domingo, 20 de fevereiro de 2011

RESENHAS




RESENHAS
A Geografia serve antes de mais nada para fazer a Guerra
Sidney B. Sena. de Carvalho Balsys*
(Discente de Lic. em Geografia Intensivo)

O autor no subtítulo da obra, intitulado “Uma disciplina Simplória e Enfadonha”, apresenta uma visão inferida na sociedade sobre a geografia, na qual não passa de uma disciplina escolar e universitária, detentora de conhecimento empírico voltado para uma descrição do mundo, acrescido de conhecimento técnico construindo um pensamento preconcebido onde é “Uma disciplina maçante, mas antes de tudo simplória, pois como qualquer um sabe em geografia nada há para entender, mas é preciso memória”.
Após detalhar esse pensamento o autor desmonta esta reflexão, apresentando a geografia como detentora de poder e controle, oferecendo como exemplo a Guerra do Vietnã, onde o conhecimento geográfico é utilizado estrategicamente, e realizada uma destruição orquestrada de certos diques, sufocando assim toda a rede de interdependências essenciais, desenvolvidas em um dado espaço pelo inimigo.
Em outro trecho da obra, o autor evidencia dois tipos distintos de geografia, a que remonta tempos antigos e encontra-se até os nossos dias e a dos Estados-maiores, a qual é claramente percebida como estratégica pelas minorias dirigentes, que a utiliza como instrumento de dominação e poder, seja no campo militar, como da construção das redes sócio-espaciais e econômicas (ferrovias, valorização de terras, delimitação das áreas de exploração dos recursos naturais e etc.) A outra, se estabelece a partir do século XIX, que é conhecida como geografia dos professores, que se tornou um discurso ideológico no qual uma das funções inconscientes, é a de mascarar a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço.
No subtítulo um “Saber Estratégico em Mão de Alguns”, o autor constrói uma linha de pensamento, onde alguns Estados-maiores, deliberadamente controlam o conhecimento estratégico da
geografia, coordenando as massas segundo seus interesses próprios.
Discute-se dentro da mesma linha de pensamento, sobre os grupos que detém representatividade econômica, como as indústrias de grande porte, que se utilizam de conceitos e estratégias espaciais, impedindo, por exemplo, concentrações de classes trabalhadoras, retalhando os polos industriais em um espaço geográfico amplo, impedindo a criação do fluxo natural: formação de pensamentos coletivos → organização → reinvindicação.
Em suma, o olhar profundo, o entendimento da real utilização do espaço e as estratégias de controle do mesmo, está apenas no conhecimento do grupo minoritários que detém o poder, o resto da sociedade mesmo graduados, mestres e doutores em geografia estão presumidamente “moldados”, para não entender sua aplicabilidade.
Sobre está explanação, creio não representar mais os tempos atuais, até porque o próprio texto em questão figura-se como um clássico da ciência geográfica. Talvez não seja uma questão de conhecimento involuntário dentro da academia da geografia, mas sim uma questão que está atrelada ao próprio sistema de ensino. Este ultimo, coordena estrategicamente os assuntos a serem discutidos em sala de aula, reduz drasticamente a carga horária da geografia, bloqueando a formação do fluxo, formação de uma nova visão coletiva → organização da sociedade – educadores → reivindicação de um novo sistema de ensino.
Quero acreditar que as bases para uma mudança já estão sendo lançadas agora, na formação dos novos professores, a qual almejo fazer parte, esperando ajudar a desmontar o pensamento construído de uma geografia pouco prática e muito teórica, gerando alunos questionadores, quebrando o círculo da famosa: “decoreba”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário