terça-feira, 6 de março de 2012

ALTAMIRA SITIADA

            por Grigório Dias da Anunciação - Acadêmico de Licenciatura em Geografia da UFPA
A sociedade altamirense, atualmente, vem sendo atormentada pela expansão rápida e diversificada das ações criminosas, provocando, o aumento do medo e da insegurança, o que contribui consideravelmente para uma crescente angústia social.
A criminalidade se ampliou, se multiplicou, se transformou e hoje se apresenta de maneira diferenciada no cenário local, de modo que mesmo o poder público parece não ter condições necessárias de contrapor a nova realidade vigente e menos ainda de compreender as suas metamorfoses e as suas novas composições. A criminalidade do fim do Século XX se caracteriza por ser complexa, e é esta característica que pode direcionar a forma precisa e eficiente de combatê-la ou controlá-la. Esta complexidade reflete-se na forma de atuar, na facilidade de desterritorialização e de reterritorialização, se apropriando do que podemos chamar de a idéia central da globalização - o crime em rede. O tráfico de drogas, por exemplo, se expandiu de tal forma que se tornou uma questão de saúde publica, obrigando os estados a se unirem para combatê-lo. 
Quem ou o que causa a violência? A resposta mais comum, hoje no nosso município, tende a ser o tráfico de drogas e segundo o Relatório da Organização Mundial da Saúde sobre violência e saúde de 2002, 80% dos crimes que ocorrem nos grandes centros são frutos, direta ou indiretamente, do narcotráfico e Altamira não foge a essa realidade. Outros tendem a encontrar sua gênese em fatores diversos como a miséria, a desigualdade econômica, a injustiça social, o baixo nível de instrução, a perda de valores, a baixa qualificação dos profissionais em segurança publica, o enfraquecimento e a dissolução da família, a impunidade, o inchaço das cidades pelo êxodo rural, etc. É essa pluralidade, que com freqüência, termina sendo motivo de inação por parte do Estado. Quando existem inúmeros fatores que desencadeiam a violência urbana, como sanar este problema? Assim como é importante determinar também a quem cabe, na esfera pública, dar uma resposta, ou seja, quem deve fixar as prioridades da ação governamental? Ao governo estadual, que, pela Constituição de 1988, é o responsável pela segurança pública? Ao município, que detém um conhecimento melhor da realidade local? Ao Governo Federal que, muitas vezes pode impor as suas razões em virtude da capacidade orçamentária e um maior aparelho repressivo como as Forças Armadas, Força Nacional, Policia Federal, etc.?
 Como regra geral, na falta de diagnóstico consensual, a resposta da autoridade pública ao incremento da violência tende a ser o aumento da capacidade de repressão. Com freqüência, este tipo de iniciativa como, por exemplo, colocar mais policiais na rua é posta como "ação preventiva". Mas há um limite prático para esta capacidade repressiva. Para que seja eficaz é preciso entender e buscar as causas para poder agir de forma verdadeiramente preventiva atuando na conscientização dos cidadãos de maneira que o crime não ocorra, e não simplesmente agir as cegas sem conseguir resolver o problema. O combate eficiente a essa nova criminalidade, cada vez mais complexa e sofisticada tecnologicamente, requer um modelo igualmente complexo, composto não apenas por organismos policiais integrados, mas principalmente de elementos que poderão servir de base de apoio para se alcançar a meta desejada, como uma polícia inteligente e ferramentas tecnológicas de trabalho, no mínimo, á altura das usadas pela criminalidade. É necessário construir um conhecimento dessa nova realidade altamirense, para que os órgãos envolvidos na Segurança Pública possam planejar, adequadamente, suas ações com informações de qualidade, que reflitam a realidade criminal do município, relacionado-as, inclusive, com seus aspectos sociais e econômicos que tanto tem se modificado por ocasião da implantação desse grande empreendimento.

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