quinta-feira, 28 de junho de 2012

UNIVERSIDADES FEDERAIS EM GREVE


por Luiz Fernando Roscoche

Depois de mais de 30 dias de paralização e a adesão de mais de 80% das Universidades Federais do Brasil o  movimento de greve se fortalece com a participação dos funcionários técnicos administrativos das universidades federais que aderiram a greve. No Campus de Altamira a adesão dos técnicos à greve se iniciou no dia 11 de junho. 
Mesmo diante de tamanha mobilização em nosso país e mídia brasileira resiste em divulgar esta e outras greves que estão acontecendo em território nacional.

Governo do PT diz que não negocia com trabalhadores em greve!
Segundo os sindicatos dos professores, o governo não cumpriu suas promessas e tem se negado a negociar com os manifestantes. No dia 31 de maio o governo teria prometido conversar com os grevistas, porém, a reunião foi cancelada. Segundo o Ministro da Educação Aloizio Mercadante o governo não negocia com trabalhadores “em greve”. De acordo com o governo, há prazo para que as negociações sobre a reestruturação da carreira, principal reivindicação dos docentes, seja concluída a tempo de ser incluída no Orçamento de 2013. No dia 19 de junho foi marcada outra reunião entre governo e grevistas, porém tal reunião foi cancelada como de costume. 
Segundo alguns grevistas o governo está tentando ganhar tempo para não lançar a proposta no orçamento para 2013.

Pauta Nacional de Greve
Os professores exigem uma carreira única com incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), e percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho.
Professores em protesto em Brasília (DF)
Os professores reclamam ainda da política de expansão das universidades federais feitas pelo governo através do programa Reuni. Segundo o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), a expansão teria sido feita as pressas e provocado com isso prejuízo para as condições de trabalho, com salas lotadas, excesso de disciplinas e de orientações na graduação e na pós-graduação, ausência de laboratórios e estrutura para pesquisa e extensão, e de uma política efetiva de assistência estudantil. Na opinião dos professores, tal situação de desvalorização do professor aliado a problemas infra-estruturais não impacta somente professores e funcionários, mas também os alunos, que acabam tendo prejuízos na qualidade da educação que recebem. 

A Greve em Altamira
Desde o dia 17/05 a os professores da Universidade Federal do Pará, Campus de Altamira estão em greve e já realizaram inúmeras atividades como reuniões manifestações públicas, reuniões, confecção de pauta de greve local, etc.
Entre as reivindicações do Campus de Altamira, os professores requerem abono de localidade, uma vez que com a instalação do empreendimento de Belo Monte houve um aumento significativo do custo de vida, fator esse que tem levado muitos técnicos e professores a pedirem transferência do Campus de Altamira. 
Na pauta de reinvindicações dos professores consta ainda a solicitação de insalubridade em relação a malária. Segundo a SESPA (2012), as áreas mais críticas de ocorrência de malária no Pará são o centro da Ilha do Marajó, tendo como referência o município de Anajás, o trecho da Transamazônica que vai de Tucuruí a Altamira e alguns municípios da região de Marabá.
Outra solicitação dos professores é a Seguro de Vida e Acidentes Pessoais em Atividades de Campo. Muitos professores realizam viagens para trabalhos de campo ou aulas práticas ou se deslocam a outros municípios para ministrar aulas. Outros professores trabalham com agrotóxicos, animais peçonhentos e, no entanto, não possuem nenhum tipo de seguro de vida ou de acidentes. Os professores dizem que somente os alunos possuem seguro para atividades de campo ou nos estágios, mas aos docentes e técnicos não existe nenhuma cobertura desse risco por parte da instituição.
Outra reinvindicação é a “Bolsa de Interiorização” que visaria conceder um auxilio financeiro diferenciado que incentive os professores que vem da capital ou de outras cidades para ministrar disciplinas em Altamira. Atualmente muitos professores oriundos de outros campis resistem em se deslocar para Altamira alegando que os valores das diárias não são suficientes para cobrir as despesas.
Com relação à infraestrutura do Campus de Altamira, os professores reivindicam um maior número de laboratório e salas de aula, prédios para os cursos de Letras e Pedagogia, além da ampliação e modernização da biblioteca. Segundo eles, o crescimento dos alunos tem sido superior a capacidade da infraestrutura física e humana existente atualmente no Campus. Outra preocupação é com a instalação de um muro em torno do Campus e um maior número de guaritas garantindo assim maior segurança a comunidade acadêmica e ao patrimônio da universidade.
A criação de uma escola de aplicação também está entre as solicitações dos professores. Segundo eles dois terços dos cursos existentes no Campus de Altamira são voltados para  licenciaturas.  Segundo a profa. Ivana de Oliveira “Uma escola de aplicação em Altamira irá contribuir de modo significativo não só para a melhoria na formação de nossos alunos de licenciatura, mas será ainda um centro de excelência para a educação básica nesta região”.
Também, dentre as reivindicações dos professores estão a criação de uma creche universitária que atenda os filhos de professores e técnicos e da comunidade do entorno do Campus, a exemplo do que acontece em outras instituições de ensino federal do pais. E finalmente, fechando a pauta de exigências dos professores está a contratação de mais professores e técnicos, pois segundo eles o aumento do número de alunos não foi proporcional ao aumento de número de professores e técnicos sobrecarregando assim os profissionais e prejudicando a qualidade do ensino.

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