terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Será que a água que você bebe está sendo tratada?*

Por: Grigório Dias da Anunciação -Acadêmico do Curso de Licenciatura em Geografia da UFPA


O abastecimento de água oferecido pela COSAMPA (Companhia de Saneamento do Pará) em Altamira é uma completa calamidade. Há mais de 40 dias os bairros da Liberdade, Nova Altamira, Brasília, Mutirão e Sudam II entre outros, estão sofrendo com as constantes falta de água. Isto acontece porque os gestores da Cosanpa, ao que parece, pensam que os materiais usados para fazer a sucção e limpeza dos filtros para abastecimento duram para sempre, pois não são enviados ao município em quantidades insuficientes ou simplesmente não o são. O sistema que abastece esses bairros, funcionam hoje como à 20 anos atrás, em conseqüência, os dois motores-bombas responsáveis pela sucção estão com os eixos empenados e rolamentos quebrados e sem peças de reposição,  além apresentarem constantes defeitos na parte elétrica. O gerente da Cosampa em Altamira Reinaldo Araújo Pereira, em entrevista a um jornal local por ocasião da visita da Senadora Marinor Brito, informou sobre a precariedade técnica da estação de águas que, hoje, não chega a atender nem sequer 30% dos cerca de 100 mil habitantes da cidade. Ocorre que a estação de “tratamento” não trata a água coletada. As águas do Xingu entram e saem dos tanques sem nenhuma filtragem ou adição de cloro ou flúor. Significa dizer que 100% da população de Altamira abastecida pela Cosampa, não recebem água potável em suas residências e que já enviou vários documentos à gerência regional em Santarém e a diretoria em Belém solicitando os materiais e bem como o envio de técnicos para realização dos serviços, mas nenhuma das solicitações foi atendida. Até agora, só promessas. Enquanto isso, o líquido que deveria levar saúde pode na verdade estar contaminando a população do município já que sem material e equipamentos não há como fazer um tratamento adequado da água que é oferecida para consumo. Basta olhar a cor da água que sai de nossas torneiras.
É preciso que se entenda que a qualidade da água é fundamental para o bem estar da população. Uma água de má qualidade pode causar sérios riscos à saúde humana. Segundo dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, 30% das mortes de crianças com menos de um ano de idade ocorrem por diarréia e 80% das enfermidades no mundo são contraídas por causa da água poluída. Vale então lembrar que 58% dos municípios do país não possuem estações de tratamento de água e esgoto (ETAs) e que apenas 8% tratam corretamente os seus esgotos, e no Estado do Pará, esses números caem pra quase zero.Cabe lembrar uma estatística da Organização Mundial de Saúde, órgão das Nações Unidas que para cada R$ 1 investido em saneamento básico, R$ 4 reais são economizados em saúde pública. Investir em tratamento de esgoto significa menores gastos com hospitais, menos filas em postos de saúde, menos crianças doentes, menos trabalhadores faltando em seus trabalhos.É uma pena que a visão míope de nossos governantes não compreendam a relação sistêmica entre as variáveis que compõem a vida em sociedade. Falar sobre qualidade da água é falar sobre saúde, qualidade de vida, trabalho, dignidade. Enquanto fala-se em alta tecnologia, investimento de milhões de reais em obras monumentais, a população morre por microorganismos que nem sequer podemos enxergar. A população padece com enfermidades que são a herança maldita transmitida de mandato à mandato.  

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