quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O DESENVOLVIMENTO EM QUESTÃO –COMO ESTA IDÉIA PERMEIA O IMAGINÁRIO SOCIAL DE ALTAMIRA E REGIÃO

por Dra. Ivonete Coutinho (profa. da Faculdade de Letras)

Desde a década de sessenta quando o Governo Federal instaurou a operação Amazônica, cujo objetivo era integrar a região ao restante do país a fim de desenvolver o seu potencial econômico, que a premissa do desenvolvimento vem dando suporte às estratégias políticas e aos projetos socioeconômicos voltados para essa rica região Amazônica. E no que se refere ao estado do Pará destaca-se os consecutivos ciclos econômicos que marcaram/marcam a sua história, desde a exploração da borracha nas décadas de quarenta a cinquenta aos atuais projetos hidrelétricos como as usinas de Tucuruí e recentemente a UHE Belo Monte no rio Xingu.
Neste contexto observa-se a atual conjuntura do município de Altamira e região, aonde a palavra desenvolvimento vem tomando conta dos diversos discursos seja, no âmbito governamental , empresarial e também de grande parte da população: “desenvolvimento”- como ideia de liberdade e crescimento para todos. O desenvolvimento se constitui como uma espécie de crença compartilhada por todos, mesmo que esta crença incite uma série de práticas, em muitos casos, contraditórias, conforme mostram alguns estudos.
Para o Governo as práticas que levam ao desenvolvimento, quase sempre não correspondem às expectativas e as necessidades da população, apesar do discurso implementa do em prol do desenvolvimento se apresente como tentativa planificada racionalmente de melhorar a qualidade de vida da população.
Para os empresários o desenvolvimento está intrinsecamente ligado ao crescimento industrial, tecnológico e econômico, observando que este modelo de desenvolvimento se sustenta na tecnologia do consumo e na exploração dos recursos naturais de forma irracional e desumana em detrimento ao avanço capitalista.
A população em geral também almeja por desenvolvimento, entendido como sinônimo de melhor qualidade de vida e crescimento social. Das pessoas mais comuns aos mais “entendidos”, todos concebem o desenvolvimento como algo propício ao maior acesso a educação, a saúde, ao lazer, a moradia, aos bens de consumo, de modo a contribuir para o bem estar individual e social, a felicidade e a liberdade tão almejada por todas as pessoas.
No entanto, o que se vê ao longo da história socioeconômica da Amazônia é que os diversos projetos que foram empreendidos em nome do desenvolvimento dessa região, não passaram de ciclos econômicos efêmeros, anunciados por setores governamentais, grupos políticos e financeiros os quais veem a região Amazônica como fonte promissora de recursos naturais, propícia de ampliação de seus negócios, sejam de âmbito político ou financeiro. Enquanto isso, a população em geral usufrui pouco das prerrogativas anunciadas para implantação dos projetos desenvolvimentistas e que na maioria das vezes é quem sofre as maiores consequências e os danos provocados pelas estratégias e políticas de desenvolvimento.
Diante desta conjuntura, podemos nos perguntar qual o sentido de desenvolvimento que permeia o imaginário de Altamira no contexto atual? Ressaltando que o imaginário social alimenta tudo o que se faz ou se pensa e vem precedido pelas significações que essa sociedade produz e reproduz através dos aparelhos ideológicos do Estado, conforme argumenta Louis Althusser.
Na esteira dessa discussão questionamos como o povo dessa região está digerindo ou participando do processo desenvolvimentista proclamado para a construção de UHE Belo Monte, que por sua vez está sendo sobreposto pela discussão política para divisão do Estado do Pará? Claro, tudo em nome do desenvolvimento! E que imaginário social está sendo produzido para sustentar tal concepção de desenvolvimento?
Dar para se imaginar...
Profa. Ivonete Coutinho
Faculdade de Letras

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