por Luiz Fernando Roscoche
Aumento do número de
religiões e migração de uma religião para outra é o que revela entre outras
coisas o Censo do IBGE de 2010.
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No que se refere ao nível de ensino dos católicos, 6,8%
deles possuem pessoas com 15 anos ou mais de idade sem instrução. Em relação ao
ensino fundamental incompleto, os católicos possuem 39,8% dos seus fiéis nesse
nível de instrução.
Segundo o IBGE, os católicos e os sem religião
foram os grupos que tiveram os maiores percentuais de pessoas de 15 anos ou
mais de idade não alfabetizadas (10,6% e 9,4%, respectivamente).
A comparação da distribuição das pessoas de 10 anos
ou mais de idade por rendimento mensal domiciliar per capita revelou que 55,8%
dos católicos estavam concentrados na faixa de até 1 salário mínimo.
Enquanto o número de
católicos está caindo o número de evangélicos apresenta crescimento passando de
6,6% em 1980, 9% em 1991, 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010. Entre aqueles que
se declararam evangélicos 60,0% eram de origem pentecostal, 18,5%, evangélicos
de missão e 21,8 %, evangélicos não determinados. Em relação aos evangélicos, a
maior concentração estava em Rondônia (33,8%), e a menor no Piauí (9,7%). No
que se refere a faixa etária dos evangélicos, as crianças entre 5 a 9 anos
representam 25,8% e os adolescentes entre 10 e 14 anos 25,4%. Já quando o
quesito religião é cruzado com a variável raça, verifica-se que entre os
evangélicos, a maior proporção era de pardos (45,7%).
Os resultados do Censo 2010 indicam importante
diferença dos espíritas para os demais grupos religiosos no que se refere ao
nível de instrução. Este grupo religioso possui a maior proporção de pessoas
com nível superior completo (31,5%) e as menores percentagens de indivíduos sem
instrução (1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%). No que tange o
rendimento, verificou-se que entre as pessoas de 10 anos ou mais de idade que
tinham o rendimento mensal domiciliar per capita de até 1 salário mínimo, os evangélicos
pentecostais foi o grupo com a maior proporção de pessoas nessa classe de
rendimento (63,7%), seguidos dos sem religião (59,2%).
Entre os espíritas, que passaram de 1,3% da
população (2,3 milhões) em 2000 para 2,0% em 2010 (3,8 milhões), o aumento mais
expressivo foi observado no Sudeste, cuja proporção passou de 2,0% para 3,1%
entre 2000 e 2010. O estado com maior proporção de espíritas era o Rio de
Janeiro (4,0%), seguido de São Paulo (3,3%), Minas Gerais (2,1%) e Espírito
Santo (1,0%). Este grupo religioso possui a maior proporção de pessoas com
nível superior completo (31,5%) e as menores percentagens de indivíduos sem
instrução (1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%). Os não
alfabetizados no espiritismo perfazem apenas 1,4%.
No que se refere a faixa etária os espiritas a
maior proporção se encontra no grupo entre 50 e 59 anos (3,1%). Entre os
espíritas, 68,7% eram brancos, percentual bem mais elevado que a participação
deste grupo de cor ou raça no total da população (47,5%). No que se refere ao
rendimento os espiritas apresentam as melhores condições econômicas entre todas
as religiões pesquisadas. Mais de 13% dos espiritas possuem rendimento entre 5
a 10 salários mínimos per capita e 7% recebe mais de 10 salários mínimos. Ou
seja, 20% dos espiritas recebem entre 5 ou mais de 10 salários mínimos per
capita enquanto os católicos e sem religião somam respectivamente 6%. Já os
evangélicos nessa faixa salarial somam apenas 3%, bem abaixo dos sem religião e
dos umbandistas e outras religiões que totalizam 7%.
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Ao contrário do que muitos especialistas previam,
nossa sociedade não vem abandonando a religião em detrimento da ciência como se
pensava, em alguns casos as religiões fundamentalistas, que pregam limites até
mesmo para o comportamento de seus fiéis tem crescido significativamente. Já
outras religiões tradicionais começam a perder espaço para novas religiões mais
pragmáticas e imediatistas, e que se utilizam de uma linguagem clara e direta
aos seus fiéis. Outra grande tendência é as pessoas não possuírem religião, que
não é o mesmo que ser ateu. Muitas pessoas acabam montando seu conjunto de
valores extraídos de várias religiões para seguir, embora não frequentem ou
sigam rigorosamente uma ou outra religião. A palavra fiel nesse contexto talvez
deva ser melhor avaliada uma vez que as pessoas sem religião e mesmo muitas que
possuem religião tem laços de fidelidade muito frágeis ou inexistentes.
As mudanças quantitativas verificadas pelo IBGE não
são suficientes para explicar muitos questionamentos subjacentes que se
encontram nessa temática. Tal tema deveria ser melhor estudado, seja por antropólogos,
sociólogos, geógrafos, psicólogos e outros profissionais que possuem bagagem
teórica para analises qualitativas desse fenômeno e assim explicar a razão de
tantas mudanças nas religiões no Brasil. Quais as variáveis que interferem para
que uma pessoa opte por uma religião ou ainda as motivações para que essas
mudem de religião? Essas mudanças de religião são de cunho individual ou
coletivo? A Economia ou a mídia contribuem para que essas mudanças ocorram?
Qual é o papel das religiões em nossa sociedade atual. Essas são algumas
perguntas fundamentais que ajudariam a explicar a dinâmica das religiões em
nosso país.
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